segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

São Boaventura e o Sagrado Coração de Jesus


"Achei o Coração do meu Senhor, do meu irmão, do meu amigo, o Coração do meu dulcíssimo Jesus. E não hei de adorá-lo? Sim e a ele hei de endereçar minhas súplicas. Mais ainda o Vosso Coração é meu: como os olhos da minha cabeça são meus, assim também o Coração da minha cabeça espiritual a mim pertence, é meu, é tudo meu. E assim como eu achei o Vosso Coração ó Jesus amável, que é também o meu, assim também eu Vos suplicarei ó meu Deus. Aceitai, ó meu Senhor, as minhas orações neste santuário de Vossa liberalidade. Melhor ainda, dignai-Vos fazer-me entrar neste Vosso Coração".

(São Boaventura, citado no livro: Eu Reinarei, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu desenvolvimento histórico, pelo Pe. Fernando Piazza, da ordem de São Camillo, obra traduzida pelo Dr.Alberto Saladino Figueira de Aguiar; impresso nas "Escolas profissionais do Lyceu Coração de Jesus", ano de 1932)

Gregorian Chant - "Dies Irae"

Gregorian Chant - "Dies Irae"


sábado, 29 de janeiro de 2011

São Francisco de Sales

São Francisco de Sales
29 de janeiro



"Estando morto Nosso Senhor, diz São Francisco de Sales, mas de uma morte de amor, pendente da Cruz, Ele mesmo quis que o Seu costado fosse aberto para mostrar-nos que estava verdadeiramente morto, e que a Sua morte era causada tão somente por Seu grande amor por nós; e que assim também fossêmos nós obrigados a amá-lO. E para dar-nos a entender que era o amor e não os tormentos que tiraram a vida, na hora em que expira, diz, com voz alta, forme e sonora: 'Pai, em Vossas mãos entrego Meu espírito', como se não devesse logo morrer. É por isso que um dos soldados deu uma lançada sobre o Coração, para verificar se realmente Ele já estava morto, e, aberto o Seu costado, se verificou a morte causada pela doença do Seu Coração, isto é, pelo amor. E mostrando Seu Coração aberto, quer Jesus atrair as almas a Si e obrigá-las a corresponder o Seu amor com o amor".

(Oeuvres de Saint François de Sales. Edition complète - Anecy T. IX. pg. 80, citado no livro Eu Reinarei, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu desenvolvimento histórico, pelo Pe. Fernando Piazza, da ordem de São Camillo, obra traduzida pelo Dr.Alberto Saladino Figueira de Aguiar; impresso nas "Escolas profissionais do Lyceu Coração de Jesus", ano de 1932 )

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tölzer Knabenchor - J. S. Bach - Jesu, meine Freude excerpts

Tölzer Knabenchor - J. S. Bach 
Jesu, meine Freude excerpts


O esforço pessoal de redenção

O esforço pessoal de redenção


Para este mundo dilacerado por tantas calamidades e cenário comum de paixões contrárias, o cristão traz seu ideal e luta por realizá-lo. Traz seu ideal, mas o mundo não parece disposto a acolhê-lo. Como Maria e José ao chegarem em Belém o cristão tem a impressão de que tampouco há lugar para ele. E às vezes é assaltado pela tentação de evadir-se e deixar os outros homens nas suas lutas inglórias, para retirar-se e viver na contemplação das verdades eternas.

E apesar disso, Deus o colocou neste mundo para que ele "o cultive e o conserve".

Esse trabalho se oferece ao cristão durante toda a vida: na vida privada, familiar, profissional, cívica, enfim, em todos os instantes de sua existência. A cada passo deve agir, ou reagir como cristão num mundo que não o é.

Deve redimir-se e redimir-se o mundo. Depois do pecado original somente o esforço doloroso sobre si mesmo permite ao homem livrar-se do mal e marchar para Cristo. Em todas as épocas da história da Igreja, ou da humanidade, foi, como é, necessário o mesmo esforço de cada um dos homens. E o esforço redentor; sem a redenção não há cristianismo. Se Cristo redimiu a humanidade com o Seu sangue, resta a cada homem aceitar que lhe seja aplicado o resgate do Calvário; e seu assentimento torna-se efetivo pelo sacrifício pessoal que é uma extensão do sacrifício de Cristo.

Fala-se muito em nossos dias de estabelecer uma ordem social cristã, para que os homens se rejam por instituições inspiradas nos preceitos do evangelho. Realmente, isto é o que todos nós desejamos.

Nada mais justo que considerar esta ordem social cristã como a meta para a qual tendemos. Porém seria uma ilusão pensar que virá o dia em que a vida cristã decorrerá inevitavelmente das instituições estabelecidas.

Jamais se viu uma sociedade tal que nela florescesse naturalmente a vida cristã pelo simples jogo das leis e dos costumes, ou pelo respeito que lhes é tributado. E aquele que confiou demasiadamente em uma religião tradicional (de práticas convencionais e quiçá rotineiras) jamais pode resistir a abalos muito rudes. Nunca foi bastante aplicar a um dado dado uma fórmula prevista, para que o resultado obtido fosse perfeito.

"Meu reino não é deste mundo". Não devemos esperar que o reino terreno chegue um dia a ser a réplica do Reino dos céus, que a fraqueza atraia as honras ou que a humanidade ganhe riquezas.

Nos primeiros séculos, alguns cristãos imaginaram um reino temporal em que Jesus Cristo, durante um milênio, governaria o universo habitado. Desde muito, porém, ninguém pensa já em ver realizado semelhante sonho. Mas quiçá acariciemos a esperança e ver um dia surgir uma era de cristandade, em que os valores religiosos serão reconhecidos autênticamente e praticados com facilidade.

Querer que se estabeleça uma ordem mais cristã é, sem dúvida alguma, uma excelente empresa, mas com a condição de que não pensemos que chegará um dia em que o cristão - decidido a realizar o evangelho - não terá mais que observar sem grande trabalho as normas estabelecidas.

Quero dizer com isto que o cristão sempre deve estar em guarda contra a tendência que aflige a todo o homem e à sociedade, de cair pelo próprio peso na mediocridade. Enquanto que, para fazer o mal, basta que nos deixemos levar, o bem exige sempre um esforço. Não podemos dormir sobre nossos triunfos, declarando como os judeus: "nosso pai é Abraão". (João 8, 39)

Além disso, as condições de vida são sempre novas para cada homem e para cada geração. Elas nos obrigam a aplicar os princípios eternos do cristianismo em terrenos ainda não explorados. Os cristãos do século XVII não conheceram nem as sociedades anônimas, nem o sistema atual de empréstimos bancários, nem a democracia, nem o facísmo, nem o comunismo. Portanto não podemos contentar-nos em imitar suas atitudes; não podemos fugir ao esforço pessoal.

