segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sara e Tobias - Modelo de noivos



Assim como é de uma importância capital que a noiva se convença de que seu futuro esposo está compenetrado do sentimento de sua responsabilidade, assim também é importante que o noivo esteja convencido de que sua futura esposa, também ela, possui a simplicidade e o espírito interior necessário.

No Antigo Testamento encontramos um modelo de noivos: "Tobias e Sara". Não se pode ler sem emoção o que o jovem Tobias diz a Sara: "Levanta-te, Sara, e oremos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã ... Porque nós somos filhos de santos e não nos podemos unir como os pagãos que não conhecem a Deus" (Tob 8,4-5)

Como é comovente a lição que Sara recebe de seu pai! Após a celebração do casamento, os jovens esposos despedem-se dos pais de Sara, para voltarem à casa do velho Tobias.

"Que o santo anjo do Senhor, diz-lhe o pai de Sara, esteja em vosso caminho, e vos conduza até vosso lar sãos e salvos; que tudo seja próspero em casa de vossos pais e possam os meus olhos ver vossos filhos, antes que eu morra. Então os pais abraçaram sua filha, e deixaram-na ir, após ter-lhe recomendado respeitar seus sogros, amar seu marido, bem dirigir sua família, governar sua casa, e de conservar ela própria sem mancha" (Tob 10,11-13)

Poder-se-ia melhor resumir os deveres de uma boa esposa como fez o pai da esposa do jovem Tobias?
Noivos, vêde se possuís este estado de espírito, esta modéstia, este gosto pelo vosso lar.

(Casamento e família - Dom Tihamer Toth)
PS: Grifos meus

domingo, 29 de novembro de 2009

A Primeira Ferida - Dores de Nossa Senhora



"Oh Santa Mãe, fixai as chagas do Crucificado
fortemente em meu coração;
de Vosso Filho ferido que por mim quis sofrer,
partilhai comigo as dores."

A Primeira ferida

A ferida inicial foi a profecia de Simeão. O Divino Menino, com a idade de quarenta dias, foi levado ao Templo; mal Simeão teve em seus braços a Luz do Mundo, logo de seus lábios saiu o canto do cisne: está pronto a morrer, porque viu o Salvador. Depois de ter anunciado que esse menino será objeto de contradição, disse a Maria: "A Tua alma será trespassada por uma espada de dor."

Notai que Simeão não disse que uma espada lhe trespassaria o corpo. A lança do centurião poderia trespassar o Corpo de Cristo; o Seu Corpo poderia ter sido ferido ao ponto de "os seus ossos se poderem contar", mas o Corpo de Maria será poupado.

Assim como, na Anunciação, quando Ela concebeu, o êxtase - ao contrário do amor humano - foi, primeiro, na sua alma, e, depois, no seu corpo, assim, na sua compaixão, as dores do martírio penetram primeiro a sua alma, para depois terem ressonância no seu corpo, como eco de todos os golpes com que a carne de Seu Filho foi flagelada, com que as Suas mãos e os Seus pés foram trespassados.

A Espada só tem quarenta dias e todavia já sabe como ferir. Desde aí, quando Maria tocar nas mãos dum menino, nelas verá a sombra de um prego. Se o seu coração houvesse de formar um só com o de Jesus, então, como Ele, devia ela ver todos os pores-de-sol tintos do sangue da Paixão. As Suas pequeninas pulsações seriam, para o seu coração, a trágica advertência dos terríveis martelos.

A sua dor não será o que ela sofre, mas saber o que Ele sofrerá...O gume da espada destinado ao Salvador significava, para sua Mãe, pela boca de Simeão, que Ele devia ser vítima para o pecado. A parte que a ela dizia respeito consistia em saber que, até à hora do supremo sacrifício, ela era responsável pela vida de Jesus.

Com uma só palavra, Simeão previu a Crucifixão e a sua dor.

