sábado, 31 de julho de 2010

A ALMA ABANDONADA DEVE CONTAR COM A PERSEGUIÇÃO

A ALMA ABANDONADA DEVE CONTAR COM A PERSEGUIÇÃO

"Os que quiserem viver piedosamente em Jesus Cristo
sofrerão perseguição".
(II Tim 3,12)

É São Paulo quem o diz sob a inspiração do Espírito Santo.

Nos começos, a alma naturalmente boa acha que na vida tudo lhe sorri. Entrega-se descuidada ao que lhe agrada e atrai. Julga que todos os homens são retos e simples como ela. Esta ilusão dura pouco. Em breve constata que o amor que lhe manifestam, a bondade com que a tratam não andam sem mistura e muitas vezes não passam de um verniz, de uma aparência, digamos de um véu, sob o qual se esconde muitas vezes o egoísmo.

Quanto mais lida com os homens, mais descobre em muito deles a frieza de coração, a pequenez de sentimentos, e estreiteza de vistas. Esses defeitos, pode encontrá-los mesmo naqueles que lhe parecem virtuosos e instruídos. E a verdade é que, por uma série de experiências pessoais, acaba por constatá-los em si própria.

E não se engana. Todo homem é por natureza limitado em todos os sentidos: em inteligência, prudência, reflexão e conselho.

O amor-próprio egoísta amesquinha extraordinariamente o coração humano; e o mesmo faz a ambição com o espírito. A mesquinhez e estreiteza de vistas, a obstinação nas próprias opiniões desfiguram as melhores almas. Muitas vezes, sem dúvida, estes defeitos não são culpáveis, mas são reais e com frequência tornam difícil o convívio prolongado, mesmo entre pessoas que têm o mesmo nível espiritual ou no seio da família.

Sabe-se muito bem que, de parte em parte, as intenções são excelentes, mas os pontos de vista e os temperamentos diferem. De parte a parte, a vontade é boa, mas o modo de ver as coisas é diverso e, muitas vezes, contraditório.

Se a dificuldade se limitasse a esses atritos e incompatibilidades de gênio e opinião, seria suportável; bastaria uma virtude comum para vencê-la. Mas acontece que essa surda divergência se sentimentos e pontos de vista rompe em oposição confessada, em alerta desaprovação.

A alma bem-intencionada sente-se rodeada de suspeitas, contrariada, tolhida nos seus melhores propósitos. Julgando chegar a Deus por um simples movimento do coração, vê-se objeto de desconfianças, censuras. Esses amigos, colegas ou familiares não toleram que ela se comporte de modo diferente dos outros, que se dedique à oração e a outras práticas espirituais, que se prive de certos divertimentos ou corte algumas relações que eles julgam necessárias.

E não se limitam a julgar e comentar. Se a alma persiste na sua linha de conduta, começa a perseguição, ora velada, ora às claras. Movem todos os recursos para demovê-la e paralisá-la: a zombaria, os comentários desfavoráveis e até, por vezes, a calúnia.

A perseguição nem sempre tem este caráter agudo; permanece muitas vezes latente e surda. Há mesmo almas que não chegam a ser atingidas, seja porque a sua situação, o comportamento inatacável e o ascendente das suas virtudes desarmam ou paralisam o inimigo, seja porque a sua vida sem alardes as subtrai a essas investidas.

É fora de dúvida, porém, que em geral as almas interiores devem contar, mais cedo ou mais tarde, com a prova da oposição sob esta ou aquela forma, e estar preparadas para enfrentá-la com proveito.

(O dom de si, vida de abandono em Deus, pelo Pe. Joseph Schrijvers)

PS: Grifos meus.

Santo Ignácio de Loyola, Confessor

Dia 31 de julho
Santo Ignácio de Loyola


Companheira da humildade é a castidade, que em Santo Ignácio foi coisa maravilhosa. Depois que viu a Virgem durante sua conversão, não consentiu e mesmo não teve mais a menor tentação contra a pureza.

Depois disso andava com tanto recato, que nunca mais olhou no rosto a mulher alguma, mesmo que fosse muito devota e tratasse de coisas santas. Ele destilava tanta pureza que só com o vê-lo a pessoa era levada a pensamentos castos.

Vigiava tanto seu interior, que não lhe passava pela mente nenhum pensamento que fosse ocioso. Examinava sua consciência de hora em hora para purificá-la de qualquer pensamento que não tivesse como fim a maior glória de Deus.

Tinha tanta facilidade de unir-se a Deus que, com qualquer coisa, uma flor que fosse, logo se lhe abrasava o coração e se punha a amá-lO. Enquanto rezava, era muitas vezes levantado da terra, desprendendo grandes luzes de si.

Sua devoção a Nossa Senhora era terna e filial. Em todos os oferecimentos que de si fazia a Deus, era pondo sempre a Santíssima Virgem como intermediária.

Todos os dias, logo que despertava, a primeira coisa que fazia era rezar o rosário bem vagarosamente, meditando suas palavras. Na vigília de armas que fez em Montserrat, a Ela se consagrou como seu guerreiro. E como Ela o inspirou quando escrevia os Exercícios Espirituais, as Constituições e em todas as suas obras.

Sua fé era tão grande que dizia que, se se houvessem perdido todos os livros canônicos e não houvesse na terra alguma firme coluna da verdade, mesmo assim ele creria em todos os mistérios da fé com tal firmeza, que daria sua vida em sua defesa.

O desejo de ver a Cristo tanto o consumia que desejaria sumamente morrer se sua vida não fosse mais necessária para o bem do próximo. Quando caía doente, a esperança de partida fazia com que se esquecesse de tudo, absorto em Deus.

(Santo Ignácio de Loyola, o Guerreiro de Cristo - Editora Artpress)

O Senhor, herói da guerra...

O Senhor, herói da guerra...

Hoje o nosso modesto blogue completa um ano de existência. Agradeço a Cristo nosso Rei, a Santíssima Virgem Maria e Seu castíssimo esposo São José, aos nossos padroeiros: Santa Bernadette, Santa Filomena e São Paulo da Cruz; ao meu anjo-da-guarda; a todos os santos e anjos do Céu pela proteção e força. Agradeço aos leitores (os que me ajudam com as transcrições de textos, entre outros favores), enfim, hoje é um dia muito feliz. Que tudo seja para honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua santa Mãe.

Busquemos o Céu, o resto passa!
Avante...

PS: Peço orações para esse pequeno apostolado!

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Salmo 24


Do Senhor, é a terra e tudo o que nela existe,
o mundo com seus habitantes,
pois Ele fundou-a sobre os mares,
firmou-a sobre as correntes.

Quem pode subir ao monte do Senhor?
Quem poderá estar no recinto sagrado?
Quem tem mãos inocentes e coração puro,
que não recorre aos ídolos
nem jura em falso.

Esse receberá do Senhor a bênção
e a justiça de Deus seu Salvador.
Este é o grupo que O busca;
que vem visitar-Vos, Deus de Jacó.

Portões, erguei os frontões!
Que se ergam as antigas comportas,
pois vai entrar o Rei da Glória.

Quem é esse Rei da Glória?
O Senhor, herói valoroso,
o Senhor, herói da guerra.

Portões, erguei os frontões!
Erguei as antigas comportas,
pois vai entrar o Rei da Glória.

Quem é o Rei da Glória?
O Senhor dos exércitos,
Ele é o Rei da Glória.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Rainha poderosa

Rainha poderosa

Oh! Salve do Universo,
Rainha poderosa!
Socorrei-nos, bondosa
ó Mãe de piedade!

Alma vida e doçura
de quem sempre em Vós mira,
ampara a quem suspira
pela eterna beldade!