Ainda imaginando uma ordem mais favorável ao florescimento das virtudes cristãs, o reino de Jesus Cristo, mesmo assim, nunca será deste mundo, "e aqueles que o queiram conquistar deverão no futuro como no passado, fazer violência".

Ao tempo de São João Batista, os judeus, possuidores do reino, eram "o povo escolhido". João Batista, e mais tarde Jesus, desenganaram-nos. Cristo não reconhece como Seus discípulos aos que se contentam em pertencer oficialmente a uma sociedade escolhida, e em repetir: "Senhor, Senhor". Pelo contrário, "os que fazem a vontade do Pai", "os que fazem violência", os que colaboram na redenção, só esses alcançarão o Reino eterno.

O ensinamento de Cristo é sempre atual e sempre verdadeiro: "Quem quer ser Meu discípulo, renuncie-se a si mesmo". Não serão excluídos, na lista das bem-aventuranças, aqueles que forem perseguidos por amor à justiça, e sempre se verificará a palavra de São Paulo: "Quem quer viver santamente em Cristo sofrerá perseguições".

(Cristãos no mundo, pelo padre E.Roche S.J, tradução de Jovany de Sampaio, editora mensageiro da fé, ano de 1948)

PS: Grifos meus.

São Bernardo - Devoto do Sagrado Coração de Jesus

São Bernardo
Devoto do Sagrado Coração de Jesus



São Bernardo (1091 - 1153) considerado com razão como dos mais ternos devotos do Sagrado Coração, fala deste Coração no seu discurso nº 61, no qual comenta as palavras dos cantares: a minha pomba nas aberturas da pedra. "Outro, diz ele, pelas aberturas da pedra, entende as chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com razão: porque Jesus Cristo é a pedra... E onde senão nas chagas do Salvador poderão gozar tranquilidade segura o fraco e o enfermo?... O que poderei ver nestas chagas, senão a misericórdia do Senhor? o ferro transpassou Sua alma e chegou a Seu Coração, para que saiba compadecer-Se das nossas enfermidades. As chagas do corpo nos manifestam o segredo do Coração, nos descobrem o grande mistério do amor".

(Nota de rodapé: Até pouco anos era atribuído à São Bernardo o tratado da Paixão ou da Vida mística do Sagrado Coração de Jesus para as lições do segundo noturno. Nas edições do Oficio divino mais recentes, essas lições são atribuídas à São Boaventura, o Verdadeiro autor do tratado).

Entre as obras do Santo Doutor, existe uma composição em versos, na qual ele considera e saúda com terno afeto a chaga do costado, o peito e o Coração de Jesus. A composição não é de São Bernardo: remonta ao século XIII e pode considerar-se como um conjunto da idade média com referência a este precioso assunto.

Reproduzimos algumas estrofes.


A FERIDA DO COSTADO

Salve latus Salvatoris
In quo latet mel dulcioris
In quo patet vis amoris
Ex quo scatet fons cruoris
Qui corda lavat sordida.
Salve mitis apertura
De qua manat vena pura
Porta patens et profunda
Super rosam rubicunda
Medela salutifera

Te saúdo ó costado Salvador
Onde mel dulcíssimo se esconde,
Onde amor ardentíssimo se mostra
Onde uma fonte de sangue brota
Que lava a mancha dos corações.
Te saudo ó mansa abertura
Da qual rebenta água límpida
Porta aberta e profunda
Mais vermelha do que a rosa
Remédio Salutar

AO PEITO

Salve salus mea Deus
Jesu, dulcis amor meus
Salve pectus reverendum
Cum timore constringedum
Amoris domicilium
Jesu dulcis, pastor pie
Filü Dei et Mariae
Largo fonte tui Cordis
Foeditatem meae sordis
Benigne Pater dilue

Te saúdo Deus salvação minha
Jesus doce amor meu
Te saudo peito venerando
Ao qual me encosto com temor
Asilo da caridade
Jesus doce, é bom Pastor
Filho de Deus e de Maria
Na abundante fonte do Teu Coração
Lava ó Pai amoroso
A sordicies das minhas iniquidades.

AO CORAÇÃO

Summi Regis Cor aveto
Te saluto corde laeto
Te complecti me delectat
Et cor meum affectat
Ut ad te laquar animes
Viva cordis voce clamo
Dulce Corte namque amo:
Ad cor meum inclinare,
Ut se possit applicare
Devoto tibi pectore
Da cor Cordi sociari;
Tecum Jesu, vulnerari;
Nam cor cordi similatur
Si cor meum perforatur
Sagittis improperu

Salve ó Coração do Rei Supremo.
Te saúdo com o coração cheio de alegria
Apertar-te a meu peito é a minha felicidade
É este meu grande desejo
Infundi-me coragem para que te fale
Clamo a ti com viva voz do coração
Porque te amo ó Coração doce:
Inclina-te ao meu coração
De maneira que possa unir-me a ti
Devoto, coração a Coração
Dá-me a graça que meu coração ao Teu seja unido
E conTigo Jesus seja ferido;
Porque o coração será semelhante ao coração
Se meu coração for transpassado
Pelas setas dos ultrajes.

(Eu Reinarei, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu desenvolvimento histórico, pelo Pe. Fernando Piazza, da ordem de São Camillo, obra traduzida pelo Dr.Alberto Saladino Figueira de Aguiar; impresso nas "Escolas profissionais do Lyceu Coração de Jesus", ano de 1932)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Prelude BWV 1006a (J. S. Bach)

J.S.BACH
(Prelude BWV 1006a)

UM CORAÇÃO ANGUSTIADO

UM CORAÇÃO ANGUSTIADO



Um coração angustiado
bate no peito do Crucificado
buscando uma só alma que O console
uma só lágrima que O repare.

Na solidão que é deixado no Tabernáculo,
Na frieza dos indiferentes;
Na covardia dos filhos de Sua Igreja...
Aí mora a Sua agonia.

Um coração angustiado
cercado por ponteagudos espinhos
não mais dolorosos que as traições
de Seus melhores amigos.

Lá no alto do Calvário
uma lágrima de Sangue santo rolou
do peito que se partiu em chamas
do mais puro amor.

E aos Seus pés o Apóstolo Amado,
o escolhido do Coração de Jesus
dá-nos junto à Maria Dolorosa
a mistura de Calor e Luz.