Mal essa nova barca foi lançada às águas da vida, logo um ancião lhe anunciou o naufrágio. A Mãe teve quarenta dias para beijar o Seu Filho com alegria. Só; mais nada. A sombra da contradição alastra para sempre sobre o seu futuro. Maria não beberá, decerto, o cálice do pecado, nem a borra amarga que Seu Filho beberá no Jardim das Oliveiras; todavia, Ele lhe aproximará dos lábios o cálice.

A hostilidade do Mundo é o prêmio que cabe a todos aqueles que pertencem a Jesus. Quantos convertidos não têm sentido o fanatismo ou o desprezo daqueles que lhes censuram o terem deixado a mediocridade do Mundo pelas alturas do sobrenatural!

Nosso Senhor, falando dessa oposição, disse:

"Vim para trazer a espada com que separe o pai do filho, a mãe de sua filha."

Se o crente sente a contradição, quanto mais a não sentirá Maria, Mãe d'Aquele que iria conduzir a Cruz, símbolo da contradição. Mas uma vez que Cristo trazia a espada ao Mundo, devia ser sua Mãe a primeira a experimentá-la, não como vítima involuntária, mas pronunciando livremente o seu FIAT, para a Ele se unir no ato da Redenção.

Se vós fôsseis o único de olhos abertos num mundo de cegos, não quereríeis ser o seu amparo?
Se a bondade se comove perante as feridas, não tentará a virtude, perante o pecado, cooperar na obra d'Aquele que limpa os pecados?

Se Maria, sem pecado, aceita com alegria a espada que lhe vem da Divindade sem mancha, qual de nós, pecadores, se lamentaria, quando o próprio Jesus nos permite sofrer pela remissão das nossas faltas?

"Ó Maria, trespassada de dores;
Salvai-nos! Tocai e salvai
a alma daquele que amanhã comparecerá perante o Todo-Poderoso;
Uma vez que todo o homem nasceu de uma mulher
por cada um que disso precise,
amigo leal ou inimigo corajoso,
Intercede, Tu, ó Senhora!"

(O Primeiro Amor do Mundo - Arcebispo Fulton J. Sheen - continua...)
PS: Grifos meus

Donzela cristã - Sempre pronta ...


Das virgens prudentes afirmou o amável Mestre que estavam sempre prontas e de lâmpadas acessas nas mãos. Não lhes faltava, portanto, nem o óleo nem a luz, com que deviam ir ao encontro do esposo para o festim.

Semelhante elogio há de merecer também a moça esclarecidamente cristã. A luz da graça no coração não é ainda tudo. É preciso que a jovem seja sempre pronta:

*A servir – a Deus, o que é uma honra; a servir o próximo, o que é caridade e imitação daquele que disse: Eu não vim para ser servido, mas para servir. Hora por hora, vem escoando diante de ti o dia e por elas te pede um serviço, uma dedicação em casa, para com os pais... Não deixes que as horas, mensageiras de Deus, fujam de mãos vazias. Pois, neste caso, serão um dia tuas acusadoras diante do dono do tempo e da eternidade.

*A obedecer – O Mestre, a cujo aceno giram os astros, move-se o mar, voltam as estações e deslocam-se as montanhas, obedeceu ao Pai, a José e a Maria, em Nazaré. Foi submisso aos fiscais de impostos, aos verdugos, e continua sujeito aos sacerdotes. Por isso “lhe deu o Senhor um nome que está acima de todos os nomes”.

Lúcifer recusou obedecer, e hoje o que é?! Não acha que é uma tola pretensão nossa, cada revolta contra a obediência? Não te convences que é apagar tua lâmpada de virgem prudente, quando teimosamente resiste à obediência?

*A dar -Amar não é receber alguma coisa; é dar-se, é entregar-se. Amou-nos o Mestre e por isso deu-nos tudo: seu Pai, sua Mãe, seu paraíso, seu perdão, sua alma, seu Corpo e Sangue, seu Coração. E tu, que lhe deste até agora? Talvez um amor assim a conta-gotas, pesado, medido, dividido.

