Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
As crianças
precisam mais de encorajamento do que de punições
(FÉNELON).
• Acreditar na realidade das boas disposições é
criá-las e aumentá-las.
• A idéia do julgamento ou da opinião que fazemos
da criança desempenha um papel importante na confecção dessa tela
psicológica sobre a qual os seus atos e pensamentos bordarão dia a dia um pouco
de sua vida.
• Quem quer que se persuada da incapacidade de
fazer uma coisa, dela se torna realmente incapaz.
• Não é mau que a criança confie em si própria. Em
definitivo, é melhor um pequeno excesso do que falta de autoconfiança. O “posso
mais” é um estimulante mais forte do que o “não sirvo para nada” ou o
“nunca conseguirei coisa alguma”.
• Nada desestimula mais do que a indiferença:
“Afinal de contas, não fizeste mais do que o teu dever; se não
te digo nada, é que está bem.” A criança precisa de algo mais; é
feliz quando se sente olhada e aprovada pelos que estima e ama!
• A confiança facilita a ação; a desconfiança suscita
o desejo de agir mal.
• Não tenhamos medo de mostrar às crianças nossa
confiança em suas possibilidades, o que será mesmo, por vezes, o melhor
meio de despertar-lhes certas qualidades ainda adormecidas. Lembremo-nos
das observações de Goethe, que vale tanto para as crianças como para os
adultos: “Olhar os homens como eles são é torná-los piores; tratá-los
como se fossem o que deveriam ser, é conduzi-los aonde devem ser
conduzidos.”
• Nos elogios como nas reprimendas, nas recompensas
como nas punições, é preciso ter medida, lógica e justiça. Medida, porque o
excesso acaba por desconcertar e mesmo por fazer duvidar do julgamento de
quem detém a autoridade. Lógica, porque nada significa felicitar hoje por
uma ação que ontem mereceu uma crítica. Justiça, porque uma
recompensa imerecida perde o interesse e a força.
• É preciso encorajar a criança mais pelo esforço
praticado do que pelo resultado obtido. O objetivo é fazer com que a
aprovação dos pais tenha mais importância do que um torrão de açúcar ou do
que um doce.
• Há casos em que é lícito servir-se do amor-próprio,
como por exemplo: “Procura fazer Este esforço, é difícil mas
creio que podes consegui-lo.”
• É preciso evitar as lisonjas que levem a criança a
se comparar vantajosamente às outras. O melhor é fazer com que
verifique os progressos realizados sobre si mesma, dando-lhe a perceber que
pode fazer melhor ainda. A
criança é essencialmente sugestionável. Dizermos sem cessar que ela é
desajeitada, egoísta, mentirosa, etc..., é conduzi-la a um atoleiro de
onde não mais poderá sair.
• Quão mais sadia é a sugestão inversa que
consiste em repetir com obstinação a uma criança com tal ou qual defeito,
que ela pode apresentar algumas manifestações de fraqueza mas que,
precisamente, está em vias de curar-se.
esse projeto comporta, para seu êxito, um segredo a
guardar, como por exemplo os preparativos para o aniversário
de mamãe.
• A criança toma gosto pelo esforço que lhe vale a
nossa aprovação. Há impulsos que são mais simples desejos de impulso,
e não ultrapassariam essa fase caso fossem apoiados pelos circunstantes. Uma
aquiescência oportuna imprime coragem e confiança nos que ainda têm passos
hesitantes. Nada encorajará mais uma criança do que dizer-lhe, ao ouvi-la
exprimir um pensamento justo: “Sim, tens razão”, e de lembrar habilmente
na oportunidade: “Como acabas de dizer”, ou “Como há pouco dizias”.
• Fazer com que uma criança verifique os seus
progressos é encorajá-la a progredir neles.
• Se a criança fracassa, nada de rigor desde que
houve de sua parte um esforço leal.
• Cumpre evitar fazer elogios sem reserva às
crianças. A discrição é quase sempre necessária. É claro que testemunhamos
nossa estima: “Sempre acreditei que eras capaz disso e de mais ainda.”
Estimulemos mas não tratemos a criança como se ela fosse uma perfeição
confirmada em graça. A criança, a quem exprimimos sem cautela e sem medida
todo o bem que dela pensamos, corre o risco de tornar-se imediatamente
gabola ou um pavãozinho enfatuado dos seus próprios méritos.
O estímulo a uma criança poderá às vezes
traduzir-se numa recompensa material: doces, brinquedos, algumas moedas.
Mas não abusemos: há nisso uma solução de facilidade. Um dos perigos desse
método é o de taxar e comercializar os esforços de ordem moral que,
essencialmente, devem encontrar solução na aprovação afetiva dos circunstantes,
e satisfação na própria consciência. Além disso, há ainda outro perigo: à
medida que a criança crescer, é preciso recorrer a recompensas cada vez
maiores. Não é comum ver pais que imprudentemente prometem uma bicicleta
ou um manto de peles com risco de comprometerem o orçamento familiar?
• Pode suceder às vezes que os resultados não
tenham estado à altura da boa vontade e dos esforços sinceros
da criança. Evitemos acabrunhá-las e até mesmo, para que não fique
sob uma impressão deprimente de fracasso, procuremos pôr em relevo a
qualidade demonstrada.
• Anita (4 anos) e Bernardo (5 anos e meio) voltam de
um passeio. Os chinelos da irmãzinha ficaram no quarto do
primeiro andar. Bernardo se oferece gentilmente para ir buscá-los.
Sobe correndo a escada e volta triunfante, trazendo um par de chinelos
que, infelizmente, não são os de Anita. Em vez de ralhar com
Bernardo, de dizer-lhe: “Que boboca, bem que podias prestar mais atenção,
estás sempre fazendo tolices!”, é preferível dizer: “Foste muito gentil
querendo trazer os chinelos de tua irmãzinha! O par que trouxeste é mesmo
tão parecido com o dela que dá para fazer confusão; portanto, vais ter
novamente a gentileza de... ” A criança compreenderá depressa e subirá de novo
a escada com alegria, duplicando assim o valor do seu gesto fraternal.