Um coração angustiado...
Almas amantes, consolai-O...

domingo, 23 de janeiro de 2011

A felicidade (Conselhos para as mães)

A felicidade
(conselhos para as mães)


Voz de Nossa Senhora

Todos os que transitais por este exílio, vinde a Mim e dar-vos-ei o que tanto almejais - a felicidade.

Eu sou a Mãe Lacrimosa, que ao pé da Cruz vos recebi como filhos. Jesus, derramando Seu precioso Sangue, com ele firmou tão precioso legado, e Eu, chorando, recebi-vos, acolhendo-vos sob o Meu manto protetor. A maior parte dos homens, porém, esqueceu-se que tem uma Mãe fiel e dedicada no Seu grande Amor, por isso hoje vos falo e vos convido a virdes a Mim para encontrardes a verdadeira felicidade.

Mães de família, que procurais o bem estar de vossos filhos, e que tanto empenho tendes em dar-lhes a felicidade, ouvi-me por piedade.

Procurais por todos os meios humanos a felicidade, porém esqueceis que para isso o principal meio é buscar a Deus nos Sacramentos, é procuar-Me a Mim, que sou a portadora da única e verdadeira felicidade.

Pergunto-vos, amados filhos, já encontrastes neste vale de lágrimas alguém feliz fora da Santa Igreja? Nunca encontrastes nem haveis de encontrar, porque a felicidade consiste em amar a Deus, único fim para o qual o homem foi criado.

Se os peixes sendo criados para viverem na água, morrem fora dela, o mesmo acontece com o homem. Fora do amor de Deus não há felicidade, não há vida, por isso fora do grande preceito de amá-lO a alma morre, e o homem, com a alma morta pelo pecado, não pode ser feliz.

Que felicidade poderá encontrar o homem que tiver um de seus membros doente? Ah! quando encontrais um homem paralítico, vos faz pena vê-lo em tal estado! Ele se lastima e deseja ardentemente ser curado de seu mal, e ainda que tudo lhe pareça sorrir, não se sente feliz! Pior que esta imagem do paralítico é a alma que não ama a Deus! Esta alma em vão procura divertir-se, em vão procura o prazer, porque todo o prazer é momentâneo... Só o prazer do amor de Deus é que dá a paz à alma e a felicidade completa.

Mães queridas, que tendes filhos, que tendes filhas, procurai dar a estes entes queridos a felicidade eterna. Oh! como é doloroso para Meu Coração, ver tantas Mães serem a causa da perdição de seus filhos!

Dir-me-eis vós: Como faremos, se nossos filhos não nos obedecem? Ah! quem são os culpados disso? Sois vós, mesmo, porque quando crianças não os soubestes educar, levando-os os cinemas, aos bailes, centros de perdição da inocência, onde tantos pecados de impureza se cometem!

Direis ainda: Mas minhas filhas são inocentes, não têm malícia. Oh! cegueira a vossa! Não sabeis que quem toma veneno é para morrer? Os cinemas! O que se passa nestes antros malditos, onde o demônio lança tantas almas, onde as crianças aprendem a imoralidade e a desobediência?! Os bailes! Depois de serem prejudiciais à saúde, são causa de perda de tanta inocência e causa de tantos maus pensamentos, dos quais darão rigorosas contas!

Quantas almas hoje gemem no inferno por causa dos bailes e dos cinemas! Agora vos posso provar como vós, mães de família, sois a causa da desgraça de vossos filhos! Oh! Mães que me escutais, vede como deixais as vossas filhas saírem à rua em trajes tão imorais, que apavoram os anjos!

Mães queridas, dir-me-eis: Mas minhas filhas não me obedecem neste ponto!

Oh! por piedade, disso quem é culpado? A culpa é da liberdade que lhes deste desde a infância!

Lançando Meus olhares amorosos de Mãe sobre o mundo, tenho que dizer-vos: A humanidade se agita e geme por causa de não saberdes criar os vossos filhos no amor de Deus! O que falta à humanidade é o amor de Deus, que faz com que as paixões sejam esmagadas.

Onde há amor ao Divino Rei, há submissão aos Pais, há submissão aos governos, enfim, o amor de Deus transforma em Paraíso este vale de lágrimas.

Oh! quem me dera que todas as mães da terra me ouvissem e pusessem em prática os Meus conselhos de Mãe, que só deseja a felicidade, o paraíso para todos os homens redimidos pelo Sangue de Meu Divino Filho.

Oh! Mães queridas, vinde que Eu sou o vosso modelo, vinde a Mim, e dar-vos-ei Minhas lágrimas preciosas, com as quais abrandareis os corações de vossos filhos, e o vosso lar tornar-se-á um paraíso, tornar-se-á o lar de Nazaré, no qual só reinaram amor, alegria, pobreza é verdade, mas a paz na alma tornou este lar tão feliz, que quisera fosse ele imitado por todas as famílias.

Queridas Mães, não vos entristeçais; ainda é tempo. Vinde, vinde; as Minhas lágrimas são o remédio, o caminho que conduzirá os vossos filhos à felicidade eterna. Estas lágrimas abrandarão os corações para poderem receber o Amor dos amores, a felicidade única, que é Deus, este Deus que, por vosso amor, dia e noite vela nos Sacrários da terra, onde é tão esquecido e tão injuriado por tantos homens, que se esquecem que têm uma alma feita para amar este Deus, que morreu em uma dura Cruz, somente porque Seu amor é infinito para com  todos os homens.

Mães queridas, quisera ver um dia os vossos filhos a Meu lado, é este o motivo pelo qual assim vos falo.

Vossa terna Mãe, que vos ama com amor mais forte do que a própria morte.

(O bom combate na alma generosa, Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado - Campinas - 1ª Edição, ano de 1936, com imprimatur)

PS: Grifos meus.

J.S. Bach- Johannes-Passion

J.S. Bach- Johannes-Passion

Santa Filomena em La Salette

Santa Filomena em La Salette
(clique nas fotos para ampliá-las)










quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Educação sobrenatural: XVI - Prudência

EDUCAÇÃO SOBRENATURAL

XVI PARTE - A VOCAÇÃO PARA A VIDA CRISTÃ NO MUNDO


II - PRUDÊNCIA

Qual a matéria sobre que pode e deve exercer-se a prudência dos pais?
Os pais devem tomar todas as precauções para assegurar a felicidade temporal e eterna de seus filhos. Estes, sem dúvida, são os primeiros interessados; mas são levianos, inexperientes, muito confiados, muito apaixonados; procedem por impressão e por sentimento, e não pela reflexão e juízo; têm muito "coração" e "razão escassa".

