sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A alma unida

Nota do blogue:   Com este post encerro este especial, ver o livro todo AQUI. Por favor, peço que algum(a) leitor(a) advogado(a) que entenda sobre direitos autorais entre em contato comigo. Pretendo colocar esse livro no mercado e tenho algumas dúvidas. Por caridade.
Email: agrandeguerra@gmail.com

Saudações,
Letícia de Paula

Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus



Como é que as almas absorvidas na Divindade chegaram ao termo da bem-aventurança? Atravessaram as trevas, caminharam com perseverança durante a noite; procuram pacientemente a verdade e ouviram o Verbo; e guardaram fidelidade às Suas inspirações. «E Jesus, voltando-se para trás, e vendo que o seguiram, disse-lhes: Que buscais? Eles disseram-lhe: Mestre, onde habitas? E ele disse-lhes: Vinde e vede. Foram, e viram onde habitava, e ficaram lá com Ele» (João, I, 38-39).
Elas conversaram com o Filho de Deus: estudaram junto dele. «Senhor, sabemos que sois o Mestre vindo de Deus! (João, III, 2). Aceitaram docilmente a sua doutrina, e a cada uma delas Jesus disse: «Não te maravilhes de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me acreditais, como me acreditareis se vos falar das celestes?» (João, III, 7 e 12). Estas almas acreditaram nele; Ele falou-lhes do céu. «O Pai ama o Filho e pôs todas as coisas na sua mão. O que crê no Filho tem a vida eterna» (João, III, 35-36).
Mostrando que queriam fazer o que Ele ordenava, encontraram nele não o rigor dum juiz, mas a delicadeza da misericórdia dum Deus.
Seguiram-no na via dolorosa, às vezes com excessiva solicitude, a maior parte das vezes com demasiada lentidão. Mas nunca deixaram de O seguir. Ele deu-lhes coragem: com suprema delicadeza, ajudou-as nas dificuldades, acompanhando-as em todos os seus passos e mostrando-lhes sempre o caminho. «Pois que, porque ele mesmo sofreu e foi tentado, é que pode socorrer aqueles que são tentados» (Hebr., II, 18).

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

La vida interior

Robert de Langeac
La vida oculta en Dios


Nuestra Señora del Monte Carmelo es la Patrona de la vida interior, la Virgen que nos aparta de la muchedumbre y nos lleva dulcemente hacia esas cumbres donde el aire es más puro, el cielo más claro, Dios está más próximo... y en lãs que transcurre la vida de intimidad con Dios.
Según San Gregorio el Magno, la vida contemplativa y la vida eterna no son dos cosas diferentes, sino una sola realidad; una es la aurora, la otra el mediodía. La vida contemplativa es el principio de la dicha eterna, su saboreo anticipado. Que la Reina del cielo nos conceda, pues, la gracia de comprender el estrecho vínculo que une esas dos vidas para vivir aquí abajo como si estuviéramos ya en el cielo.
Un alma interior es un alma que ha encontrado a Dios en el fondo de su corazón y que vive siempre con Él.
Dios está en el fondo del alma, pero está allí escondido. La vida interior es como una eclosión de Dios en el alma.
Mantengámonos en el centro de nuestra alma, en ese punto preciso desde el que podemos vigilar todos sus movimientos, para detenerlos o dirigirlos, según lós casos.
Vivamos o de Dios o para Dios, pero repitámonos que no se obra del todo para Dios sino cuando ya no se hace absolutamente nada para uno mismo. Se obra entonces porque Dios lo quiere, cuando Él quiere y como Él quiere, por estar siempre unidos en el fondo con Aquel de quien uno no es más que um dichoso instrumento.
Dos cosas hacen falta para llegar a la perfección y a la íntima unión con Dios: tiempo y paz.
Lo que da valor a los actos reflexivos del hombre es la unión a Dios por La caridad. Cuanto más profunda es esa intimidad, más valor de eternidad tienen sus frutos.
Un alma cuya mirada interior, afectuosa y humilde, está siempre fija en Dios, obtiene de Él cuanto quiere.
Entre un alma recogida, desligada de todo, y Dios, no hay nada. La unión se realiza por sí misma. Es inmediata.
El tiempo pasa; siempre se ama a Dios demasiado poco y muy tarde.
¡Qué delicado eres en tus afectos, Dios mío! Tienes en cuenta lo que de legítimamente personal hay en nosotros, y tratas al alma que amas como si en El mundo no hubiera otra cosa que ella y Tú.
Creer es comulgar en la ciencia de Dios: Él ve; nosotros creemos en su palabra de testigo.
En la fe, Dios habla; por la esperanza, Dios ayuda; en la caridad, Dios se da, Dios colma.
Elevaos hacia Dios constantemente. Dejad en tierra a la tierra. Vivid poco con lós demás." menos todavía con vosotros mismos, pero lo más posible, si no en Dios, por lo menos cerca de Él.
Cuando en el fondo de vuestra alma oigáis, dos voces contradictorias, conviene que escuchéis generalmente a la que habla más bajo. En todo caso, ésa es la que pide más sacrificios. ¡Y tiene tanto valor el sufrimiento bien entendido! Desliga y aproxima a Dios.

Santa Rosa de Lima

Fonte: Escravas de Maria


30/08 Quinta-feira
Festa de Terceira Classe
Paramentos Brancos


Santa Rosa de Lima nasceu em Lima30 de abrilQuives, provínci capital do Peru, no ano de 1586, coincidentemente no mesmo ano da aparição da Virgem Santíssima na cidade de Chiquinquira. Isabel Flores y de Oliva é o seu nome de batismo, mas sua mãe, ao ver aquele rosto rosado e belo, começou a chamá-la de Rosa, nome com a qual ficou conhecida ao que ela acrescentou o de Maria. É primeira santa da América e padroeira do Peru e da América. Nascida em a de Lima no ano de 1586, era descendente de conquistadores espanhóis. Seu nome de batismo era Isabel Flores y Oliva, mas a extraordinária beleza da criança motivou a mudança do nome de Isabel para Rosa. Seus pais eram Gaspar de Flores, espanhol arcabuz do Vice-Rei e Maria Oliva, limenha. Era a terceira dos onze filhos do casal.