A Vós a voz levanta
minha alma arrependida,
e implora, ó doce vida,
refrigério na dor!

Neste vale profundo
de prantos e amargura,
será tudo ventura
com Vosso divino amor.

Olhai-me com piedade,
ó Mãe, nossa advogada,
e ficará lavada
nossa culpa e error!

Vossos olhos amorosos
de luz clara tão bela,
serão consolo, estrela,
ao justo, ao pecador!

Deste infeliz desterro
à Patria guiai-nos;
do Vosso ventre dai-nos
o Fruto a contemplar.

Ó minha amável Mãe,
ó Clemente Maria,
Dulcíssima Rainha,
em Vós quero esperar!

(Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910)

A formação da vontade - Parte IV

A FORMAÇÃO DA VONTADE
Parte IV


A docilidade em relação à razão e aos conselhos dados

Quando a inteligência é sinceramente esclarecida, quando se elevou à altura dos princípios, quando se lhe dissiparam as obscuridades numa consulta ponderada, que resta fazer?
Nada mais resta que tomar a decisão e pô-la em prática sem demora.

- Que vossos filhos, pais que nos ledes, se habituem a dizer: "Tenho a obrigação de o fazer, faço-o!"

- Que acrescentem: "Faço-o imediatamente!"

Que não adotem nunca esta expressão dos covardes: "Eu bem sei, mas..."

Se o fizessem, quando se trata de coisas conscientemente graves, pecariam contra a razão: e isto é terrivelmente perigoso. Se o fizessem quando se trata de coisas naturais, a vontade perderia toda a delicadeza, toda a sensibilidade, toda a prontidão; deformar-se-ia.

É por isso que às pessoas que têm um programa de vida e não o seguem, diremos francamente: "Se não quiserem seguir o seu programa, queimem-no"!

A utilização do poder moral do sentimento

Que é preciso para bem agir?
É preciso acrescentar à luz fria da idéia pura a paixão arrebatadora do sentimento.

"Só o sentimento que move o coração dá impulsos que triunfam da apatia, ou desperta essas emoções favoráveis que contrabalançam e substituem as emoções hostis".
(Payot, Educação da vontade, t. II, cap. III, em J. Guibert, ob)

Quais são os sentimentos que exercem sobre a vontade uma ação mais eficaz e mais duradoura?
São o temor e o amor.

De resto, o temor não é mais que uma forma do amor. Ele é, diz-nos Bossuet, "um amor que, vendo-se ameaçado de perder o que procura, se inquieta com esse perigo".
(Conhecimento de Deus e de si mesmo, cap. I, p.6)

Foi esse sentido que Joubert escreveu:

"O amor e o temor. Tudo o que um pai de família diz aos seus deve respirar um e outro". (Pensamentos)

Qual é a influência do temor sobre a vontade?
"O temor da polícia assusta o malfeitor; o temor dos castigos eternos impede o cristão de pecar até no recôndito do seu coração; o temor dos juízos humanos impõe a honestidade aqueles homens que a consciência, isoladamente, não poderia governar; o temor de desagradar aos olhos de Deus ou de macular a pureza das consciência leva as almas delicadas ao cumprimento dos próprios conselhos de perfeição."
(J.Guibert)

"O temor tempera as almas como o frio tempera o ferro. A criança que não tiver experimentado grandes temores, não deve ter grandes virtudes".
(Joubert, pensamentos)

Qual é a influência do amor sobre a vontade?
"Para bem agir, é preciso ser sacudido e arrastado por um grande amor".
(J.Guibert)

Santo Agostinho, dizia:

"O meu amor... é este o peso que me arrasta; para onde quer que eu vá, é sempre o amor que me leva" - Amor meus pondus meum, quocumque feror amore feror. (...)

Quais os amores que mais impulsionam a vontade?
- O amor de si próprio. "Este amor inspira o instinto de conservação, o desejo de progredir, a coragem de se vencer pelo esforço e pelo progresso. Quem desconhece a força da ambição?" (J.Guibert)

- O amor dos homens. Quando enche um coração, este amor "leva ao desinteresse e à própria imolação: sacrifícios de tempo, de dinheiro, de paixões, da própria vida, nada parece custar por aqueles a quem se ama". (J.Guibert)

- O amor de Deus. "É o mais poderoso, é o que tem feito mais heróis e mártires. A história da humanidade ensina-nos, com efeito, que o sentimento religioso é o mais profundo, o mais inextirpável, aquele que mais aproxima ou mais divide os homens, aquele que dobra com mais energia as vontades para o cumprimento do dever revelado pela consciência". (J.Guibert)

Se o sentimento desempenha uma tarefa tão importante e tão necessária na formação da vontade, quais são os meios de o exercitar?
Há três principais, especificados por J.Guibert, que nos serve de guia neste pequeno estudo.

- A vida interior.
- A influência do meio.
- A ação começada.

Como é que a vida interior excita o sentimento?
Desta maneira: aquele que a pratica concentra-se, não para se contemplar, mas para ser senhor de si e recuperar todos os seus poderes; para se esclarecer à luz da razão e da fé; para se excitar ao dever e à virtude, ao amor de Deus e ao temor do Seu julgamento; e também para buscar, na oração e nos sacramentos, os socorros de que tem necessidade.

Qual é a influência da vida interior?
Diz-nos a experiência que é entre os que se habituaram à vida interior que se recrutam os gênios e os santos.

"Perguntando-se um dia a Santo Inácio se estaria disposto a aceitar um sacrifício tão heróico como o do consentimento na supressão da sua Companhia, respondeu:
- Precisaria dum bom quarto de hora de recolhimento para me conformar com isso."
(J.Guibert)

(...)

Quais são as coisas que podem exercer uma influência funesta sobre nós e sobre os nossos filhos?
São as artes, os espetáculos, a música, etc. Mas é preciso evitar as representações imorais ou simplesmente livres, a música lasciva, os espetáculos perturbadores.

Pelo contrário, é preciso dar à alma o alimento de que tem fome, contemplando belos quadros, executando boa música, assistindo a espetáculos tonificantes. [N.B: leituras que edificam]

Quais são os homens cujas relações devem ser procuradas?
São os homens de valor.

"O grande homem, quando se encontra ao vosso caminho, traz em si uma influência magnética á qual não escapareis, pelo menos se sois acessíveis aos sentimentos nobres. Não há método mais seguro para se tornar grande do que conviver com grandes homens cotados de bondade".
(Blackie, A educação de si mesmo, p. 95)

Como influem os homens de valor?
- Influem pelos seus exemplos.
E é a melhor eloquência.

"As palavras de Ambrósio interessavam Agostinho, mas não o arrastavam; para mover esta grande alma, era preciso o exemplo dos santos: Por que não hei de poder praticar o que este ou aquele puderam fazer"?
(J.Guibert)

- Influem pela sua eloquência.

"... felizes as almas que encontram no seu caminho homens capazes de as converterem pela palavra". (J.Guibert)

- Influem pela sua conversação.
A conversação é uma comunhão de almas; quando as almas são grandes e belas, que fonte de consolações, de idéias nobres, de generosos desejos, de sublimes entusiasmos, que enriquecimento mútuo...

- Influem pelos seus escritos.
O livro, é verdade, não tem o calor comunicativo da linguagem... mas, em compensação, é mais complacente, mais completo, mais universal. É preciso pois amar os livros, saber escolhê-los, não se agradar senão dos excelentes.

"Quem ama os bons livros vive sempre no meio de almas nobres e de influências fortificantes". (J.Guibert)

É verdade que a ação começada excita o sentimento e produz a força?