*A esquecer-seUm egoísta brutal exige que refiramos tudo a nós mesmos. Mas isso não é atitude de cristão e menos ainda é auréola para uma alma de mulher. Sou tão egoísta! Queixam-se certas moças. Que belo, quando sentem o erro nessa vereda do coração. Mais nobre será combater, todos os dias, em alguma coisa, esse egoísmo que lhe punge a alma.

*A devotar-seOs campos da devoção são vastos e férteis. Sempre se colhe neles mais de cem por um. É verdade, a colheita tarda, às vezes; é verdade, parece haver no campo, que absorve nosso devotamento, a erva má da ingratidão. Mas o Filho do homem mandará seus anjos amealhar no celeiro o trigo do nosso sacrifício, grãozinho por grãozinho. Devotamentos nos pensamentos, nos desejos, nas palavras, nas ações e, sobretudo, nos sacrifícios. “És um homem de desejo” – foi o louvor que o anjo trouxe a Daniel.

*A morrer É das prontidões a mais importante. Não se saíram bem aquelas virgens que, à hora do banquete, tiveram ainda de comprar o óleo. Mas se a leitora for cuidadosa em ser pronta nos pontos que expusemos, sê-lo-á também neste último. Nunca estará de luz apagada na morte, quem em vida teve fulgores na alma, teve cintilações e virtudes.

(Audi Filia – Pe. Geraldo Pires de Souza)
PS: Grifos meus

sábado, 28 de novembro de 2009

Afeto viril


A criança tem necessidade de muito afeto - não um afeto molemente dado, mas um afeto tão viril quanto terno.

É necessário que o pai tenha uma autoridade mascula, a um tempo calma e imperiosa, que emane de sua força indiscutível e forneça à criança o ideal viril indispensável ao seu desenvolvimento. A mãe, por outro lado, deve oferecer ao coração do filho uma ternura harmoniosa e serena, igualmente afastada da tirania e da idolatria, que não são mais do que desvios do amor maternal.

É preciso evitar as manifestações de uma compaixão exagerada em casos de simples "dodói" ou de queda sem gravidade...

"Há muitas maneiras de estragar uma criança: estraga-se o seu espírito pelo exagero impensado dos elogios. Estraga-se o seu caráter fazendo-lhe todas as vontades. Estraga-se o seu coração, ocupando-se execessivamente dela, adorando-a, idolatrando-a. Todas essas maneiras de estragar as crianças podem reduzir-se ao desenvolvimento de dois princípios funestos, fontes de toda a perversidade humana: a languidez da vontade e o orgulho." (Mons. Dupanloup)

Ocorre, por vezes, que ao adoecer a criança, a angústia legítima da família se transforma em múltiplas indulgências e mesmo numa tendência de ceder a todos os seus caprichos... Já se verificou que crianças assim mimadas chegaram a desejar a doença.

Um estilo de vida um pouco rude convém mais do que nunca às jovens gerações de hoje. Já se viu demasiado ao que leva a educação macia. Os jovens aos quais nada faltou, aos quais se quis evitar todo sofrimento, por mais leve que fosse, são incapazes de sustentar um esforço quando chega a idade adulta.

Oração de uma mãe de família:

Meu Deus, ajudai-me a dar uma educação viril a meus filhos. A vida é uma coisa grave: a frivolidade, as infantilidades não são a verdadeira felicidade.