Seus pais antes ricos tornaram-se pobres devido ao insucesso numa empresa de mineração e ela cresceu na pobreza, trabalhando na terra e na costura até altas horas da noite para ajudar no sustento da família. Cultivava as rosas de seus próprio jardim e as vendia no mercado e por isso é tida como patrona das floristas. Diz-se que tangia graciosa a viola e a harpa e tinha voz doce e melodiosa. Além de muito bela, Rosa era tida como a moça mais virtuosa e prendada de Lima. Foi pretendida pelos jovens mais ricos e distintos de Lima e arredores, mas a todos rejeitou, por amar a Cristo como esposo. Em idade de casar, fez o voto de castidade e tomou o hábito da Ordem Terceira Dominicana, após lutar contra o desejo contrário dos pais. Construiu uma cela estreita e pobre no fundo do quintal da casa dos pais e começou a ter vida religiosa, penitenciando seu corpo com jejuns e cilícios dolorosos e conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata guarnecido com fincos, semelhante a uma coroa de espinhos. Foi extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença. Segundo os relatos de seus biógrafos e dos amigos que a acompanharam, dentre eles seu confessor Frei Juan de Lorenzana, por sua piedade e devoção Santa Rosa recebeu de Deus o dom dos milagres. Era constantemente visitada pela Virgem Maria e pelo Menino Jesus, que quis repousar certa vez entre seus braços e a corou com uma grinalda de rosas, que se tornou seus símbolo. Também é afirmado que tinha constantemente junto a si seu Anjo da Guarda, com quem conversava. Ainda em vida lhe foram atribuídos muitos favores; milagres de curas, conversões, propiciação das chuvas e até mesmo o impedimento da invasão de Lima pelos piratas holandeses em 1615.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

de Murcia - Baroque Guitar Music: Jacaras por la E, La Jota (1/9)


Una hermosa poesía

Fonte: En Gloria y Majestad

Nota del Blog: Aunque esta bella poesía es para las Pascuas, sin emabrgo, habiéndo dado con ella hace muy poco, no podemos esperar hasta el año que viene para publicarla.
   Esta pieza apareció en la Revista Bíblica de Straubinger, año 1950, pag. 17. La traducción es de Juan Ruta.

G. von Le Fort

PASCUA

Oí una voz en la noche;
voz grande como el aliento de la tierra,
la cual dijo:
“¿Quién quiere llevar la corona del Salvador?”
Y mi amor habló y dijo: “Señor, yo la llevaré”.
Y llevaba la corona en mis manos,
y mi sangre corrió sobre mis dedos heridos por negras espinas.

Volvió a hablar la voz y dijo:
“Debes llevar la corona sobre la cabeza”.
Mi amor contestó: “Sí, la llevaré”.
Entonces coloqué la corona sobre mi frente;
y cayó sobre ella un rayo de luz,
blanco como el agua de los montes.

La voz continuó hablando y dijo:
“Mira, las negras espinas han florecido”.
Entonces la luz fluyó de mis sienes,
Se hizo ancha como una corriente de agua,
y llegó a mis pies.
Estremecida de miedo, pregunté:
“Señor, ¿dónde quieres que lleve la corona?”.

Y la voz respondió: “Llévala a la vida eterna”.
Yo dije: “Señor, es una corona de sufrimientos;
déjame morir de ella”.
Pero la voz contestó: “-¿No sabes que el dolor es inmortal?
Yo he transfigurado lo que no muere”.
¡Cristo ha resucitado!


Gertrud von Le Fort

domingo, 26 de agosto de 2012

Senhor, deixa-me ver o meu pecado!

Abel Correia Pinto (Franciscano)
Bem-aventurados os pobres


Senhor, deixa-me ver o meu pecado! Fita-me com os mesmos olhos com que me viste na noite da Agonia e da Flagelação e do Alto da Cruz, ao expirar. Alumia-me por dentro! Morra embora de paixão, consente-me a descoberta do que fui e daquele que devia ter sido. Peço-Vos! Pelas sete espadas de Maria! Pelas dores de Paulo e de Francisco de Assis!
... Que é o meu pecado?
Na tarde do primeiro crime, andava a Mãe Eva à busca de Abel. O coração pressagiava-lhe qualquer coisa de inaudito, de insólito, de horrendo.
- Onde estará o meu filho? Onde?!
Ao passar entre duas fragas, oculto em ramagens, que vê? Abel dorme ... Dormia? ... E aquele sangue? e aquela rigidez? e aquele frio?
- Meu Deus que quer isto dizer? que vejo eu?
- A Morte! responde-lhe na alma voz bem conhecida.
- E que é a Morte?
- O teu pecado! ...
O pecado é morte.
A breve expressão encerra um mundo: mundo que Deus não criou, mundo misterioso como o universo ao revés, universo de sombra, de ilogismo, de mentira; invenção do homem revoltado contra o seu Deus; caos semeado na Ordem; firmamento negro de constelações satânicas; caverna funda onde redemoinham serpentes; jardim da soberba, da avareza, da luxúria, da inveja, da intemperança, que, ao abrir, floresce no ódio, na guerra, na enfermidade, na morte!
Há momentos propícios na aprendizagem do mistério; quando percorremos de avião a amplidão dos continentes, atravessamos de barco a imensidade dos mares, voamos de estrela a estrela nas asas da imaginação, ou assistimos duma colina à vida rumorejante dos seres circunvizinhos, se, abismando-nos em nós próprios e olhando a multiplicidade das coisas, dizemos refletidamente: só o homem é capaz de pecar!...
Os elementos não pecam. As árvores não pecam. Os irracionais não pecam.
Sem dúvida, consoante diz S. Paulo, toda a natureza geme no pecado; mas porque o homem, rei da criação, a constrange, a violenta, desvirtuando-lhe os fins. A projeção cósmica da culpa é obra do homem, pois só o homem é pecador.
O pecado implica necessariamente a pessoa. É a afirmação dum ser livre, autônomo, consciente do próprio destino, cuja sorte lhe incumbe.
O puro reflexo orgânico ou passional, enquanto a pessoa o não aceita, não é pecado. Com mais razão, a doença ou desgraça mental. Só pode pecar o homem como tal, apto a assumir responsabilidades, centro de imputabilidade, o homem no pleno exercício das suas funções sacerdotais.
«Mas os filhos de Heli eram uns filhos de Belial que não conheciam o Senhor nem as obrigações de sacerdotes», porque roubavam das vítimas oferecidas pelo povo o melhor bocado para si. E o Senhor os desprezou e ambos morreram no mesmo dia...
Corpo e alma, consciência e liberdade, o homem é, por definição, um sacerdote; o traço de união entre o Céu e a terra.
Tudo lhe foi dado: Omnia vestra sunt; porém ele não se pertence: autem Christi. Eco no tempo do Verbo-louvor, do Pai eterno, do Filho Unigênito.
Para este fim, o Criador o constituiu pessoa.
Pecado é toda a ação, pensamento ou desejo, pelos quais o homem desvia deliberadamente para si o que, de verdade, é propriedade de Deus.
E, por isso, o pecado é morte. Ao preferir um prazer que vai esterilizar a minha vida mais pessoal, ao desviar o poder de me determinar ao Sumo Bem, atinjo-me, firo-me no mais íntimo de mim mesmo. A minha atividade e a minha vida deixam de ser atraídas pelo que era a minha razão de ser. 