"Não conheço outro segredo de amar senão amar". (São Francisco de Sales)
"É preciso começar pelos atos". (São Francisco de Sales)

(...)

(Excertos do livro: Catecismo da Educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: A energia da ação)

PS: Grifos meus.

Veja também:

Quanto mais a alma se esquece de si, mais Deus pensa por ela

VIDA DE ESQUECIMENTO PRÓPRIO
PARTE FINAL


Quanto mais a alma se esquece de si, mais Deus pensa por ela

À medida que a alma avança na perfeição, a sua vida espiritual simplifica-se e acaba por resumir-se nestas palavras dirigidas a Santa Catarina de Sena: "Pensa em mim, que Eu pensarei em ti". Isto quer dizer: Eu pensarei na tua honra, na tua saúde, nos teus bens temporais; pensarei na tua salvação e santidade. Jesus tudo sabe e nada esquece.

Quando Ele pede à alma um tão grande sacrifício como é o abandono total de si mesma, encarrega-se de por remédio aos inconvenientes que daí possam resultar humanamente.

A alma deve limitar-se a obedecer e abster-se de perscrutar o futuro.

A pobre viúva de Sarepta estava numa grande miséria quando um dia encontrou o profeta Elias. Ia consumir as suas últimas provisões, e depois só lhe restaria morrer à míngua junto com o seu filho. No entanto, a pedido daquele estranho, cedeu-lhe o último pão. Humanamente, era uma loucura, mas era também sabedoria diante de Deus, pois compelia-o a fazer um milagre.

A alma verdadeiramente simples procede assim com Deus. Só pensa nos seus deveres de estado, sempre cumpridos de olhos postos nEle. Ignora o cálculo, os rodeios, o fingimento, e, em troca, Deus tudo prevê por ela. Às vezes, sem dúvida, a astúcia julga tê-la feito cair nos seus laços. Puro engano. Um acontecimento imprevisto, uma simples palavra, um gesto, desmascaram a intriga.

Quando estiveres diante dos poderosos do mundo, disse Jesus aos Seus discípulos, não vos preocupeis com que ireis dizer em vossa defesa. O Espírito Santo porá nos vossos lábios as palavras que deveis pronunciar.

Se os Apóstolos, no começo da sua vida apostólica, tivessem pesado as conseqüências da sua arrojada empresa, jamais teriam evangelizado. Não tinham nenhuma esperança de fazer aceitar a doutrina do Crucificado e, ao fim dos seus trabalhos, esperavam-nos as torturas e a morte. Mas eles iam para onde o Espírito de Deus os levava, sem hesitações nem temor. A sua missão era pregar: Pregai o Evangelho a toda a criatura (Mc. 16,15). Pregariam, e Deus faria o resto; e soube fazê-lo magnificamente.

Jesus não só pensa pela alma simples, como também supre e repara o que a sua ignorância e a sua imprevidência possam ter comprometido. Nenhum homem é tão sagaz que nunca se engane ou dê passos inconsiderados. Para os mundanos, estas imprudências são motivo de grandes desgostos e acerbas humilhações. E, para os que os invejam, ocasião de mordazes zombarias e severos comentários. Para Deus, são meios de humilhar e corrigir os presunçosos.

Pra com a alma simples, o proceder de Deus é diferente. Permite certas imprudências - a vida dos santos está cheias destes exemplos -, mas coisa singular, ficam sem efeito ou mesmo dão lugar a um bem maior.

A alma nunca perde por deixar Deus pensar por ela. Quando São Pedro no lago de Genesaré reconheceu, no "fantasma" que o assustava, Jesus caminhando sobre as águas, teve um rasgo sublime de esquecimento próprio: Senhor, se és Vós, manda-me ir até onde estás por cima das águas (Mt. 14,28).

Natureza espontânea, Pedro nem teve tempo de refletir, e já caminhava sobre as águas. De repente, uma onde levantada pelo vento avançou ameaçadora, e Pedro não pensou mais no Mestre que tudo pode, mas em si, na sua fraqueza. Vacilou e afundou-se. Felizmente, Jesus estava lá para tudo remediar.

É admirável verificar como, no Evangelho, Jesus toma sempre a defesa dos fracos, dos caluniados, mesmo que sejam pecadores. Desde que, de algum modo, Lhe tenham mostrado confiança, sente-se obrigado a defendê-los.

Toma, contra os seus discípulos, o partido das mães que se chegavam a Ele com os seus filhos. Defende contra os invejosos o recém-convertido Zaqueu que enfrentara o ridículo de subir a uma árvore para vê-lO passar. Toma sob a sua proteção a mulher adúltera, confunde os seus acusadores hipócritas e despede-a livre e convertida. Não permite que mandem embora em jejum o povo que O seguira ao deserto. Defende os Seus Apóstolos que, impelidos pela fome, colhiam espigas num campo em dia de sábado. Toma sobretudo sob a Sua proteção a pecadora. Como a defende contra os seus detratores! Não precisava ela ser defendida, ela que, levada pelo seu amor, não tomara nenhuma cautela?

Essa mulher era tida por pecadora pública e, sem que ninguém ainda tivesse conhecimento da mudança nela operada, veio fazer aos pés de Jesus "o Profeta", um ato de tão prodigiosa humilhação que o mundo a qualificará de extravagante. Entre numa casa estranha, penetra na sala do festim, causando perturbação entre os convivas, e cobre de confusão o dono da casa. Mas que lhe importava tudo isso, se Jesus aí estava e a esperava... pela primeira vez! O Mestre falaria por ela! Defendê-la-ia contra Judas, que a acusava de prodigalidade, e contra os indignados participantes do banquete. E iria ainda mais longe. Cuidaria de que a sua justificação ficasse consignada nos Livros Sagrados, e de que em toda a parte onde se pregasse o Evangelho se contasse e louvasse a loucura de amor imaginada por ela para agradar ao seu Senhor.

Não haverei eu também de entregar-me a Jesus e esquecer-me de mim? Jesus pensará por mim. Jamais se dirá que fraqueza ou indigência alguma se tenha refugiado no Seu Coração e dali tenha sido arrancada: Não repelirei ninguém que venha a Mim (Jo 6,37).

(O dom de si, vida de abandono em Deus, pelo Pe. Joseph Schrijvers)

PS: Grifos meus.

Veja os demais posts desse capítulo aqui:

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Prática da pureza de intenção

Prática da pureza de intenção


Dizia Santa Maria Madalena de Pazzi, que Deus premeia as obras na proporção da pureza de intenção com que as praticamos. A prática desta virtude consiste:

- Em procurarmos em todos os exemplos e obras espirituais, que fizermos, agradar a Deus, e não a nós mesmos; porque a obra, feita por amor da própria satisfação, não pode obter de Deus nenhuma recompensa. Trabalham muitos, pregando, assistindo aos enfermos, a fazendo outras boas obras, e por que se buscam a si mesmos e não a Deus, perdem todo o merecimento.

Um sinal de querermos agradar a Deus nas obras, que fazemos, é não procurarmos nem louvores nem agradecimentos da parte dos outros: outro é não nos inquietarmos, quando a obra não tem o êxito que pretendíamos; e outro ainda é o alegrarmo-nos tanto pelo bem, praticado pelos outros, como se o fora por nós.

- Em diligenciarmos fazer todas as obras, ainda as mais indiferentes, como trabalhar, comer, dormir, passear e recrear-se honestamente, para dar honra a Deus, e satisfazer a Sua santíssima vontade: por isso que a retidão e pureza de intenção é a verdadeira alquimia celestial, por meio da qual o ferro se converte em ouro, isto é, o verdadeiro modo de tornar as ações mais ordinárias e comuns em atos de verdadeiro amor de Deus.

(Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910)

PS: Grifos meus.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O amor torna fácil o esquecimento próprio

VIDA DE ESQUECIMENTO PRÓPRIO
PARTE V


O amor torna fácil o esquecimento próprio

O esquecimento próprio atemoriza a maioria das almas. Não compreendem como se pode amar a cruz, procurar a humildade, ambicionar o desprendimento.

Desconhecem o amor de Deus.

O amor é a chave do segredo, sem a qual toda a ciência espiritual é vã. Sem amor, não há esquecimento próprio, mas somente vil egoísmo, sensualidade, orgulho. Com ele, pelo contrário, o espírito mais extraviado volta ao bom caminho e o coração mais aviltado reconquista a sua nobreza.

Só o amor santo guia os corações, previne-lhes as quedas, livra-os da desordem. Ao egoísmo opõe a generosidade; ao orgulho, a humildade; à avidez de prazeres e glória, a abnegação, o espírito de serviço e o esquecimento próprio.

Qualquer homem, por mais fundo que tenha caído, guarda vestígios de sua primitiva grandeza. É ambicioso, procura apaixonadamente honras vãs, tesouros perecíveis; mas não foi ele criado para ser infinitamente honrado e possuir bens infinitos?

Ama o gozo, procura os prazeres com incrível tenacidade; mas não tem ele direito a delícias sem fim, a uma felicidade sem mescla?

Foge das penas, detesta o sofrimento e odeia o trabalho; mas não foi ele destinado a um descanso e a uma felicidade sem nome?

Teme a sujeição, abomina a escravidão, revolta-se contra a força, mas é porque tem sangue real nas veias, porque é filho de Deus, feito à imagem de Deus, feito para reinar.

Restituí a este homem o amor e converter-se-á em herói, em santo. O amor é o imã irresistível que atrai todas as forças divergentes da alma. As que pareciam refratárias a toda a tentativa de unificação acabarão por aglutinar-se sob o seu império.

Sob a poderosa influência do amor, a ambição e o desejo de estima transformam-se em zelo ardente pela glória de Deus, a procura obsessiva de gozo converte-se em sede ardente de agradar ao Coração de Cristo. A alma ansiosa de liberdade vê-se livre de entraves, livre como uma rainha presa somente pelo seu amor. O coração tímido, que abominava penas e sofrimentos, aspira à dedicação, à imolação, ao esquecimento próprio. É o poder do amor, forte como o exército alinhado em ordem de batalha.

O que é que faz a força de um general? O entusiasmo que inspira aos seus soldados. Um exército é inicialmente um composto informe de elementos dispersos. Todos esses homens só têm de comum o uniforme, a energia e o desejo de combater... Mas contra quem e segundo que estratégia? Venha um chefe competente e amado para o seu comando, alinhe-os, e eis formado um poderoso exército.

Os elementos desconexos agruparam-se em volta desse centro por uma irresistível força de atração, as inteligências de milhares de guerreiros aceitaram cegamente o plano do general, as suas vontades curvaram-se às suas ordens e, para agradar-lhe, combaterão até à morte. O que foi que os subjugou e eletrizou? O entusiasmo, a admiração e o amor pelo seu chefe.

A alma que luta pela santidade deve inspirar-se neste exemplo. Nela fervilham paixões indômitas; são forças temíveis. Se o coração não as dirigir, essas energias arremeterão contra ele. Mas como dominá-las? Dando-lhes um chefe amado que as submeta, discipline e coordene. Esse chefe é Jesus Cristo.

Senhor! Armai o Vosso trono no íntimo do meu coração, e todas as minhas capacidades, cativadas pelo Vosso perfil infinitamente amável, virão inclinar-se diante de Vós. A Vossa bondade as fascinará, a Vossa doçura as prenderá, a Vossa ternura as adormecerá no Vosso seio. Depois, transformadas pelo Vosso poder divino, converte-se-ão em energias para o bem.

Não, Senhor, não preciso destruir a minha natureza; basta que vo-la ceda. O Vosso amor penetrá-la-á, transformando-a.

Amar-Vos, ocupar a minha inteligência unicamente com o pensamento do Vosso amor, eis o meio eficaz de esquecer-me de mim. Invadi, Senhor, a minha alma por inteiro, sem deixar o menor lugar vazio, e serei forçado, como a pomba de Noé, a voltar para as Vossas mãos e a entrar na arca de Vosso Coração divino.

(O dom de si, vida de abandono em Deus, continua com o post: Quanto mais a alma se esquece de si, mais Deus pensa por ela)

PS: Grifos meus.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Belíssima oração: Afetos amorosos para com o Sagrado Coração de Jesus

Afetos amorosos para com o Sagrado Coração de Jesus


Vós sois, ó Coração amável do meu Redentor, a morada de todas as virtudes, a fonte de todas as graças, a fragua ardente onde se abrasam todas as almas santas nas chamas do amor divino: Vós sois o objeto de todas as complacências divinas, o refúgio de todos os aflitos, a doce mansão de todos os que Vos amam.

Ó Coração digno de reinar em todos os corações, e de  possuir todo o seu amor!

Ó Coração por amor de mim transpassado na Cruz com a lança dos meus pecados; e não obstante, ferido sem cessar nesse Augustíssimo Sacramento pela lança do Vosso amor para conosco!

Ó Coração amantíssimo de Jesus, que amais tão ternamente os homens, e tão pouco sois deles correspondido, dai remédio à nossa ingratidão, abrasando os nossos corações na chama ardente do Vosso amor.

Quem me dera percorrer o mundo todo, para celebrar por toda parte a abundância de graças e bênçãos que Vos dignais comunicar a todos aqueles que verdadeiramente Vos amam. Aceitai os meus sinceros desejos de que todos os corações dos homens sejam abrasados no fogo do Vosso amor.

Ó Coração divino do meu Jesus, sede a minha consolação nas aflições, o meu repouso nas fadigas do trabalho, o meu alívio nas tribulações, e o porto seguro, onde me abrigue das tempestades desta vida.

A Vós consagro o meu corpo e a minha alma, o meu coração e a minha vontade, a minha vida e tudo quanto tenho e sou, e uno aos Vossos todos os meus pensamentos, afetos e desejos.

Eterno Pai, eu Vos ofereço os afetos puríssimos do Coração de Jesus ainda que pudésseis desprezar os meus, nunca havereis de ter em menos conta os do Vosso Santíssimo Filho. Supram eles a imperfeição dos meus, tornando-me agradável aos Vosso divinos olhos. Assim seja.

Se alguém há que Vos não ame, ó dulcíssimo Coração do meu Jesus, seja anatematizado.

(Sagrada Família, por um padre redentorista, 1910)

V - A AGONIA

V - A AGONIA


É difícil ser corajoso só e sem testemunha.

A coragem não passa muitas vezes de uma chama ateada pela presença daqueles que nos observam, e que nos hão de censurar ou de louvar.

A força diante da morte é por vezes uma exibição que requer um palco e exige espectadores.

O homem que conduzem ao suplício tem um recuo involuntário; domina-se muitas vezes por medo... do medo: é um outro medo.

Mas ninguém escapa a esse combate ao menos interior da vida que a morte cai colher.
Dele não se isentam os próprios moribundos: é a agonia.

É ela ordinariamente mais cruel que a própria morte.
Esta é a libertação, o golpe derradeiro: não os haverá mais depois.

A agonia martela a alma, abala-a, sacode-a. Ataca por todos os lados: é a morte que quer assenhorear-se. O corpo banha-se em suor nesse rude e supremo combate.

É o último sobressalto do instinto de viver contra o medo de morrer.