Pertence aos pais cristãos, sérios e educadores, suprir aquilo que lhes falta, examinando e resolvendo com prudência a questão: - da idade; da religião; da maneira de proceder; da saúde;- da seriedade de espírito; da coragem; da bondade; da fortuna; das relações.

Que se deve pensar com relação à idade em que convém casar seus filhos?
É preciso considerar:

- A idade da donzela;
- a idade do mancebo;
- a idade relativa do mancebo e da donzela.

Em que idade se devem casar as donzelas?
"A prudência, a razão, o próprio afeto que lhes deveis, o futuro dos novos filhos, impõe-vos o dever de não casar as vossas filhas muito cedo" (Mgr. Pichenot)

É preciso:

- Deixá-las fortalecer e crescer: as esposas muito jovens dão à luz filhos muito débeis e inspiram-lhes menos respeito.

- Obrigá-las a uma aprendizagem da vida da família e da vida doméstica: quando tiverem a idade legal, podem, sem perigo para elas, e sem dano para os outros, suportar os encargos e desempenhar os deveres do seu novo estado?

- Dar-lhes o tempo de se fortalecerem na prática dos deveres da vida cristã: muitas passam do colégio para o casamento; e, depois de talvez terem comungado todos os dias, chegam a nem ao menos cumprir o preceito pascal.

Em que idade de devem casar os filhos?
Não caseis os vossos filhos muito tarde, diz Mgr. Pichenot. "As delongas, sem um motivo sério, só podem ser prejudiciais aos jovens que se desejam casar e à própria união que desejam contrair".
(P. Hoppenot, catecismo do casamento, p. 145-146)

Como podem as delongas ser prejudiciais aos jovens que se desejam casar?
Porque os jovens estão na idade das paixões violentas, que fazem que a sua virtude corra o mais sério perigo. O remédio está no próprio casamento, um dos fins do qual, segundo o catecismo do Concílio de Trento, é apaziguar as revoltas da carne...

Que aconselha a prudência com relação à idade relativa dos jovens?
Duas coisas:

- Que haja uma certa diferença;
- que esta diferença não seja muito considerável.

Em que sentido é desejável que haja uma certa diferença entre os esposos?
"No sentido de que o marido deve ser ordinariamente um pouco mais idoso que a sua mulher: é o voto da natureza, a indicação da Providência".
(Mgr. Pichenot)

E porquê?

"Porque a mulher é mais precoce; e o homem, ordinariamente menos refletido, levado como é pelo fogo do seu temperamento e do seu caráter, tem necessidade de alguns anos mais para adquirir o peso, a maturação, a posição, a experiência necessárias ao chefe de família que quer compreender os seus deveres, como é preciso, e cumpri-los. Demais, o nível restabelece-se em pouco tempo; o homem conserva-se melhor que a mulher; a maternidade faz envelhecer, e ambos hão-de acabar por, bem depressa, ter, de fato, a mesma idade".
(Mgr. Pichenot)

Quais são os inconvenientes duma grande diferença de idade entre os esposos?
- A simpatia é necessariamente menor.

- A parte mais jovem abandona facilmente o lar.

- O esposo abandonado é presa dos golpes envenenados do mais torturante ciúme.

- Os filhos sofrerão, talvez toda a sua vida, por efeito desta desigualdade de idade entre o pai e a mãe.

- Correrão o perigo de ficar órfãos muito cedo.

Quais são as obrigações da prudência com relação à religião dos jovens esposos?
- É preciso proceder de maneira que se tornem impossível os casamentos entre pessoas de religiões diferentes;

- é preciso colocar a religião no primeiro plano das condições que se exigem para determinar a sua escolha.

Por que se devem rejeitar os casamentos entre católicos e hereges?
Porque a Igreja lhes causa horror a ponto de considerar a heresia um impedimento do matrimônio.

Donde provém este horror?
Do perigo da perversão a que estão expostos o cônjuge católico e seus filhos.

"É necessário a abstenção de semelhantes matrimônios, sobretudo pela razão de fornecerem ensejo de o cônjuge católico se encontrar numa sociedade e de participar de práticas religiosas proibidas; são também uma causa de perigo para a religião do esposo que for católico; são um obstáculo à boa educação dos filhos, e levam muitas vezes os espíritos a considerar todas as religiões como iguais, sem fazerem distinção alguma entre a verdade e o erro".
(Leão XIII Encíclica, Arcanum)

Que se deve pensar das dispensas que a Igreja concede algumas vezes?
Deve-se pensar que a Igreja só concede estas dispensas com dificuldade, e por graves razões, com o fim de evitar um mal maior. Mas a Igreja priva os casamantos assim contraídos das bênçãos solenes, que se compraz em lançar sobre os seus verdadeiros filhos, mostrando por isso a tristeza ea inquietação que lhe causam estas uniões, tão prejudicias à fé.

Por que deve a religião ocupar o primeiro lugar das exigências formuladas pelos pais, quando se trata de escolher um companheiro ou uma companheira para seus filhos?
1º- "Porque, para os cristãos, o casamento não é somente uma união de vidas, mas a fusão das almas, fusão que não pode ser real e completa, se não houver a comunicação da religião"; (P. Hoppenot)

- porque, sendo o matrimônio um sacramento dos vivos, seria um sacrifício recebê-lo sem ser em estado de graça, e, por conseqüência, sinceramente religioso;

- porque um jovem ou uma donzela que amam como se devem amar, isto é, que tanto cumprem preceitos religiosos como os deveres mundanos, nunca poderão consentir na ligação de sua vida à duma criatura sem religião, em estado perpétuo de condenação às penas eternas; por conseguinte, só desposarão um cristão praticante.

Que incoveniente haveria em desprezar esta recomendação?

"Há de temer que o homem sem religião diminua, pouco a pouco, a religião da sua companheira e acabe até por extingui-la. Far-lhe-á primeiramente abandonar as práticas de devoção e de conveniência; depois, os deveres essenciais; a seguir os princípios, os sacramentos, o Decálogo, a Igreja, Jesus Cristo, o próprio Deus. Em poucos anos, a piedade da esposa torna-se frouxa, a sua fé abala-se, desconcerta-se, as suas recordações da educação cristã esfriam e desaparecem, a sua consciência parece um farrapo. Um belo dia, a mulher encontra-se ao nível do homem. Ei-los semelhantes um o outro, sem práticas, sem crenças, sem esperanças, como dois astros extintos, como dois anjos fulminados".
(Mgr. Gibier, A desorganização da família, p. 136)

- Se é a mulher que não tem religião:

- O marido bom cristão não pode ser feliz;
- demais, está constantemente em perigo de perder a fé;
- o marido que, de fato, não é cristão, nunca o chegará a ser;
- "a mulher lançará uma nódoa no nome do seu marido, e tornará o seu interior suspeito e infeliz" (Mgr. Pichenot);
- a mulher nunca poderá educar cristãmente os seus filhos.