(A arte de educar as crianças de hoje - Pe. G Courtois)
PS: Grifos meus

Medalha Milagrosa


Medalha Milagrosa

Oval, tendo-no anverso a imagem da Virgem Santíssima, com os braços amavelmente estendidos, as mãos abertas de onde procedem raios de graças os pés poisando sobre a cabeça de uma serpente deitada sobre um globo, bordejando a medalha e começando à altura da mão direita e terminando à altura da mão esquerda, a frase: ó Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

No reverso um “M” atravessado por um traço que sustentam a Cruz, e repousando sobre outro traço, tendo em baixo dois corações, um chamejante e coroado de espinhos, outro também chamejante e atravessado por uma espada: doze estrelas bordejam, deste lado a medalha.

Essa é a medalha que chama “milagrosa” pelas inúmeras garças que obtêm da Virgem Santíssima aqueles que a trazem devotamente com sigo. Não é, pois uma medalha comum. Não. Ela tem sua história que mostra o desvelo materno de Maria Santíssima para com seus filhos na terra. Vamos contá-la:

Origem: a visão

Vivia em Paris à rua do Bac no convento das filhas da caridade a irmã Catarina Labouré – hoje, Santa Catarina Labouré. Agraciada por diversas visitas da Virgem Santíssima, Mãe de Deus, conta ela especial que teve no dia 27 de novembro de 1830, sábado véspera do primeiro domingo de Advento apareceu-lhe Maria Santíssima por detrás do Sacrário:

A Virgem Santíssima, diz ele estava de pé sobre um globo, vestida de branco, com um véu branco a cobrir-lhe a cabeça e um manto azul que descia até os pés um o cabelo em tranças, seguro por uma fita debruada de pequena renda, o rosto bem descoberto e de uma formosura indiscritível.


As mãos elevada até as cintas sustentavam outro globo, figura do mundo rematado por uma cruzinha de ouro. A Senhora toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto iluminou-se-lhe de radiante claridade no momento em que com os olhos levantados ao Céu, oferecia ao Senhor o globo.

 – De repente os dedos cobriram-se de anéis e pedrarias preciosas de extraordinária beleza, de onde se desprendiam raios luminosos envolvendo a senhora em tal esplendor que já se lhe não via a túnica nem os pés. As pedras preciosas eram maiores umas menores outras e proporcionais eram também os raios luminosos. – O que então experimentei e aprendi naquele momento é impossível de explicar-

As palavras da Virgem

Como estivesse ocupada em contemplá-la, a Virgem Santíssima baixou para meus olhos e uma vós interior me disse no íntimo do coração: “este globo que vez representa o mundo inteiro e em especial a França e cada pessoa em particular”.
- Não sei exprimir o que descobri de beleza e brilho nos raios tão resplandecentes. A Santíssima Virgem acrescentou “eis o símbolo das graças que derrama sobre as pessoas que mais pedem”. – desapareceu então o globo que tinha nas mãos: e como se estas não pudessem com o peso das graças, os braços se abaixaram e se abriram na atitude graciosa reproduzida na Medalha.

A Medalha e a Promessa da Virgem Mãe

Formou-se, então em torno da Virgem um quadro um pouco oval onde em letras de ouro se liam estas palavras: “O Maria Concebida Sem pecado Rogai por nós que Recorremos e vós”. Fez-se então ouvir uma voz que me dizia: “manda cunhar uma medalha com este modelo : as pessoas que a trouxerem receberam grandes graças, mormente se a trouxerem ao pescoço: ao de ser abundantes as graças às pessoas que a trouxerem com confiança”.

No mesmo instante, o quadro apareceu voltar-se e a viu no reverso a letra “M” encimada por uma Cruz, tendo um traço na base e por baixo do monograma de Maria dois corações de Jesus e Maria, o primeiro cercado de espinhos, o segundo atravessado por uma espada, e, segundo uma tradição oral comunicada pela vidente, uma coroa de doze estrelas a cercar o monograma de Maria e os dois corações. Também a mesma irmã disse que a Virgem Santíssima calçava aos pés uma serpente de cor esverdeada com pintas amarelas.