Quando, já morto para os que o cercam, o agonizante parece inerte e sem força, é que a vida se retira para o fundo d’alma como para o último reduto; não quer sair, e desse fundo túrbido, como do antro escuro do Gethsêmani, brota com força estranha uma oração análoga à de Jesus... “Se é possível, passe longe de mim o cálice, meu Pai!”

A agonia é, pois, antes de tudo, o medo da morte, a tristeza de deixar a vida, o instinto que se aferra a esses destroços que hoje se chamam o corpo e amanhã serão o cadáver.

É evidente que a primeira agonia de Jesus foi esta.

E em verdade porque não a compreender antes que tudo assim?

Por que razão, a pretexto de uma dignidade mal entendida, recusar-nos, a nós que temos de agonizar e morrer, este último consolo de nos podermos dizer, quando estivermos nas supremas trevas do fim:

– Eu tenho medo, porém Jesus teve medo antes de mim, Eu tremo, Ele tremeu. Eu não quisera morrer, Ele também não quis.

Oh! Como te será consolador então, minha pobre alma em ânsias, repetires nos últimos balbucios dos teus lábios pálidos: Pater, transeat a me calix iste. Pai, afaste-se de mim este cálice.

Verumtamen, non sicut ego volo sed sicut tu. Contudo, faça-se a Tua Vontade e não a minha. Fiat. Amen.

Tudo estará então nestas duas palavras, sobretudo na última: Amen, assim seja, é o fim de tudo, Deus o quer... Amen, assim seja! Glória assim mesmo a Ele: ao Pai, ao Filho e a Espírito Santo; eu me extingo, sou consumido. Eis a eternidade!... Amen! Assim seja.

Como tal, portanto, foi bem esse medo do fim – e que fim deveria ser o Seu! – foi bem esse pavor do suplício que deitou por terra a Jesus, o Filho do Homem, igual a nós na natureza humana...

E isto me conforta: foi essa luta entre a vida que não quer sair e a morte que quer entrar que Lhe cobriu o corpo de suor, e a luta foi tão cruciante que o suor que escorria era Sangue.

E isto me fortificará nos terríveis e derradeiros suores da minha agonia.

Admitida esta primeira causa, eu admito a seguir todas as demais, na agonia do meu Mestre amado.

É primeiramente o horror da Justiça de Deus que vai abater-se sobre Ele; Ele é a Vítima prometida, esperada, conservada, acalentada quase, para aquela hora.

Teve a sublime imprudência de se comprometer para aquela hora por todos os pecadores; a palavra foi dita – todos –, o contrato está firmado, não se lhe pode Ele furtar.

Ora, aí está o vencimento [da dívida], o terrível vencimento; há que pagar, já que se fez fiador.
Nós não queremos crer, porém chegará para nós, como chegou para Ele, esse vencimento último.

Devêra ser pensamento em nós habitual, se conhecêssemos o abismo das nossas quedas, o perguntarmo-nos a cada sofrimento que presenciamos: E para mim, que dor estará reservada? Sobretudo se vemos o sofrimento de um inocente... E eu, quando chegar o terrível momento do vencimento?... Ó meu Deus!... Este peso da Vossa Justiça divina esmaga-me por minha vez: folgo, porém, de que meu Jesus tenha temido também essa Justiça, até a morrer de medo. Tranqüilizo-me vendo-O estendido no chão, triturado já por essa Justiça, cuja voz terrível ouço a convocar todas as criaturas como a Seus carrascos: Vinde, acorrei, avenhamo-nos sabiamente para oprimi-lO... Sim, rejubilo-me desse medo que O prostra e desse pavor da Justiça que O pisa, como a uva no lagar.

Porque afinal, o que essa Justiça esmaga assim são os meus pecados; eles lá estão todos, vejo-os no Seu pobre corpo, ó vergonha!... Nem um só falta, ó ventura!...

Meu Jesus expiou-os pois; já agora eu não terei mais do abraçá-lO, tomar do Sangue do meu Mestre, cobrir-me dEle pela Confissão e pelo arrependimento, e em seguida poderei, como o poeta [Des Barreaux], desafiar a Justiça do Pai clamando-Lhe:

“Em que ponto, porém, incidiria o Teu raio,
Que não esteja coberto do Sangue de Jesus Cristo?”

Uma outra causa, de não menos peso, da agonia do Mestre, é a vergonha que Ele experimenta de se ver carregado de todas as iniqüidades do gênero humano.

Representemo-nos uma alma, a nossa, chegada ao tribunal de Deus. Que silêncio... e que pavor!
De todas as partes, dos recantos mais remotos do nosso passado, as menores ações acodem: cada qualquer tem seu lugar, aquele que lhe deu em nossa vida a nossa vontade.

Há que responder por todas: os pecados mais secretos e mais esquecidos reaparecem como se foram de ontem. Todos os testemunhos se conjuram para acusar-nos: os da nossa memória, os da nossa sensibilidade, os da nossa carne culpada e violentada, os do nosso orgulho animado e dominador.

Deus se cala: só faz escutar. Nós nos calamos também; estamos sucumbidos!

Tal é a primeira atitude de Jesus no horto. Primeiro que tudo, está como atônito: ouve um clamor violento elevar-se contra Ele: escuta, cala-se.

Ai! Não tem de responder pela Sua Alma só: responde por todas.

Não é uma vida – a Sua – que se Lhe desenrola aos olhos ante a Face imutável de Deus Seu Pai... é a vida de todo o gênero humano. Tantos homens, tantas testemunhas; tantas testemunhas, tantas consciências que se abrem e se patenteiam; tantas vozes que saem das entranhas de todos os homens!
Já é, para um ente só, um concurso esmagador este acúmulo de testemunhos manantes da própria consciência: que dizer então de um homem que se achasse o confluente de todo o gênero humano, tendo que responder por tudo e por todos?...

“Um homem na queda de várias torrentes, exclama Bossuet... elas O empurram, derrubam-nO, tragam-nO: ei-lO prostrado e abatido, a gemer debaixo daquele peso vergonhoso, sem ousar sequer relancear o Céu, tão carregada tem a cabeça e esmagada pela multidão dos Seus crimes, quer dizer, dos nossos, que verdadeiramente se tornaram os Seus”
(Bossuet, 1º Sermão sobre a Paixão).

Chegam estes, com efeito, de todas as partes: as corrupções de Sodoma sobre a pureza divina; as exações de Tiro e de Sidon e as crueldades dos bárbaros sobre o manso Cordeiro que estende a cerviz ao cutelo.
Roma, Atenas, Nínive e Babilônia, todas as civilizações antigas, elegantes e apodrecidas, isto anteriormente; a depois dEle, toda a densa procissão dos crimes dos cristãos, as covardias, as traições, asa infidelidades, as recaídas, as blasfêmias.

Um oceano de torpezas, convocado por Deus, como por um assovio, de todos os confins do mundo, in illa die sibilabit Dominus... (Is 7, 18), e vindo despenhar-se sobre aquele pobre ser já por terra e quase morto.
De certo, bem está aí com que fazer rebentarem todas as veias de um corpo e trilhar todas as fibras de um coração. Que peso acrescentar ainda?... Outro mais.

A visão clara, nítida, precisa, por demais precisa, de que aquela agonia, aqueles padecimentos e aquela morte não servirão a todos; que só haverá mesmo, em suma, um pequeno número que os quererá aproveitar.

É este um sofrimento requintado; trabalhar em pura perda, descer tanto no opróbrio e no Sangue, e só tirar tão minguado proveito! Se ainda o mundo inteiro se assegurasse por tudo aquilo da sua salvação, mas tão poucos! Este pequeno número dos eleitos: mistério tremendo! E entre esses eleitos, tantos que deverão a sua felicidade eterna a um mero excesso de comiseração e de indulgência!