Liga-se, geralmente, bastante importância a esta questão de religião?
Não cremos.

E fazemos votos porque todos os noivos possam repetir com sinceridade as palavras do duque Luís da Turíngia, o feliz esposo de Santa Isabel da Hungria:

"Eu quero possuir a minha Isabel. Pela sua virtude e piedade, quero-lhe mais que a todas as terras e a todas as riquezas do mundo". (Montalembert, Santa Isabel da Hungria, cap. V)

Que é preciso exigir em relação à maneira de proceder?

"O homem que, na sua primeira juventude, cometeu algumas fraquezas, poderá, pelo menos se estiver seriamente convertido, desempenhar fielmente os seus deveres de pai e de esposo. Mas, se se mostrou francamente libertino, evitai consentir em tal casamento; há imensas probanilidades de que um jovem, por tanto tempo e fundamentalmente imerso no vício, recaia, mais dia menos dia, nos seus desregramentos".
(Charruaum Às mães, p. 233-234)

"Com respeito a uma donzela, deve
-se ser mais severo. Na grande maioria dos casos, não podeis confiar nela se, na sua juventude, as suas relações mesmo superficiais não foram de todo irrepreensíveis. Para cometer estas faltas, ela devia ter violado o pudor natural do seu sexo. Estas fraquezas indicam uma tendência bem acentuada para o mal. Há a recear novas recaídas".
(Charruaum Às mães, p. 233-234)

Deve fazer-se grande caso da saúde?
"Sem dúvida nenhuma, pois que a saúde é um fator necessário na criação duma família (P.Hoppenot). Há jovens que nunca deveriam casar e que fazem necessariamente do seu diadema nupcial uma mortalha; jovens que encontram o seu ataúde no berço do primeiro recém-nascido. Há jovens que só transmitem a vida entregando-se à morte, e cujos filhos expiarão a sua imprudência, para não dizer outra coisa".
(Mgr. Pichenot)

Há muito tempo que o Espirito Santo disse:

"Um corpo cheio de vigor vale mais que os maiores rendimentos. Não; não há riqueza possível ao tesouro duma boa saúde". (Ecli. XXX, 15,16)

É preciso também fazer caso da ciência?
É o P.Hoppenot que nos vai responder:

"Da ciência religiosa necessária à salvação, sim; e também das ciências profanas necessárias ao marido no seu mister ou profissão. Na escolha que fizer, nada melhor que o homem ligar-se a uma mulher cultivada, capaz de o seguir e de o compreender, se, deixando, por um instante, a vulgaridade da vida, sentir prazer em aportar às regiões do espírito e do gosto; mas que o homem se defenda da mulher sábia.

Que esqueça que a sua tarefa é estar em sua casa, e que é duma sopa bem feita que se vive e não duma bela linguagem".

Quanto a diplomas, dois são indispensáveis à jovem esposa na sua casa:

Diploma elementar: diploma de amabilidade.
Diploma superior: diploma de dedicação.

Não haverá nada melhor que a ciência e o espírito?
- O senso firme e reto: "Uma mulher sensata edifica a sua casa, e uma mulher insensata destrói-a por suas próprias mãos", dizem os Provérbios (XIV, 1);

- a serenidade de espírito.

"Os pais que pensam  em casar uma filha, desejam ordinariamente encontrar um genro sério. Mas, se se trata de casar um filho, a seriedade do espírito não passa, muitas vezes, a seus olhos, duma qualidade meramente acessória para a donzela que deve ser a sua companheira. 'A minha nora é uma tontinha que só pensa em divertir-se, dizia um dia uma dama, que tinha por toda a parte a reputação de pessoa sensata; mas, acrescentava ela, é encantadora, e, além disso, a seriedade de meu filho vale pela dos dois; de resto é preciso que a mulher o desemburre um pouco e que não se demore nesse trabalho".
(Charruau, Às mães, p. 28)

Que tristeza.

Que se deve exigir em relação à coragem?
- Os pais que querem seriamente a felicidade de suas filhas, nunca devem aceitar para genro um homem, sem posição, sem carreira sem uma ocupação certa...

- Não devem escolher de maneira nenhuma uma nora que não tenha o amor do trabalho e do trabalho manual.

"Se eu quisesse mal a um jovem, e se a vingança fosse permitida, desejar-lhe-ia para esposa uma ledora de romances". (Mgr. Pichenot)

É permitido procurar a beleza?
"Com certeza, responde o Catecismo do Concílio de Trento. Jacob, na Escritura, não é censurado por ter preferido Raquel a Lia, por causa da sua beleza. Mas com uma condição: Que esta beleza não seja uma máscara enganadora, mas sim o reflexo duma alma virtuosa". (P.Hoppenot)

As pessoas sérias desconfiam sempre um pouco:

"Não quereris, dizia-nos um dia um jovem de muito senso, desposar uma jovem cuja beleza desse que falar. Julgar-me-ão, talvez, original; mas tenho esta convicção muito arraigada". Não tinha razão? (Charruau, Às mães, p. 241. O Talmude conta que duas vezes por ano as jovens filhas de Jerusalém, vestidas de branco, iam dançar nas vinhas, dizendo: Vede rapazes, e tratai de escolher bem; não vos prendais com a beleza, mas consultai antes a família, porque a graça é enganadora e a beleza é vã. A mulher que teme a Deus é que será louvada).

Que se deve pensar da fortuna?
- É permitido desejar um dote suficiente, que permita sustentar a posição de cada um e educar, sem grandes dificuldade, um grande número de filhos;

- mas fazer da fortuna a questão principal, à qual se subordinem todas as outras é, ao mesmo tempo, insensato e anti cristão.

"A menina X é amável e boa; havia de dar uma excelente mulher; agradar-me muito, mas não tem nada! É impossível pensar nisso.


Não gosto desta menina; se não fosse tão rica, não pensaria nela um instante... Mas que dote! que esplêndido dote! É caso para pensar: Nunca poderia esperar um tão belo partido. Seria, na verdade um grande estúpido se não aproveitasse esta ocasião!... Decididamente aceito!"
(Charruau, Às mães, p. 240-241)

É este, na verdade, um raciocínio sem razão, mas está na moda. Não é uma companheira que se procura, é um dote; e crê-se, de boa mente, ser-se muito sensato quanto tão loucamente se procede (Charruau, Às mães, p. 240-241).

