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A ARTE DE REPREENDER
Por definição, falta experiência às crianças. É
papel dos pais alertá-las sobre os perigos que podem correr. Mas, os
brados de alerta incessantes e desproporcionados acabam por embotar a
atenção e a sensibilidade; e quando houver perigo real a prevenir, a
intervenção dos pais não será então levada a sério.
• Há dois excessos a evitar em matéria de educação:
o que consiste em jamais intervir — o “deixa-fazer”, o “deixa-passar” — ou
a política dos olhos fechados: “Faze o que te agrada e deixa-me em paz”,
política de demissão que pode culminar em consequências catastróficas; ou
então, o excesso que consiste em intervir a cada instante por bagatelas.
A verdade, como sempre, está no meio-termo. A criança precisa da
ajuda do adulto e mesmo, quando é pequena, essa ajuda pode consistir numa
espécie de adestramento incessante: a lembrança de uma dor (palmada ou ralho)
relativa a um gesto ou a uma atitude repreensível.
• Os bons exemplos e os estímulos ao bem nem
sempre bastam em educação. A criança não nasce perfeita. Há
nela tendências anárquicas e às vezes, quando menos se espera, pode
manifestar um caráter ciumento, autoritário, independente, associal, etc... É,
por conseguinte, normal que papai e mamãe canalizem, orientem no bom
sentido as jovens forças vivas, por uma repreensão que, bem dosada, bem
adaptada, aplicada a tempo, contribuirá para que a criança toque com o
dedo as fronteiras do bem e do mal, do justo e do injusto, numa palavra,
para formar o seu julgamento moral.
• Uma advertência, para ser eficaz, deve ser breve
e rara. Se assume o ar de cena, de gritos intervalados ou superagudos,
perde todo o efeito. A princípio amedrontada, mas logo indiferente, a
criança deixará passar a tempestade à custa de nossa autoridade, mas
também à custa da formação de sua consciência, porque uma consciência não
se forma sozinha.