Para quê então? Quae utilitas in Sanguine meo? (Sl 39, 10). Por que aquela profusão inútil de Sangue?...

Deste modo, tudo concorre para desalentar o Mestre. O medo natural da morte, o pavor dos suplícios, a inutilidade daquele esforço sublime pela salvação do grande número. A impotência de pagar as dívidas do gênero humano que não seja por todo o Seu Sangue. O peso da vergonha que O esmaga aos olhos do Céu inteiro, tudo, até o abandono dos Apóstolos, a desafeição que se opera neles, pois Jesus lhes conhece o fundo do pensamento e vê-lhes a admiração, o escândalo, quase o desprezo pela Sua fraqueza aparente e pelo Seu pavor natural. E depois, por cima de tudo, a cólera do Pai que O vai esmagar justamente...

Porque Ele não pode dizer que aqueles suplícios sejam exagerados ou injustos; não, eram necessários.

Os Mártires eram sustentados pelo testemunho da sua inocência; Jesus, porém, é acabrunhado até por Sua própria consciência, por Ele amorosamente sobrecarregada de todos os nossos pecados.

Em verdade, nada se pode acrescentar a esse mar profundo de ondas pesadas e revoltas que vêm quebrar de todos os lados, e que O cobrem da espuma de todas as humilhações.

+ + +

(2ª Parte da obra “A subida do Calvário”, do Pe. Louis Perroy, SJ)

PS: Recebido por e-mail, mantenho os grifos.

Presença da mãe no lar, confiança dos filhos!

Presença da mãe no lar, confiança dos filhos!


A confiança tem origem muitos humildes. Elabora-se, desde os primeiros anos, no bebê que, naturalmente, orienta sua simpatia para as pessoas que lhe prodigalizam cuidados. Ele desconfia dos estranhos e, em caso de medo ou perigo, estende, instintivamente, os braços para sua mãe, ou sua babá. A confiança em relação à mãe dependerá, pois, em grande parte, dos cuidados, maiores ou menores, que ele tenha recebido. É essa a razão, pela qual, uma criança dá preferência à babá, se esta tiver-lhe prodigalizado os primeiros cuidados.

A mãe decidida a conquistar a confiança de seu filho, jamais deverá, salvo impossibilidade manifesta, entregar a outrem seus primeiros cuidados.

A confiança exige um contato permanente. Ora, acontece, frequentemente, que a mãe, aproveitando-se do fato de a criança ser bastante grande para ocupar-se sozinha, abando-a a seus brinquedos e ocupações infantis, sem, jamais, imiscuir-se nessa parte. Por preguiça, ou porque deixa-se absorver por preocupações mundanas e caseiras, ela perde, mais ou menos, o contato com o filho.

Para que isto não aconteça, ser-lhe-á preciso interessar-se por tudo que ocupa e atrai a criança, ajudando-a a desenvolver suas atividades, a inventar brinquedos e ocupações agradáveis. Em resumo, seria necessário que o filho sentisse que a presença da mãe e, um pouco mais tarde, a do pai, contribuem para despertar o interesse que ele manifesta pela vida, pelas coisas. pelas histórias, pelas construções, etc...

(Excertos do livro: Pequeno Tratado de pedagogia, pelo cônego J.Viollet)

PS: Grifos meus.

Tudo convida a alma ao esquecimento próprio

VIDA DE ESQUECIMENTO PRÓPRIO
PARTE IV


Tudo convida a alma ao esquecimento próprio

Dependemos de Deus sob todos os pontos de vista e em cada uma das particularidades de nossa vida. Ele tem sobre nós um direito soberano e completo. Não existimos senão por Ele, e só para Ele e em conformidade com Ele podemos existir. Não é justo que seja Ele o centro para onde convergem todas as nossas ações, todos os nossos desejos e pensamentos, tudo o que possuímos e somos? Não será justo que diante dEle desapareçamos e nos esqueçamos de nós?

Mas que reviravolta universal na ordem estabelecida! Cada criatura racional procura substituir-se a Deus, constituir-se em centro e fazer gravitar em torno dela as outras criaturas e o próprio Deus. Os satélites querem tomar o lugar do sol, o grão de areia julga-se uma montanha, o pingo de água pretende encher o oceano.

A razão humana fez-se deusa, derrubou o trono de Deus e presta culto a si própria. Proclamou os seus direitos em relação a Deus e ditou-Lhe os Seus deveres. Quis dar a liberdade aos homens submetendo-os a Satanás, quis proclamar a igualdade entregando-se aos tiranos, quis fazer reinar a fraternidade suprimindo o amor.

O que o orgulho coletivo levou a cabo, a presunção de cada homem repete-o todos os dias na vida particular. Esquecendo que é um ser insignificante, essencialmente dependente, que não vive senão por favor e para honra de Outro, empertiga-se na sua dignidade, proclama-se senhor absoluto e estende o seu domínio sobre o que o cerca. Ao Deus criador e eterno que lhe reclama o tributo da sua submissão, responde desafiando-O com insolência.

"Céus, admirai-vos! Criei uns filhos e engrandeci-os; mas eles desprezaram-me. O boi conhece o seu dono, e o jumento quem cuida dele, mas Israel não me conheceu e o meu povo não me entendeu." (Is. 1,2-3)

Como pobre ser humano se deixou transformar pelo pecado! Não sonha senão com a independência, as honras, os prazeres e as riquezas, mas tudo dentro e fora dele lhe lembra o nada de onde saiu.

Vê o corpo debilitar-se lentamente e inclinar-se dia após dia para o túmulo. Sente o coração enregelar-se pouco a pouco ao contato com o egoísmo e estiolar-se ao sopro glacial da mentira e da hipocrisia. Vê esvaírem-se como sonhos os devaneios de felicidade que lhe embalaram a juventude. Julga-se livre, honrado, amado, influente, mas a triste realidade ensina-lhe que está à mercê dos acontecimentos, que é joguete da sua própria imaginação e vítima da cupidez e do egoísmo alheio. Tudo à sua volta lhe diz que é infinitamente pequeno e insignificante na terra, tudo o convida a esquecer-se e a fazer-se pequeno.

Se a alma soubesse compreender esta voz e retornar por uma ato de perfeita humildade à sua origem, que é o nada! Se pudesse de uma vez por todas restabelecer a ordem tão seguidamente violada pelo seu orgulho, como seria feliz, grande, livre!

(O dom de si, vida de abandono em Deus, pelo Pe. José Schijvers, continua com o post: O amor torna fácil o esquecimento próprio)

PS: Grifos meus.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Queda da taxa de natalidade

Nota: Segue duas matérias de 2008, bem interessantes e por que não atuais?! (Apesar da data de publicação).

Brasil só perde para a China na queda da taxa de natalidade



Projeções indicam que, no futuro, população brasileira deve ter mais idosos do que crianças, a exemplo do que ocorre em países europeus.

Faça um teste: pegue seu álbum de família e compare o número de filhos que cada pessoa das últimas quatro ou cinco gerações teve. Provavelmente você irá concluir que seus avós e bisavós tiveram muito mais irmãos do que as gerações de hoje têm. Em um período de aproximadamente 50 anos, a taxa de fecundidade (número de filhos por mulher ao fim do período reprodutivo) no Brasil caiu de 6,3 (1960) para 1,8 (2006).

O único país em desenvolvimento comparável em tamanho a ter um declínio tão rápido e significativo como o Brasil foi a China, onde o governo adota uma política extrema de controle de natalidade. Na América Latina, a situação brasileira poderia ser comparada à do México, onde as taxas caíram de 7,3 em 1960 para 2,4 em 2000. Mas também lá existe uma clara política de controle populacional.