- Que os pais se não esqueçam nunca do velho provérbio: "Mais vale fama que riqueza". E que o jovem se persuada de "que a fortuna da mulher não substituirá nunca no lar a afeição verdadeira e desinteressada". (P. Hoppenot)

Que se deve pensar das relações que precedem o casamento?
- São necessárias.

Como no casamento não há noviciado, diz São Frncisco de Sales, quero que haja, ao menos, um apostolado; porque não admito que se case primeiramente e que se ame depois, se for possível.

É preciso então que os jovens saibam previamente se são feitos um para o outro, se se podem compreender e amar. Daí, a necessidade das entrevistas.

- São perigosas.

Quanto mais puros são os jovens, mais expostos então a ser arrastados pela violência das suas afeições nascentes. E, depois, o casamento poderá não se fazer: é preciso então que o rompimento não se torne impossível, se for julgado necessário.

Por conseqüência, as entrevistas serão pouco frequentes, cheias de reserva, sempre na presença e sob a vigilância duma mãe. Enfim, quando o casamento estiver decidido, que se faça o mais depressa possível.

(Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: III - O desinteresse)

PS: Grifos meus.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Oração pelo clero

Oração pelo clero


Deixai, ó Jesus, que em Vosso Coração Eucarístico,
depositemos nossas mais ardentes preces
pelo nosso Clero e sede propício nos nossos pedidos.

Multiplicai as vocações sacerdotais em nossa Pátria; atraí ao Vosso altar os filhos do nosso Brasil; chamai-os com instância ao Vosso Ministério. Conservai, na perfeita fidelidade ao Vosso serviço, aqueles a quem já chamaste: afervorai-os, purificai-os, santificai-os, não permitindo que se afastem do espírito da Vossa Igreja.

Não consistais, ó Jesus, nós Vos suplicamos, que debaixo do céu brasileiro sejam por mãos indignas profanados os Vossos mistérios de amor. Também Vos pedimos com instância: deixai que a misericórdia de Vosso Coração vença a Vossa Justiça divina por aqueles que se recusaram à honra da vocação sacerdotal ou desertaram das fileiras sagradas.

Atendei, ó Jesus, a esta insistente oração,
vo-lO pedimos por Vossa Mãe,
Maria Santíssima, Rainha dos Sacerdotes.

Ó Maria, a Vosso Coração confiamos o nosso Clero;
guiai-o, guardai-o, protegei-o, salvai-o.

(100 dias de indulgência aos que recitarem esta oração,
antes ou depois da comunhão sacramental ou espiritual - Rio 27-X-1922)

Coração Eucarístico de Jesus, modelo do Coração Sacerdotal,
tende piedade de nós.

(300 dias de indulgência. - Pio X)

J. S. Bach - Andante 2

J. S. BACH
ANDANTE 2


Mortificación del amor propio

Mortificación del amor propio


Tratado de la vida espiritual
San Vicente Ferrer

Prepárate, además, para sufrir, por el nombre de Cristo, todos los oprobios, todas las cosas ásperas y adversidades. Todo deseo o pensamiento que te sugiera cualquier apetito de grandeza, bajo cualquier pretexto, mortifícalo en su mismo principio y nacimiento, como a cabeza del dragón infernal, con el cauterio que es el báculo de la Cruz, trayendo a tu memoria la humildad y la durísima pasión de Cristo, el cual, huyendo de quienes le querían hacer rey (17), abrazó voluntariamente la Cruz, menospreciando toda ignominia (18). Huye con horror de toda humana alabanza, como de un mortífero veneno y gózate en tu desprecio, considérate de veras y de corazón como quien merece ser despreciado por todos.

"Contempla continuamente tus defectos y pecados, agravándolos cuanto puedas. Los defectos de los demás, échalos a la espalda, como si no los vieras y, si los ves, procura disminuirlos y excusarlos, compadeciéndote y ayudando a quienes los tienen, en lo que puedas. Aparta los ojos de tu mente y los de tu cuerpo de la conducta de los demás, a fin de que puedas verte a ti mismo a la luz del rostro de Dios. Examínate continuamente a ti mismo y júzgate siempre sin disimulo. En todas tus obras, en todas tus palabras, en todos tus pensamientos, en toda lectura, repréndete a ti mismo y busca encontrar siempre en ti materia de compunción, pensando que el bien que haces no está perfectamente hecho, ni con el fervor que debería hacerse; más bien, manchado con muchas negligencias, de manera que con razón todas tus obras buenas deben ser comparadas con un paño inmundo(19)". (20)

Repréndete, pues, continuamente a ti mismo. Y no permitas pasar por alto en ti, sin severa corrección, no solo las negligencias en palabras y obras, sino también en los mismos pensamientos, y no digo solo los malos sino también los inútiles, reprendiéndote gravemente a toda hora en presencia de tu Dios, clamando por los pecados cometidos y considerándote delante de Dios más vil y miserable por tus pecados que cualquier otro pecador por cualquier otro pecado, y digno de ser castigado y excluido de los gozos celestiales, si Dios obrara contigo según su justicia y no según su misericordia, habiéndote regalado con tantas gracias, sobre muchos otros, a las que tu  has correspondido con ingratitud.

"Considera también diligentemente y medita con mucha frecuencia con vivo sentimiento de temor, que toda aptitud para el bien y toda gracia, así como toda solicitud para adquirir las virtudes, no lo tienes por ti mismo sino que te lo dio Cristo por su sola misericordia y, si quisiera, lo podría dar a cualquier renegado, dejándote a ti abandonado en el fango cenagoso y en el lago de la miseria (21). Piensa, además, y procura convencerte, persuadiéndote en lo posible a ti mismo, que no hay ningún renegado, o cualquier pecador, que no hubiese servido mejor a su Dios que tú, y que no hubiese reconocido mejor los beneficios de Dios que tú, si hubiera recibido las gracias que tu has recibido, por su sola gratuita bondad divina y no por tus propios méritos. Por lo cual, puedes juzgarte a ti mismo, sin engaño, como el más vil y bajo de todos los hombres y temer con fundamento que por tu ingratitud, Cristo te eche fuera de su presencia" (22).

Sin embargo no te digo que por esto has de pensar que estás fuera de la gracia de Dios, ni que estés en pecado mortal, aunque otros pecadores tengan innumerables pecados mortales. Lo cual está oculto para nosotros, no tanto porque el juicio humano es engañoso sino por la súbita contrición y la previa infusión de la gracia divina.