sábado, 25 de agosto de 2012

São Luís, Rei e Confessor

Fonte: Escravas de Maria

25/08 Sábado
Festa de Terceira Classe
Paramentos Brancos


São Luís nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilómetros de Paris, a 25 de Abril de 1214 ou 1215, dia de procissões solenes do dia de São Marcos. A sua infância terá sido influenciada pela figura do seu pai que, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França. 

Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja. Com a morte do seu pai em 8 de Novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches, bispo de Soissons, em 30 de Novembro do mesmo ano. No dia 27 de maio de 1235, pouco depois de completar 20 anos, casou-se com Margarida, filha mais velha de Raimundo Béranger, Conde de Provence e de Forcalquier, e de Beatriz de Sabóia.

A educação dos filhos, ou os deixam, sem maior preocupação, aos cuidados de governantes, São Luís chamava pessoalmente a si o cuidado de instruí-los, imprimindo-lhes na alma o desprezo pelos prazeres e vaidades do mundo e o amor pelo soberano Criador. Ele os exercitava normalmente à noite, após as horas Completas, quando os fazia vir a seu quarto a fim de ouvir as suas piedosas exortações. Ensinava-lhes, além disso, a rezar diariamente o Pequeno Ofício de Nossa Senhora, obrigava-os a assistir às Missas de preceito, e  incutia-lhes a necessidade da mortificação e da penitência. Às sextas-feiras, por exemplo, não permitia que portassem qualquer ornamento na cabeça, porque foi o dia da coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda hoje existem os manuscritos das instruções por ele deixadas à sua filha Isabel, Rainha da Navarra: são tão santas e cheias do espírito de Nosso Senhor, que nenhum diretor espiritual, por mais esclarecido que seja, seria capaz de apresentar outras mais excelentes.

Se for notório seu zelo em extirpar a libertinagem no reino de França, o que dizer de seu empenho em relação ao extermínio da heresia e ao estabelecimento da Fé e da disciplina cristã? Para isso tomou-se de grande afeição pelos religiosos de São Domingos e de São Francisco, a quem ele via como instrumentos sagrados dos quais a Providência queria se servir para a salvação de uma infinidade de almas resgatadas pelo precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele os convidava com certa freqüência para jantar, sobretudo São Tomás de Aquino e São Boaventura, dois luzeiros a iluminar o firmamento da Santa Igreja a partir da Idade Média.



Participou da Sétima Cruzada e da Oitava Cruzada, tendo morrido no decurso desta última, o que influenciou em grande medida a sua posterior canonização no reinado do seu neto Filipe o Belo. Poitiers e a sua esposa Joana de Toulouse morreriam no intervalo de três dias, na Itália. 

O corpo do rei foi levado para França pelo seu filho e sucessor Filipe, com excepção das entranhas: algumas destas foram enterradas na atual Tunísia, onde ainda é possível hoje em dia visitar um túmulo de São Luís; outras foram destinadas à abadia de Monreale, na Sicília, a pedido do seu irmão Carlos I da Sicília.
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Epistola
Sabedoria 10,10-14      
                                                                                                                 
 10.foi ela que guiou por caminhos retos o justo que fugia à ira de seu irmão; mostrou-lhe o reino de Deus, e deu-lhe o conhecimento das coisas santas; ajudou-o nos seus trabalhos, e fez frutificar seus esforços;11.cuidou dele contra ávidos opressores e o fez conquistar riquezas;12.ela o protegeu contra seus inimigos e o defendeu dos que lhe armavam ciladas; e no duro combate, deu-lhe vitória, a fim de que ele soubesse quanto a piedade é mais forte que tudo.13.Ela não abandonou o justo vendido, mas preservou-o do pecado.14.Desceu com ele à prisão, e não o abandonou nas suas cadeias, até que lhe trouxe o cetro do reino e o poder sobre os que o tinham oprimido; revelou-lhe a mentira de seus acusadores, e conferiu-lhe uma glória eterna.