A redução da taxa, em 2005, para 2,0 filhos por casal deixava o Brasil em uma situação de “estabilidade” populacional. Se cada casal continuasse a ter dois filhos, a população simplesmente seria reposta, ou seja, para cada duas pessoas que morressem, nasceriam outras duas. Porém, a tendência é que esses índices continuem caindo, o que já foi observado em 2006 (1,8). A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que a taxa de fecundidade em 2050 seja de 1,61. No Paraná, onde em 2006 esses valores já eram de 1,81, a previsão é de que cheguem a 1,39 ao fim desse período.

Se a previsão se confirmar, o Brasil deverá enfrentar problemas como os que já ocorrem em países europeus. O envelhecimento da população exige investimentos em políticas públicas nas áreas de saúde, previdência, acessibilidade, entre outras. A diferença é que, enquanto nos países da Europa esse declínio teve início ainda com o processo de industrialização e ocorreu de forma gradual, durante cerca de cem anos, no Brasil, a diminuição da fecundidade se deu em pouco mais de 40 anos.

Causas

As explicações para a redução não são unânimes nem definitivas. Uma série de fatores sociais, culturais, ambientais, biológicos e políticos têm sua parcela de contribuição. De acordo com a professora do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Paula Miranda Ribeiro, embora o Brasil não tenha tido oficialmente uma política governamental que pregasse a diminuição do número de filhos por casal, outras políticas tiveram esse efeito como secundário. Um exemplo é a Previdência. Com a garantia de uma fonte de renda na velhice, as pessoas deixaram de se preocupar em ter vários filhos para garantir o sustento no futuro. “Claro que isso não é um comportamento consciente, mas tem um impacto marginal nas taxas”, observa.

A oferta de crédito, como fator facilitador de compras parceladas, também influi, uma vez que estimula as pessoas a comprometerem a renda em outros projetos como compra de casa própria, carro, estudo e viagens ao invés de terem filhos. “Em alguns casos se adia muito a hora de engravidar e pode ser tarde demais”, aponta.

Da mesma forma que na Europa, o processo de urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho contribuíram para tornar as famílias menores. “A saída do meio rural fez com que as famílias não precisassem mais ter tantos filhos para mão de obra. A industrialização levou as mulheres para as fábricas e elas não tiveram mais tempo de cuidar de tantas crianças”, explica Marlene Tamanini, especialista do Núcleo de Pesquisa e Estudo do Gênero da Universidade Federal do Paraná.

O surgimento da pílula anticoncepcional também teve um papel fundamental na formatação do novo modelo de família. Ela revolucionou o planejamento familiar nos anos 60, fazendo com que as mulheres passassem a ter o controle na decisão de ter filhos.Antes disso, elas tinham uma gestação atrás da outra, a amamentação era o único método contraceptivo. Quando paravam de amamentar, elas engravidavam de novo. Com a pílula, tudo mudou”, diz o professor da disciplina de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná, Rosires Pereira de Andrade.

No Brasil, a grande quantidade de cesarianas também contribuiu para a ocorrência de um processo de esterilização nas décadas de 70, 80 e 90. “Os contraceptivos, além de evitar gravidez, mudaram o caráter apenas reprodutivo do sexo”, completa Marlene. Em 1986 um levantamento nacional mostrou que 60% das brasileiras fazia uso de algum método contraceptivo. Dez anos depois, esse número já era de 80%. Fatores psicológicos e biológicos como estresse e má alimentação também tiveram sua parcela de influência na queda da fecundidade. Hoje estima-se que 11% da população mundial precise de auxílio médico para ter filhos.

Fator econômico

Atualmente, a decisão de engravidar é algo que passa muito mais pela esfera econômica. “Os casais querem ter filhos, mas isso tem de estar dentro das suas possibilidade financeiras. É uma decisão muito mais racional do que antigamente”, afirma Marlene. Para ela, embora haja ainda uma cobrança da sociedade para casamento e descendência, a existência de casais sem filhos já é melhor aceita.


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Tamanho da família também sofre influência das telenovelas


A queda na taxa da fecundidade brasileira pode estar relacionada ainda com a audiência das telenovelas. A hipótese é apontada em um estudo de três pesquisadores do Centro de Pesquisas para Política Econômica do Reino Unido. Segundo a pesquisa, a presença de famílias pequenas nas novelas influencia as mulheres a desejar menos filhos.

Para o estudo, foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Rede Globo entre 1965 e 1999. O levantamento mostrou que 72% das personagens femininas de até 50 anos não tinham filhos. Em 21% dos casos, a personagem tinha apenas um filho.

Apesar da possível influência, o estudo reconhece que não se trata de algo intencional. “Tentamos verificar se novelas de determinados autores tinham relações estatísticas mais significativas, mas não encontramos. Se houvesse essa agenda teríamos identificado”, explicou Alberto Chong, um dos autores do estudo, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo.
Para o pesquisador, o poder das novelas poderia ser usado com fins educativos (NB ?). “Principalmente em áreas onde as pessoas não têm acesso ou não procuram se informar por outros meios, como jornais”, diz.

Aceitação

Para a professora do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Paula Miranda Ribeiro, que já atuou em uma pesquisa semelhante no Brasil, as novelas influenciam o comportamento de duas formas.A curto prazo, elas ditam moda e a longo, ajudam a traçar valores e a mudar a mentalidade das pessoas”, afirma. Segundo ela, a repetição de temas faz com que determinadas idéias que antes eram rejeitadas passem a ser aceitas.

O pesquisador e gerente de estudos e análises demográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Juarez de Castro Oliveira, considera que as novelas podem influenciar na taxa de fecundidade na medida em que transmitem um padrão de consumo. “As pessoas querem ser iguais aos personagens, mas, para alcançar aquele nível de vida, precisam de dinheiro, e, tendo filhos, acabam com uma série de despesas”, resume. (CV)


PS: Grifos meus.

Dilma Rousseff apoiada por feministas!

Nota: Essas informações foram retiradas de uma página da web, onde ao clicar no campo: QUEM SOMOS, é possível verificar tal descrição:

Quem somos

Somos mulheres identificadas com Dilma Rousseff e estamos mobilizadas por um país melhor para vivermos. O objetivo deste Blog é encontrar mulheres que pensam como nós. Queremos somar e multiplicar, pois acreditamos que juntas chegaremos lá!

 
Mães brasileiras optam por ter menos filhos


O perfil das famílias brasileiras mudou. Se antes a fotografia da família reunida mostrava um casal rodeado por filhos, agora não mais que dois cercam os pais. Uma das consequências da diminuição no tamanho das famílias é a redução da pobreza.

Esta sinergia entre fecundidade e pobreza foi analisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo desde 1960, quando a mulher tinha, em média, 6,3 filhos.

Mudanças sociais, como a inserção no mercado de trabalho e o aumento do nível de escolaridade das mulheres, provocaram uma queda da taxa de fecundidade para 2,6 filhos em 1996. Hoje, a mulher tem, em média, 1,9 filho.

Paralelamente às mudanças dos arranjos familiares, os dados do IBGE revelam queda também no percentual de pobres no Brasil, que, à exceção de pequenas oscilações, se manteve em torno de 40% até 1993. Entre 1995 e 2003, os níveis de pobreza estavam em 35%. Nos últimos sete anos, contudo, houve uma queda consistente que alcançou 22,7% em 2007.

Além do impacto nas mortalidades materna e neonatal, o IBGE avalia que a redução da taxa de fecundidade permite que as mães obtenham uma inserção mais produtiva no mercado de trabalho e menor carga de trabalho doméstico.