Cuando humillándote a ti mismo te comparas con los demás pecadores, no conviene que desciendas en especial a sus pecados en detalle, sino solamente en general, comparando sus pecados con tu ingratitud. Por lo demás, si quieres considerar sus pecados en especial, "puedes transformarlos por semejanza en los tuyos, increpándote en tu conciencia: Aquel es homicida, y yo, miserable, ¡cuantas veces he matado mi alma! Aquel es fornicario y adúltero, y yo ¡todo el día estoy fornicando y adulterando, apartando mis ojos de mi Dios y entregándome a las sugestiones diabólicas!. Y así en lo demás" (23).

Pero si notas que el diablo te quiere inducir por tales reprensiones a la desesperación, entonces deja tales reprensiones y ábrete a la esperanza, considerando la bondad y clemencia de tu Dios, que con tantos beneficios te ha prevenido, sin dudar de que quiere perfeccionar en ti su obra ya comenzada (24). De ordinario no hay que temer esta desesperación en el hombre espiritual, que ha experimentado cierto conocimiento de Dios. Por tanto, hay que cuidar y vigilar con todo interés esta increpación. Porque podría suceder, y sucede muchas veces, en el principiante esta situación, especialmente en aquel al que Dios ha librado de muchos males en los que estaba envuelto.

17 Cf. Jn., 6, 15.
18 Cf. Hb., 12, 2.
19 Is., 64, 5.
20 LODULFO DE SAJONIA, Vita Christi, I, c. 16.
21 Sal., 39, 3.
22 LODULFO DE SAJONIA, Vita Christi, I, c. 16.
23 LODULFO DE SAJONIA, Vita Christi, I, c. 16.
24 Cf. Flp., 1, 6.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Criança tocando violino

Criança tocando violino


A educação sobrenatural: XV- A vocação para a vida cristã no mundo

A EDUCAÇÃO SOBRENATURAL


XV - A VOCAÇÃO PARA A VIDA CRISTÃ NO MUNDO

"Falai, Verbo eterno, e falai assaz alto para vos fazerdes ouvir, apesar do ruído confuso que os meus sentidos e as minhas paixões produzem no meu espírito."
(Mgr.Pichenot)

Que comporta, sob o ponto de vista da educação, a vida cristã no mundo?
Duas coisas:

- A escolha duma profissão manual ou liberal;
- ordinariamente, pelo menos, o matrimônio.

1º- A escolha de uma profissão

Que se deve considerar, antes de mais nada, quando se trata de determinar a profissão do filho?
É preciso considerar, primeiro que tudo, as tendências e as aptidões...

Os pais seguem sempre fielmente esta recomendação?
Não, infelizmente.

Seja por ignorância, seja por egoísmo, seja por interesse, um certo número de pais dão a seus filhos, um gênero de vida que nem lhes agrada, nem lhes convém...

Que devem fazer os pais para evitar a decisão prolongada (escolha de carreira) nos filhos?
- Devem esforçar-se por deslindar as aptidões, as forças, as aspirações da criança que lhes é confiada;

- Devem ouvir, recolher, reter e explorar as pequenas confidências que certas circunstâncias fazem brotar do seu coração: "Eu quero ser religioso e tratar os doentes; eu quero ser religioso e orar por aqueles que nunca oram; eu quero ser soldado e morrer pela Pátria".

"... Mães portuguesas (Nota de rodapé: No original diz: mães francesas): deveis ter respeito por aquelas palavras, e alegrar-vos com elas. Não são a prova duma vocação, pela simples razão de que se não pode dizer: 'Sei uma língua difícil', quando se balbuciam apenas uma ou duas frases. Mas podem anunciá-la; e ficarão retraídas e nunca mais as ouvireis, se zombardes delas, se vos mostrardes indiferentes ao impulso desta pequena alma, que revelava o sacrifício e se dispunha para ele. São esses os mistérios em que tocais diariamente".
(René Bazin, Um dever maternal, artigo do Eco de Paris)

- Se estas confidências escasseiam completamente, os pais deverão provocá-las, multiplicando as situações susceptíveis de revelar a criança a si mesma: Corrégio, Lesueur, etc., encontraram, num instante, graças a uma circunstância reveladora, o caminho por onde deviam seguir.

Que mais se deve ainda considerar antes de determinar a profissão da criança?
- É preciso atender à saúde, para não se imporem à criança obrigações que não poderia cumprir, ou às quais não poderia fazer frente, a não ser se esgotasse antes da idade.

- É preciso atender ao nascimento, para não lançar a criança num meio social onde seria tentada a envergonhar-se de seus pais e de sua família.

3º- É preciso atender à fortuna, para não colocar imprudentemente a criança numa situação instável e expô-la, ao menor choque, a desabar na ruína.

Que se deve fazer depois de ter determinado a profissão da criança?
É preciso dar-lhe ou mandar-lhe ministrar uma educação em relação com a função especial que vier a desempenhar na sociedade.

Mgr. Dupanloup chama situação popular àquela que prepara  para as profissões operárias e agrícolas; educação intermediaria à que a encaminha para as profissões industriais e comerciais; e alta educação literária à que forma para as profissões liberais. (Da educação, T.1, p. 258)

2º- O matrimônio

Como se devem os pais encarar a questão do casamento de seus filhos?
- Com discrição.
- Com prudência.
- Com desinteresse.

I - A discrição

Sobre que deve exercer-se a discrição dos pais?
A discrição dos pais deve ter por objeto:

- a própria decisão;
- os meios de a fazer conhecer;
- a maneira de compreender a nova vida dos jovens esposos.

Por que devem os pais encarar com discrição a decisão que seus filhos podem tomar, com relação ao matrimônio?
Porque o "casamento exige uma verdadeira vocação" (Charruau, Às mães, p. 222); e esta vocação não deve ser considerada como absolutamente certa, pelo único fato de se tratar dum assunto que nem se relaciona com o estado eclesiástico, nem com a vida religiosa.

"Evitai aconselhar a vossos filhos o casamento, se eles não sentirem nenhuma inclinação para este estado de vida. Muito provavelmente não são chamados a ele; de outra forma é bem de crer que se sentissem atraídos".
(Charruau, Às mães, p. 222)

Qual seria o melhor meio de resolver prudentemente a questão?
Seria dar aos interessados alguns dias de recolhimento, de exercícios.

Qual seria o objeto especial deste recolhimento?
- Um estudo: o estudo da vocação em geral, e mais especialmente do chamamento para a vida do matrimônio.

- Uma promessa: a promessa de cumprir na vida conjugal, se para ela se for chamado, todas as obrigações que se impõe ao cristão.