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Evangelho
São Lucas 19,12-26 

12.Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar.13.Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar.14.Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós.15.Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado.16.Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas.17.Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.18.Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas.19.Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades.20.Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço;21.pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.22.Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei...23.Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros.24.E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.25.Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!...26.Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

União Divina

Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus



            É ao próprio Deus que o homem se deve unir para realizar o seu destino. Se pudermos atingir o ponto mais alto do ser e a sua causa primeira, vamos porventura perder tempo com desejos mesquinhos? Para atingirmos a nossa pátria é necessário perdermo-nos no bem supremo: dirijamos desde já para Ele todas as nossas ações, e que a nossa alma respire finalmente o seu elemento natural. À medida que reconhecemos a vontade de Deus em todas as coisas, e que acostumamos a nossa vontade a consentir nela, vemos diminuir em nós a necessidade das coisas criadas, até que delas nos libertamos definitivamente. Uma alegria essencial, que reside no fundo da alma, tira todo o atrativo aos bens acidentais.
Porque a verdade, a luz divina, dá a cada objeto o seu verdadeiro valor. Uma vez encontrado o seu centro divino, a alma deixa de oscilar entre o desejo e o temor: ela conhece agora o puro equilíbrio do amor. Sabe que a união com Deus é inseparável da calma e dum profundo silêncio da vontade própria; por isso tem o cuidado de evitar tanto a solicitude como a negligência.
Non in commotione Dominus (III Reis, XIX, 11).
            A verdade, aceita primeiro com humildade e simplicidade pela fé, e vivida na paciência quotidiana, torna-se agora evidente: a alma pode saboreá-la sem intermediários, na experiência do amor. Gustate et videte quoniam suavis est Dominus. - «Provai e vede como o Senhor é doce!» (Salmo XXXIII, 9).
            A submissão ao que Deus nos ordena eleva-nos continuamente para Ele: a humildade exalta-nos e permite-nos olhar livremente, do alto das perspectivas da graça, o pequeno mundo dos interesses humanos. Aqui o coração abre-se ao amor de todos os homens e gostaria de derramar sobre eles rios de água viva de que está inundado: católico no sentido pleno da palavra, não tem desprezo por nenhuma alma nem põe de lado nenhuma miséria. A preocupação de agradar sempre ao Pai celeste dá um caráter sobrenatural a tudo o que o homem faz neste estado de união, até mesmo nos mínimos pormenores do seu comportamento. E Deus sente-se mais glorificado, e compraz-Se e reconhece-Se nele muito mais do que em toda a Sua criação, cujas maravilhas proclamam, contudo, a Sua sabedoria e o Seu poder. Uma confiança ilimitada, absoluta, assegura à alma interior a sua união com o Pai: ela sabe que nenhuma potência do mundo ou do inferno tem o poder de a abalar. Nada do que foi criado tem poder sobre uma vontade sinceramente abandonada, pois o amor apodera-se dela para estabelecê-la para sempre em Deus.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Festa do Imaculado Coração de Maria (atrasado)

Fonte: Escravas de Maria

São Timóteo, Hipólito e Sinforiano, Mártires

22/08 Quarta-feira 
Festa do Imaculado Coração de Maria de Segunda Classe
Paramentos Brancos
Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Coração Imaculado. A quem a abraçar, prometo a salvação; e estas almas serão amadas com predileção por Deus, como flores colocadas por mim para adornar Seu trono” 
(Nossa Senhora em Fátima)

A festa do Imaculado Coração de Maria foi introduzida em 1944 pelo Papa Pio XII na oitava da assunção. No novo calendário passou a ser determinado com a categoria de “Memória”, no sábado depois da solenidade do Coração de Jesus. Sábado após a festa da Santíssima Trindade. O Imaculado Coração de Maria ganhou grande força com as aparições de Fátima. Consiste na veneração do coração de Maria, mãe de Jesus. Os pastorzinhos de Fátima, foi Nossa Senhora quem, depois de mostrar a visão do Inferno a Lúcia, Jacinta e Francisco, lhes revelou o “Segredo”. Contava a Irmã Lúcia que: “…para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração” (in Memórias da Irmã Lúcia). O objetivo único desta devoção ao Imaculado Coração de Maria, é a salvação das almas e a conquista da paz. “Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz. A guerra vai acabar” (in Memórias da Irmã Lúcia). Com estas palavras, Nossa Senhora foi bastante clara no seu pedido, é em vista das almas que toda a sua mensagem destina-se. Também, esta é a missão da Santa Igreja, “Dai-me almas, e ficai com o resto” já dizia Dom Bosco. A salvação das almas e de toda a humanidade é o fim último no que diz respeito a missão da Igreja nesta terra. ”Deus quer que; todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (I Tim 2, 3-4)                                                                           
A salvação de toda humanidade só é possível, porque Maria disse seu sim a Deus. Uma vez que Deus decidiu que o Salvador viesse por meio de Maria, também por meio dela, devemos nós sermos salvos. Salvos por intermédio de Maria Santíssima é, a corredentora com seu Filho Jesus. Ela colabora com Ele no plano de salvação. “Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração”. (in Memórias da Irmã Lúcia).  

É admissível que uma esposa e mãe católica tenha um emprego fora de casa?

Fonte: Maria Rosa

Por Pe. Peter Scott
Traduzido por : Andrea Patricia



Não pode ser aceito como algo normal e aprovado pela Igreja que um esposa e mãe seja livre para ter um emprego fora de casa, enquanto seus filhos ainda são dependentes de seus cuidados.
O trabalho das mães fora de casa por um salário é chamado pelo Papa Pio XI “emancipação econômica” em sua encíclica sobre 1930 o matrimônio cristão, Casti Connubii:
“Essa, no entanto, não é a verdadeira emancipação das mulheres, nem a liberdade racional e exaltada, que pertence a nobre tarefa de uma mulher e esposa Cristã; pelo contrário, é o rebaixamento do caráter feminino e da dignidade da maternidade, e de fato da família inteira, resultando que o marido sofre a perda de sua esposa, os filhos de sua mãe, e a casa e toda a família de uma guardiã sempre atenta. Mais do que isso, essa falsa liberdade e igualdade natural com o marido acontece em detrimento da própria mulher, pois se a mulher desce do seu trono verdadeiramente real para o qual ela foi elevada dentro das paredes da casa por meio do Evangelho, ela logo será reduzida ao estado antigo da escravidão (se não na aparência, certamente, na realidade) e tornar-se-á como entre os pagãos um mero instrumento do homem”. (§ 75)
O final da mesma encíclica do Papa é ainda mais explícito. Ele fala sobre os males e as injustiças que desencorajam os casais, e compara o mal de mães que tenham de trabalhar com o de não ser capaz de encontrar um lar adequado.
“Se as famílias, particularmente aquelas em que há muitas crianças, não têm habitações adequadas, se o marido não consegue encontrar emprego e meios de subsistência, se as necessidades da vida não podem ser adquiridas exceto por preços exorbitantes, se até mesmo a mãe da família para o grande mal da casa, é obrigada a sair e ganhar dinheiro por seu próprio trabalho… é patente a todos que as pessoas casadas podem perder o ânimo”. (§ 120)
Claramente, não podemos julgar a situação particular das mães que experimentam a necessidade de trabalhar fora de casa. Pode haver muitas razões que poderiam fazer disso um mal necessário, tais como a doença e o desemprego do marido, ou um marido que não recebem um salário justo, suficiente para sustentar a família. Também pode haver razões psicológicas e profissionais pelas quais uma esposa e mãe possa ser obrigada a permanecer na força de trabalho fora de casa. No entanto, a Igreja ensina claramente que este é um mal. Não podemos fingir que é uma coisa boa, ou que é indiferente, ou que não vai fazer nenhum mal aos seus filhos e familiares. Além disso, nenhuma mulher pode ser liberada de casa dessa forma, sem alterar sua própria consciência do que é ser uma esposa e mãe católica.
Por conseguinte, isso só pode ser tolerado como um mal inevitável e necessário, e desde que seja apenas considerado um arranjo temporário, de curto prazo, e onde um esforço máximo é feita pela mãe e pelo marido para minimizar os efeitos negativos. No entanto, seria muito errado afirmar que isso é uma coisa boa, ou aprovada e autorizada pela Igreja. É na melhor das hipóteses um mal inevitável e necessário, pelo qual se deveria se desculpar, e nunca se gabar.