Mais renda familiar

Antigamente, os arranjos familiares consistiam no homem, sustentando a família, e uma mulher trabalhando muito, mas sem gerar renda e cuidando de muitos filhos”, explica o pesquisador do IBGE José Eustáquio Diniz. “Quando você tem uma família pequena, a mulher tem mais tempo para estudar e para se inserir no mercado de trabalho. Então você passa a ter uma família com um casal contribuindo, e não apenas o homem, e menos filhos. Isso é um fator que ajuda muito na redução da pobreza.”

O IBGE constatou que a diminuição do número de filhos por família atingiu não apenas as áreas urbanas, mas também as rurais. Em 1996, a fecundidade urbana era de 2,3 filhos e a rural de 3,5. Dez anos depois, caiu para 1,8 filho e 2 filhos, respectivamente.

Entre as mulheres com 1 a 3 anos de estudo, a taxa caiu de 3,6 filhos para 2,8 filhos entre 1996 e 2006. Já entre as mulheres com 9 a 11 anos de estudo, a fecundidade passou de 1,7 filho para 1,6 no mesmo período.

Aliado à mudança no perfil das famílias, o crescimento econômico com distribuição de renda, apoiada na política de valorização do salário mínimo e no programa Bolsa Família, acelerou a queda dos níveis de pobreza no Brasil. “Quando você junta crescimento econômico, distribuição de renda e condições demográficas favoráveis, isso tem um impacto enorme na redução da pobreza. O Brasil nunca teve uma queda tão grande da pobreza como nos últimos seis, sete anos”, diz o pesquisador do IBGE.

De olho na Previdência

Diniz faz, no entanto, um alerta. As projeções do IBGE indicam que, a partir de 2025, foi deflagrado um processo mais rápido de envelhecimento da população, o que significa aumento do número de idosos e, consequentemente, impacto na Previdência Social.

Temos de aproveitar os próximos 10, 15 anos para erradicar a pobreza, porque depois que o país envelhecer as condições vão ficar mais difíceis. As condições demográficas já não serão favoráveis. Estamos no momento certo para promover maior qualidade de vida para a população brasileira”, argumenta.

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Divórcio: acabou a burocracia

Ao terminar o casamento, os casais não precisam mais se submeter ao desgaste da burocracia. Com a Proposta de Emenda à Constitucional (Pec) do Divórcio, nº 28/2009, aprovada este mês no Congresso Nacional, ficou muito mais fácil obter a separação.

A mudança enxugou a papelada e acelerou o andamento do processo junto à Justiça. De acordo com as novas regras, basta o casal estar de acordo com todos os requisitos da separação, ter um advogado e o Divórcio Consensual acontecerá quase que de imediato. A nova decisão reduz também os custos do processo de divórcio, e, principalmente, desafoga as varas de famílias em todo o Brasil.

Antes, o casal precisava ter pelo menos um ano de separação judicial ou dois anos na separação de fato – situação em que marido e mulher vivem em casas diferentes. Além disso, na hora de assinar os papeis era necessária a presença de testemunhas. Só após esses requisitos, o casal teria o divórcio concretizado.

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ONU cria agência para mulheres e igualdade de gênero



Após anos de negociações difíceis, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) votou nesta sexta-feira pela criação de uma agência que buscará melhorar a situação das mulheres no mundo.

A nova agência será oficialmente conhecida como Entidade da ONU para Igualdade de Gênero (aconselho muito a leitura desse artigo do Pe. Lodi, intitulado: Gênero: que é isso?) Empoderamento das Mulheres, embora as autoridades digam que será mencionada como ONU Mulheres. Ela vai consolidar quatro divisões separadas da entidade que lidam com o tema.

PS: Grifos meus.

S. ANA, MÃE DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

S. ANA, MÃE DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA


A grande devoção a S. Ana funda-se nos laços de sangue que a ligam à Virgem SS., de quem foi mãe, e a Jesus. O seu culto é já antigo. Remonta ao século VI. O Papa Leão XIII elevou a sua festa a duples de II classe.

Ó Deus, que Vos dignastes conferir a S. Ana a graça de dar à luz a Mãe do Vosso Filho unigênito, fazei por Vossa misericórdia que, celebrando a sua solenidade, sintamos os efeitos da sua proteção. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.

(Retirado do Missal quotidiano e vesperal, por Dom Gaspar Lefebvre, 1951)

domingo, 25 de julho de 2010

A alma simples ama a cruz

VIDA DE ESQUECIMENTO PRÓPRIO
PARTE III


A alma simples ama a cruz

A alma que de todo se esqueceu age sempre com simplicidade, guiada unicamente pela boa intenção.

Está sempre satisfeita com Deus, seja o que for que Ele faça ou permita. A doença ou a saúde, a prosperidade ou a adversidade, o êxito ou o insucesso, a vida ou a morte, tudo recebe com um sorriso de agradecimento. Acolhe de bom grado o sofrimento, qualquer  que seja a forma com que se apresente. A dor, como a alegria, é sempre a embaixatriz de Cristo.

O homem a quem falta uma fé ardente nem sempre reconhece Jesus sob os diferentes véus em que Ele Se envolve. Em vida de Jesus, só um pequeno número de fiéis O reconheceu como o verdadeiro Messias. Após a Sua morte e Ressurreição, os próprios Apóstolos e mesmo a ardente Madalena tiveram dificuldade em reconhecê-lO pelas aparências com que Se revestia.

Agora que vive nos nossos Sacrários, escondido sob as humildes aparências do pão e do vinho, a Sua visita é ainda mais misteriosa. Só a alma exercitada no amor reconhece o Mestre quando Ele Se apresenta. Reconhece-O muitas vezes pela cruz que traz consigo. Quando a dor a atinge, exclama: "É Jesus que passa", e corre ao Seu encontro. Não o deixa curvado sob esse fardo. Estende os braços, empresta-lhe os ombros e ajuda-O a carregá-lo. Foi para ser ajudado que Ele veio ter conosco.

Não estranhemos a variedade e a multiplicidade das cruzes com que o Senhor nos favorece. Contrariedades, sofrimentos íntimos, penas, incompreensões, insucessos, ruína da fortuna ou da reputação, ansiedades de consciência, doenças físicas, tudo isso se chama Cruz de Cristo. É preciso acolhê-la: Se alguém quiser vir após Mim, tome a sua cruz e siga-me (Mt. 16,24).

E para onde conduzirá Ele a alma? Se esta for fiel, conduzi-la-á ao Calvário, e ali será pregada na cruz e morrerá. E Jesus dirá: "Pequeno grão de trigo, lancei-te à terra para nela morreres e apodreceres; mas quando tiveres morto, a vida brotará de ti, uma haste nova subirá do teu flanco e sobre essa haste reviverás em novos grãos".

É o mistério da Cruz! É preciso morrer para viver. A fé ensina-o, a razão insinua-o, a natureza mostra-o. Para que eu seja alguma coisa, é preciso que me resigne a nada ser, a esquecer-me de mim, a ser lançado na terra e aí perecer.

Quero ser esse grão de trigo, escondido nas entranhas da terra. A minha vida passa e parece estéril. As forças que Deus me deu esmorecem e esgotam-se. É o túmulo, é a morte! Mas que importa? Jesus vela por mim. Quando Lhe aprouver, fará sair dos meus dias sem brilho a vida, a fecundidade. E o meu destino sobre a terra estará cumprido.

(O dom de si, vida de abandono em Deus, pelo Pe. Joseph Schrijvers, continua com o post: Tudo convida a alma ao esquecimento próprio)

PS: Grifos meus.