Qual é o segundo objeto da discrição dos pais?
Consiste em não crer que, para conseguir colocar as suas filhas, seja preciso fazer de tudo de afogadilho, levá-las a todas as festas, vesti-las ridiculamente com trajes que dão na vista, etc.

"Fazer-se notar não é necessariamente distinguir-se. Longe disso".
(Nicolay, As crianças mal educadas, p. 159)

... O que é preciso, é preciso. O que quer dizer que as pessoas sérias sabem tão bem dosear a reserva e a complacência, as obrigações da vida de família e as concessões que convém fazer à vista da sociedade, a modéstia e a expansão, que a estima e a simpatia se ligam ao seu nome, que conseguem uma reputação sólida e de valor, e que obtém o melhor resultado, pelo emprego dos melhores meios.

Quais são as obrigações que a discrição impõe aos pais, após o casamento de seus filhos?
- Os pais devem eclipsar-se e condescender em nunca mais ocupar o primeiro lugar no coração do filho e da filha.

É Deus que assim o quer. "O homem deixará seu pai e sua mãe para se unir a sua esposa, e serão dois numa só carne". (Gen, II, 24) E, tanto pela força das coisas, como pela própria graça do sacramento, uma afeição nova se apodera do coração, soberana e dominadora; o amor destrona a piedade filial, embora a não extinga: Pode, acaso, uma filha desligar-se de seu pai? Não, sem dúvida.

Mas, este filho e está filha amam duma outra maneira; a hierarquia dos sentimentos sofreu modificações, e são os pais os sacrificados. Isto é penoso, mormente para a mãe; e não nos admiramos de que produza algumas vezes uma tentação de ciúme. Não era Branca de Castela, essa mãe tão perfeita, ciosa de Margarida de Provença, mulher de Luís?

Mas é preciso resistir a isso a todo o custo. Uma mãe cristã há-de encontrar na sua fé e na graça de Deus a força de se esquecer, de impor silêncio à natureza, e de repetir, sem amargura, as palavras de São João Batista: Oportet illum crescere, me autem minui- É preciso que ele cresça e que eu diminua (João, III). Para eles, a afeição e a felicidade; para mim, o esquecimento e a solidão.

- Os pais, quando puderem, devem tomar à letra o princípio: Cada um em sua casa.

"É raro, com efeito, que os jovens se encontrem bem em casa de seus pais; e é mais ainda que os pais se encontrem bem em casa se seus filhos. Influências que se cruzam no lar doméstico provocam cedo ou tarde choques e conflitos inevitáveis. A prudência está em saber evitar as complicações. Não há lugar para duas abelhas-mestras na mesma colmeia; é preciso que o novo enxame, que os novos esposos sejam senhores de si, se coloquem noutra parte e vivam em sua casa".
(Mgr. Pichenot)

Que, ao menos, sejam senhores da sua vontade.

(Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: II- A prudência)

PS: Grifos meus.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O terço. Exame de consciência

O terço
Exame de consciência


Por ventura rezo o meu terço todos os dias, salvo impedimento absoluto? Os meus ócios, consagro-os eu, de tempos em tempos, à reza do terço?

Vemos às vezes no comboio pessoas que passam discretamente o terço. E eu sinto tal piedade? Como é que eu rezo o meu terço? Duma maneira negligente, de braços caídos, com os olhos distraídos?

Quanto tempo consagro ao terço?

Alguém prentederá talvez rezá-lo em oito minutos porque tem a língua muito solta. Mas um terço representa cinquenta Ave-Marias e cinto Pater, cinco Glórias. Supõe-se que há meditação. E tudo isso se vai fazer em oito minutos? ...

Não somente rezemos o terço, mas rezemo-lo bem.

Quando morrermos, que é que nos colocarão nas mãos? Os nossos dedos apalparam tantas coisas! De todas elas conservam só duas. O crucifixo se colocará simplesmente entre os nossos dedos. Mas enrolar-se-á o terço à volta delas como que prendendo-as com uma doce cadeia de amor, de sorte que, mortos, parecemos rezar ainda com fervor o nosso terço... Que bom será um dia para nós termos rezado fielmente o terço!

Batei e abrir-se-vos-á.
Terei eu batido à porta!
Terei gritado: "Mãe! Mãe! Socorro!"

Cinquenta vezes por dia terei tocado o sino da misericórdia de Maria.

Cinquenta vezes por dia, terei suplicado: "Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte."

Mãe, lembrai-vos!

(Excertos do livro: Em face do dever - Volume II, pelo Pe. G. Hoornaet, S.J, traduzido por Pe. M. da Costa Maia, o original que serviu para esta tradução é o da 1ª Edição francesa que tem por título: "Face au Devoir", livraria Cruz, Braga, 1954)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os deveres recíprocos dos cônjuges

Os deveres recíprocos dos cônjuges


(...) 2- Os deveres do marido são principalmente: o governo da casa e da família, o cuidado da manutenção, do vestuário e da habitação da família.

O marido comete pecado não proporcionando à esposa um modo de vida conveniente a seu estado ou impondo-lhe trabalhos que senhoras de sua condição não costumam fazer.

3- Os deveres da esposa derivam de sua condição de companheira do marido; ela deve cuidar das coisas domésticas, em dependência do marido.

A esposa peca descuidando-se dos trabalhos domésticos ou fazendo, contra a vontade do marido, despesas de bens de família, ultrapassando as despesas que as senhoras de sua condição costumam fazer. Ela pode governar a casa independentemente se o marido não se incomodar com isso ou for incapaz de o fazer.

(Compêndio da moral católica, Pe. Heriberto Jone O.M.Cap.; Doutor em Direito Canônico e professor de Teologia, traduzido da 10ª edição original e adatado ao Código Civil Brasileiro bem como às prescrições do Concílio Plenário pelo P.Roberto Fox S.J, edições A Nação, 1943)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Oração preparatória para a meditação

Oração preparatória para a meditação



"Recolhei em Vós, Senhor Jesus, todos os meus sentimentos. Purificai também o meu coração de todos os pensamentos perversos e estranhos. Iluminai-me a inteligência, inflamai-me os afetos, para que atenta e devotamente possa empregar, nesta oração, os sentimentos do corpo e as faculdades da alma para Vossa glória e minha salvação, e assim mereça ser atendido, na presença da Vossa divina Majestade, pelo Vosso sacratissimo Coração. Assim seja. Senhor Jesus, ofereço-Vos esta oração, unida à divina intenção do Vosso Coração, com a qual na terra tributastes louvores a Deus".
(A Jesus os corações ou imitação do Sagrado Coração de Jesus pelo Pe. Pedro Arnoudt S.J, editora Vozes LTDA Petrópolis, ano de edição 1941)