Original :

Padre Peter Scott é da FSSPX.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Alegria e cura de almas

Bispo Paul W. Von Keppler
Mais alegria
(Edição de 1923)



            Assim pregou no século XVIII aos eclesiásticos o magnânimo Ambrósio de Lombez1: “A alegria é principalmente o privilégio do vosso estado e um anexo do vosso encargo e do vosso ministério, ó servos do Senhor, que deveis fazer-vos tudo a todos! Evitai, portanto, aquela mesquinha pusilanimidade, aquela teimosa má disposição e a tristeza consumidora; fazei honra à religião pela conversação da vossa vida. Testemunhai, mais ainda pela vossa conduta, do que pelas vossas predicas, que na virtude não tem cabimento nem a misantropia, nem a melancolia, e procurai conquistar todos os corações pela amabilidade do vosso comportamento. Fazei compreender, principalmente, às almas tímidas e apavoradas, que Deus, de modo algum as chamou para dura servidão, mas para santa liberdade; que esta liberdade é a marca característica do Seu espírito, que nelas habita, mas cuja eficácia elas impedem e embaraçam pela sua angustia timorata; que esta liberdade é a fonte da nossa felicidade nesta vida, e se aumenta ao passo que fazemos progressos na virtude, semelhantemente como ao subir-se às montanhas se respira também um ar mais e mais puro, experimentando-se em todos os nervos um jogo mais natural e mais livre.”
            Nós outros, os sacerdotes, a quem Deus confiou formoso ministério da cura de almas, apliquemos, primeiro que tudo, a nós quanto foi dito aos pedagogos, aos educadores da mocidade, aos diretores de associações, intimamente convencidos que a nossa dignidade de pastores das almas também encerra em si o dever de cuidar da alegria. Para isto aliás dispomos de meios, forças e dons como ninguém outro os possui. Já os nossos trabalhos apostólicos em si e, em sentido mais restrito, o ministério e magistério no púlpito e no confessionário, a dispensarão dos meios da graça, formam a contribuição mais importante, mais preciosa e mais necessária para a garantia e o aumento do capital de alegrias da humanidade. Mesmo ao pregarmos penitência, conforme o exige o nosso ministério, mesmo ao insistirmos na abstinência, na abnegação, na moderação, na castidade, mesmo nestes casos, e nestes sobretudo, trabalhamos para a verdadeira alegria, contrabalançando os seus inimigos.
            Nos tempos de hoje é só talvez para o caso a exortação que pelas muitas experiências tristes, pelos cuidados e apreensões opressoras do coração, pela miséria toda do presente não seja abafado nimiamente o tom da alegria na prédica, na catequese e na parenese; que o pessimismo não meta a sua mão morta na nossa vida interior e na obra da nossa missão - aquela verdadeira manus mortua que desfolha, desanima, enregela, esteriliza tudo quanto toca; mas que fique conservado aquele sadio e caloroso otimismo, esta grande força vital, que nunca abandonou os santos. Se à colheita não corresponde, de modo algum, à nossa semeadura zelosa e laboriosa, devemos perguntar-nos: Faltou, por acaso, a luz solar da alegria? E se, não obstante todos os esforços, as relações entre o pastor e a comunidade não se encaminham a tornar-se suaves e cardeais, um pouco mais de alegria e de amabilidade não poderia fornecer o melhor adubo? Não esqueçamo-lo nunca: Não se pode e não se deve jamais extirpar o mal sem implantar o bem; para a extirpação podem ser proveitosas e às vezes necessárias chuvas de pedras, tempestades com relâmpagos e trovões: mas as novas searas e plantações precisam de muita luz do sol.
            Não só devemos desempenhar alegremente o nosso ministério, alegremente pregar e catequizar, mas devemos pregar e falar da alegria às crianças O Apóstolo a enumera entre os frutos· do Espírito Santo (Gal. 5, 22). A Igreja quer que os domingos e dias santos sejam dias de alegria. Explicar ao espírito o tesouro das verdades do cristianismo é sobremodo importante e necessário; mas é igualmente importante e necessário fazer sentir ao coração o tesouro de alegrias do cristianismo, das verdades dogmáticas, dos sacramentos, do ano eclesiástico, da virtude e da graça; com isto se conquista o coração para Cristo, abstraindo-o dos prazeres do pecado e do século. Pondere-se e repare-se bem na palavra de Fénelon: “Quando o menino (e o povo) recebe uma impressão triste e negra da virtude, ao passo que a liberdade e a leviandade se lhe apresentam sob uma forma agradável, tudo está perdido, todo o trabalho baldado.” Bem entendida, é verdadeira a palavra de Nietzsche: “A virtude precisa de ser libertada do acido moral.”
            Não nos deixemos paralisar nos nossos esforços em favor da sublimação da arte religiosa, do canto sagrado, da formosura da casa de Deus e da liturgia; tudo isso contribui para a glória do Altíssimo e para a alegria do povo. Cultivemos igualmente com verdadeiros cuidados do coração o canto em língua vernácula na igreja, dentro daqueles limites que as prescrições litúrgicas traçaram.
            Exortemos o nosso povo a entretecer também no lar doméstico o canto religioso, e outras cançonetas dignas e nobres nos trabalhos e nas recreações. Uma boa cançoneta, em lugar oportuno e em tempo oportuno, produz efeitos libertadores e recreadores, purificando os ares e afastando modinhas insensatas e lascivas. Belamente diz Lombez2: “Semelhante a uma Babilônia é este mundo para o servo de Deus; como poderia, portanto, entregar-se aqui a alegria? Não deve antes exclamar com os Israelitas cativos: Como poderíamos entoar cânticos de Sião numa terra estrangeira? De certo, mas não é isto mesmo um verdadeiro cântico? O profeta representa o povo de Deus como cantando a dizer que não tem vontade de cantar. Há cânticos de luto e cânticos de alegria, conforme as variadas inspirações do Espírito de Deus, mas sempre acompanha o canto um suave alívio do coração. A tristeza, isto é, a apatia e a acídia, nunca nos induzem a cantar.”
            Não tenhamos nenhum receio de pronunciar estes conselhos também no púlpito e na catequese. Seguimos nisto apenas o exemplo apostólico: “E não vos embriagueis de vinho, no que está a luxuria, mas enchei-vos do Espírito Santo, entretendo-vos com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando nos vossos corações ao Senhor” (Efés. 5,. 18). “Está alguém entre vós afligido? ore; está alguém contente? Salmodie” (Iac. 5, 13).
            Seguimos nisto o exemplo dos cristãos dos primeiros séculos. Devem-se relembrar principalmente as descrições idílicas de Santa Eustochium e Santa Paula, companheiras de viagem de São Jerônimo, sobre a vida em Belém. “Para onde olhares, ouves louvores de Deus; o lavrador detrás do arado canta o  seu Aleluia; o ceifador, a quem o suor goteja da fronte, se alivia pelos seus salmos confortantes; e quando o vinicultor com a sua foice procede à amputação das vides, um canto davídico ressoa da sua boca. Os salmos são os únicos cânticos amorosos desta terra; os pastores não conhecem outras canções pastorais e os trabalhadores não têm outra defesa contra a impaciência que não seja alguns versos do saltério.”3
            Seguimos o sensato exemplo da idade medieval. Já nós Capitulários de Carlos Magno achamos o preceito que os pastores, no caminho para os pastos, assim na ida como na volta, cantem hinos eclesiásticos, para que todo o mundo neles reconheça bons cristãos. “Quando dois ou três se acham juntos”, assim se diz num velho livro religioso do ano de 15094, “devem cantar, e cantem todos durante o trabalho, em casa e no campo, com oração e com piedade, na alegria e na dor, no luto e no banquete. E isto é agradável a Deus, quando é honesto; e quando não é honesto, torna-se pecado, que se deve evitar. Cantar em louvor de Deus e em honra dos Santos, como o faz o povo cristão nas igrejas, e nas vésperas dos domingos e dias santos nas famílias, com os filhos e criados, esse é um belo costume; torna o coração alegre, e um coração alegre é amado por Deus.”

Notas:

1. Traité de la joie de l'âme.
2. Traité de la joie de l'âme.
3. Epist. 17 ad Marcellam.
4. Ein cristlich ermanung zum frumen Leben, Maença 1509. Cf. Janssen, Geschichte des deutschen Volkes I18, Friburgo 1897, p. 273 sg. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Excesso divino, medida divina

Por um cartuxo anônimo
Intimidade com Deus



            O que nenhum homem disse nem podia dizer como homem, foi-nos revelado pelo Filho, transpondo por nós o limiar do inefável e dando-nos a conhecer, não o eco, na própria palavra do Pai, a realidade da vida interior de Deus. No cimo da história do mundo, quando o inferno inteiro se desencadeia para precipitar na catástrofe o drama da criação, enquanto as forças satânicas lançadas ao assalto do céu procuram afogar no ódio a obra à misericórdia, vemos nós triunfar o amor. Para ganhar o objeto desta luta- o coração humano- Deus ultrapassa todos os limites e, em certa medida, rompe a medida do nosso pensamento. «Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora, de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (João, XIII, 1).
            Um dos íntimos de Cristo recusa-lhe o seu coração e Satã entra nele; um apóstolo afasta-se de Deus e fica cego. Sai de noite - a pior de todas as noites - para entregar o Filho do Homem ao ódio dos seus inimigos, aos suplícios e à morte. Mas o amor triunfa e a sua luz brilha como nunca, nesta hora de trevas. «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida: ninguém vai ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; mas conhecê-lo-eis bem cedo. Acreditai nas minhas palavras: meu Pai está em mim e eu estou nele» (João, XIV, 6-7 e 11).
            Este caminho que o excesso do amor nos mostra é o nosso: o homem, errante e cativo na terra, só no absoluto encontra o seu lar. Ouçamos a verdadeira sabedoria da boca do divino Mestre: ela convém-nos precisamente porque é suprema; penetremos com ela até ao fundo da verdade: «Aquele que retém os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama: e aquele que me ama será amado por meu Pai; e eu o amarei e me manifestarei a ele» (João, XIV, 21).
            A alma que acede ao convite do perfeito amor torna-se misteriosamente parecida com ele. A semelhança com Deus põe-na em relação imediata com a Santíssima Trindade. A sua participação na vida divina, no conhecimento e na caridade, ultrapassa infinitamente as fronteiras das nossas esperanças, cresce com a infusão constante da graça, até que o Pai encontra não só a imagem do Seu Filho reproduzida nessa alma mas até mesmo o Seu Filho vivo. «O Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; mas isto se sofrermos com eles, para ser com eles glorificados» (Rom., VIII, 16-17).

São Joaquim, Pai da Santíssima Virgem

Fonte: Escravas de Maria

16/08 Quinta-feira
Festa de Segunda Classe
Paramentos Brancos

O nome de Joaquim em hebraico significa "Deus prepara", ou "Deus estabelecerá".  Foste escolhido entre todos os entes Santo de Deus para auxiliar no cumprimento dos mistérios de Deus, sendo assim pai da Santíssima Mãe de Deus.  O dia 16 de agosto, para associar-lhe ao triunfo da filha na celebração da Assunção, no dia precedente.Em 1879, o papa Leão XIII, cujo nome de batismo era Gioacchino (versão italiana de Joaquim), estendeu sua festa a toda Igreja.
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Epistola
Eclesiástico 31,8-11      
                                                                                                              
8.Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula, que não correu atrás do ouro, que não colocou sua esperança no dinheiro e nos tesouros!9.Quem é esse homem para que o felicitemos? Ele fez prodígios durante sua vida.10.Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito, está reservada uma glória eterna: ele podia transgredir a lei e não a violou; ele podia fazer o mal e não o fez.11.Por isso seus bens serão fortalecidos no Senhor, e toda a assembléia dos santos louvará suas esmolas
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Evangelho
São Mateus 1,1-16

1.Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.2.Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.3.Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.4.Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.5.Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.6.O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.7.Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.8.Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.9.Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.10.Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.11.Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.12.E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.13.Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.14.Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.15.Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.16.Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Assunção de Nossa Senhora


Fonte: Instavrare omnia in Christo
CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA PIO XII
MUNIFICENTISSIMUS DEUS
DEFINIÇÃO DO DOGMA DA ASSUNÇÃO
DE NOSSA SENHORA
EM CORPO E ALMA AO CÉU


Introdução
1. Deus munificentíssimo, que tudo pode, e cujos planos de providência são cheios de sabedoria e de amor, nos seus imperscrutáveis desígnios, entremeia na vida os povos e dos indivíduos as dores com as alegrias, para que por diversos caminhos e de várias maneiras tudo coopere para o bem dos que o amam (cf. Rm 8,28).
2. o nosso pontificado, assim como os tempos atuais, tem sido assediado por inúmeros cuidados, preocupações e angústias, devido às grandes calamidades e por muitos que andam afastados da verdade e da virtude. Mas é para nós de grande conforto ver como, à medida que a fé católica se manifesta publicamente cada vez mais ativa, aumenta também cada dia o amor e a devoção para com a Mãe de Deus, e quase por toda parte isso é estímulo e auspício de uma vida melhor e mais santa. E assim sucede que, por um lado, a santíssima Virgem desempenha amorosamente a sua missão de mãe para com os que foram remidos pelo sangue de Cristo, e por outro, as inteligências e os corações dos filhos são estimulados a uma mais profunda e diligente contemplação dos seus privilégios.
3. De fato, Deus, que desde toda a eternidade olhou para a virgem Maria com particular e pleníssima complacência, quando chegou a plenitude dos tempos (Gl 4,4) atuou o plano da sua providência de forma que refulgissem com perfeitíssima harmonia os privilégios e prerrogativas que lhe concedera com sua liberalidade. A Igreja sempre reconheceu esta grande liberalidade e a perfeita harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos sempre procurou estudá-la melhor. Nestes nossos tempos refulgiu com luz mais clara o privilégio da assunção corpórea da Mãe de Deus.
4. Esse privilégio brilhou com novo fulgor quando o nosso predecessor de imortal memória, Pio IX, definiu solenemente o dogma da Imaculada Conceição. De fato esses dois dogmas estão estreitamente conexos entre si. Cristo com a própria morte venceu a morte e o pecado, e todo aquele que pelo batismo de novo é gerado, sobrenaturalmente, pela graça, vence também o pecado e a morte. Porém Deus, por lei ordinária, só concederá aos justos o pleno efeito desta vitória sobre a morte, quando chegar o fim dos tempos. Por esse motivo, os corpos dos justos corrompem-se depois da morte, e só no último dia se juntarão com a própria alma gloriosa.
5. Mas Deus quis excetuar dessa lei geral a bem-aventurada virgem Maria. Por um privilégio inteiramente singular ela venceu o pecado com a sua concepção imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a redenção do corpo até ao fim dos tempos.
6. Quando se definiu solenemente que a virgem Maria, Mãe de Deus, foi imune desde a sua concepção de toda a mancha, logo os corações dos fiéis conceberam uma mais viva esperança de que em breve o supremo magistério da Igreja definiria também o dogma da assunção corpórea da virgem Maria ao céu.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

SOBRE O SANGUE

Papa Pio XII



            É muito natural que todo homem estime como um bem de grande valor seu sangue; este tem, realmente, a função de transportar aos vários tecidos o material nutritivo e o oxigênio, enquanto os seus corpúsculos brancos defendem o organismo contra as invasões de bactérias. Um dos principais cuidados dos progenitores é, portanto, de transmitir aos seus filhos um sangue não alterado nem empobrecido por doenças internas, de contaminações externas ou degenerações progressivas. Recordai-vos entretanto que quando vós chamastes os filhos, os herdeiros de vosso sangue, devíeis referir-vos a algo de mais alto que a pura geração corpórea. Vós sois, e os vossos filhos devem ser, os rebentos de uma estirpe de santos, segundo a palavra de Tobias a sua jovem esposa: "Filii Sanctorum sumus", quer dizer de um jovem santificado e tornado participante da divina natureza por meio da graça sobrenatural. O cristão, em virtude do batismo, que lhe aplicou os méritos do sangue divino, é filho de Deus, um daqueles, segundo o Evangelista São João, "que crêem no seu nome; que não pelo sangue, nem pela vontade da carne, nem por vontade do homem, mas de Deus nasceram".
            Por conseqüência, em um povo de batizados, quando se fala de transmitir o sangue ancestral aos descendentes, que deverão viver e morrer não como animais sem razão, mas como homens e cristãos. Não se pode restringir o sentido daquelas palavras a um elemento puramente biológico e material mas estendê-lo ao que é quase como que o líquido nutritivo da vida intelectual e espiritual; o patrimônio de fé, de virtude, honra, transmitido pelos progenitores aos seus filhos e mil vezes mais precioso que o sangue - embora rico - infundido em suas veias. Os membros de uma família nobre se gloriam de ser de sangue ilustre; este lustro, fundado sobre mérito dos antepassados, implica em seus herdeiros não somente vantagens físicas. Mas todos que têm recebido a graça do batismo, podem dizer-se príncipes de sangue, de um sangue não somente real, mas divino.
            Vós conheceis a história da primeira Páscoa, no Antigo Testamento; sabeis que, quando o Senhor enviou o seu anjo a ferir os primogênitos dos egípcios, ordenou aos filhos de Israel imolar um cordeiro sem mancha e assinalar com seu sangue as portas de suas casas; o anjo, vendo este sinal, passaria além e pouparia os filhos do povo eleito.
            Toda a tradição, a começar com os apóstolos e os padres, vê neste cordeiro a figura de Cristo, imolado sobre a cruz, a fim de que os homens, assinalados pelo sangue redentor, fossem salvos da morte eterna. Todavia, por mais puro fosse o cordeiro pascal, Deus na Antiga Lei não queria aceitar a efusão do seu sangue em homenagem senão como um rito provisório. Bem diverso é o sangue humano, pelo valor de sua função e por sua dignidade simbólica. Vertido delituosamente, grita vingança diante de Deus, como aquele de Abel. Vertido pela caridade para com os outros, constitui o maior ato possível de amor, aquele que Cristo realizou por nós. Exatamente porque o sangue das vítimas animais eram incapazes de tirar os pecados do mundo o Verbo se fez carne para oferecer-se ao Pai em sacrifício de adoração e de expiação; na plenitude de sua liberdade, Ele deu a sua vida, verteu o seu sangue, para resgate da humanidade pecadora.
            Esta efusão redentora começou oito dias depois de seu nascimento no rito sagrado da Circuncisão do Senhor; continuou mais tarde durante as horas dolorosas de sua Paixão; nas angústias da agonia do Getsêmani, sob os golpes da flagelação e a coroa de espinhos no pretório, foi consumada finalmente sobre o Calvário, onde o seu Coração foi transpassado, a fim de permanecer sempre aberto para nós. O sangue que Jesus espargia como em sacrifício, e que fazia dele o "Mediador da nova aliança", como disse São Paulo, "Fala melhor que Abel"; aqui a voz do perdão cobre aquela do delito, porque o grito de misericórdia e de remissão é de um Homem-Deus.
            Na própria natureza o sangue derramado parece aderir às mãos do delinqüente, como o delito e o remorso se agarram a sua consciência; a poesia e a arte dramática tiraram desta tenaz persistência efeitos impressionantes; e em vão Pilatos lavou diante do povo as mãos que tinham subscrito a sentença de morte do Justo: até o fim dos séculos a mancha do sangue divino permanecerá incancelável sobre sua memória: "Passus est sub Pontio Pilato".
            Sobre o mundo visível aparecem através dos séculos ao olhar aterrorizado não somente manchas, mas também torrentes de sangue, que cobrem cidades destruídas e campos devastados. Ora, o sangue derramado com a força tem muitas vezes germinado em rancor, e o rancor do coração humano é profundo como um abismo, que chama outro abismo do mesmo modo que a onda que vem atrás de outras, e uma calamidade chama outra calamidade. Olhai, porém, o mundo das almas. Também aqui escorrem rios de sangue, mas este sangue esparso por amor não traz consigo senão o perdão das injúrias. O coração do Homem-Deus, do qual emana este sangue, é um abismo sim: "Cor Iesu, virtutum omnium abyssus", mas um abismo de virtude, que não chama no fundo de seus corações senão outro abismo de doçura e de misericórdia. Desde que Cristo ofereceu o seu sangue por nós, a humanidade, que nele crê, foi imersa em um oceano de bondade e respira em uma atmosfera de perdão. De resto, não seria conforme à verdade crer que o Antigo Testamento não tenha já ensinado o perdão das ofensas. Aí se encontram a tal respeito preciosos e sábios conselhos. "Não te recordes de alguma das injúrias recebidas do próximo", diz o Eclesiástico; ora, o esquecer-se é por vezes ainda mais duro do que perdoar. Perdoai, portanto, antes de tudo, e Deus vos fará a graça de esquecer. Mas, sobre todas as coisas, afastai o desejo de vingança, que o Senhor já na antiga lei condenava assim: "Não procurar a vingança, e não conservar memória das injúrias dos teus concidadãos". Em outras palavras poder-se-ia hoje dizer: Guardai-vos do ressentimento contra os vossos vizinhos.
            A Escritura adverte ainda: "Não digais: Farei a ele aquilo que faz para mim; darei a cada um segundo as suas ações". Porque "quem quer vingar-se provará a vingança do Senhor, que terá exatas contas a ajustar, de seus pecados". Que loucura é realmente o rancor em uma alma pecadora, que tem tanta necessidade de indulgência! O escritor sagrado sublinha este estridente contraste: "Um homem conservava rancor contra outro homem e pede a Deus a cura? Ele não tem misericórdia para com um homem semelhante a ele, e pede perdão de seus pecados".
            Mas, sobretudo depois que a Nova Aliança entre Deus e os homens foi selada no sangue de Jesus Cristo, torna-se geral a lei do perdão incansável e do rancor mudado em amor: "Ó Pedro, - responde Jesus para o apóstolo que o interrogava - não até sete vezes sete, deverás perdoar o teu irmão, mas até setenta vezes sete", quer dizer que o cristão deve sem limites nem fim ser pronto no perdoar as ofensas recebidas do próximo. E ainda o Divino Mestre ensinava: "Quando estais orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lha a fim de que o vosso Pai, que está nos céus, perdoe também a vós os vossos pecados". E não basta nem mesmo o não dar o mal em troca do mal. "Ouvistes (dizia Jesus) o que foi dito: Amarás o próximo e odiarás o teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam". Eis a doutrina cristã do amor e do perdão, doutrina que exige por vezes graves sacrifícios (1).

(1) – Discursos aos esposos, 3 de julho, 1940.