A Difusão da Medalha

Após dois anos, terminado o processo canônico o arcebispo de Paris, D. Quelen mandou cunhar a Medalha. Difundiu-se logo a Medalha, acompanhada de graças espirituais e corporais. Celebre é conversão do Judeu Afonso Ratisbona.

Ratisbona

Afonso Maria Ratisbona, nascido em Estransburgo, de família judia riquíssima, em 1º de maio de 1814, viveu como ateu dos 15 aos 23 anos, alimentando ódio mortal ao irmão Teodoro já convertido, aos padres, especialmente aos jesuítas, e às Religiosas. Visitando Roma, contra sua vontade acompanhou seu amigo o Barão Teodoro de Bussier, membro da embaixada francesa, à Igreja de Santo André delle frate.

Ficou na carruagem, enquanto o amigo fazia sua visita ao Templo. Cansado de esperar desceu ele também à Igreja, com intenção de apressar o amigo. Ali o aguardava a Misericórdia de Deus, amavelmente, pois vinha-lhe ao encontro através de Maria Santíssima. Naquele dia, 20 de janeiro de 1842, aparece a Virgem Santíssima segundo o modelo da Medalha Milagrosa, prostra o judeu incrédulo, que se levanta convertido apostolo ardorosamente voltado à conversão dos seus conacionais judeus.

Dia 31 de janeiro desse ano recebia, na Igreja de Gesú dos jesuítas, o Batismo, a confirmação e a Sagrada Comunhão. No dia 08 de dezembro de 1868 Pio IX confirmava “Instituto pela regeneração dos Israelitas”, por ele fundado e seu irmão Teodoro. Após várias obras apostólicas, morria em Jerusalém no dia 1º de maio de 1884, com o nome santíssimo de Maria Imaculada nos lábios.


Conclusão
Alimentemos a devoção à Medalha Milagrosa. Não deixemos de trazê-la ao pescoço, como recomendou a Virgem Mãe. E todos os dias rezemos pedindo-lhe a proteção, três Aves-Marias. Habituamo-nos a dá-la aos doentes que não se animam confessar-se, ou mesmo recusam o padre; pois, esta Medalha vence todas as resistências. É, pois, um meio fácil e ótimo de exercermos a caridade para como nosso próximo, a mais importante, a que cuida da salvação eterna.

Dom Antonio de Castro Mayer

(Boletim diocesano de novembro de 1975 - Diocese de Campos)
PS: Grifos meus

Alma Grande



ALMA DE PIE DE GALLO
Por Ángel L. M. Salvat

¿Quién no recuerda su figura austera y protectora en las orillas de los ríos mendocinos?
 Tres largos troncos (patas), tres varas, una bolsa de alambre tejido y canto rodado son los elementos esenciales para su construcción.

Su función: defender, encauzar, recuperar terreno, restar violencia al aluvión,
 asegurar obras de derivación de los canales,
 echar raíces y contribuir a la forestación de las zonas ribereñas indefensas.

En resumen, garantizar seguridad al hombre que trabaja la tierra,
 forjando con su esfuerzo la grandeza de la Patria.

Alma de Pie de Gallo deben tener aquellos que estén dispuestos a encauzar las avalanchas que irrumpen en una comunidad amenazando arrollarlo todo con su fuerza ciega y descontrolada.

Destino de Pie de Gallo
es mi destino, señor:
morir hundido en mi tierra
cacheteando el aluvión.
Destino humilde y hermoso
es mi destino, señor:
defender la tierra arada,
la viña, el huerto y la flor.
Que venga la correntada,
que yo aguantaré el cimbrón,

afirmado en mis tres patas:
Fe, Esperanza y Corazón.
Vida callada y sufrida,
al aire libre y al sol;
quien me ve sabe que vivo
feliz con mi condición.

Cadenas de Pies de Gallo
formaremos, sí señor;
no destruirán mi Patria
el odio ni el desamor.

Cargados con todo el peso
de la gaucha tradición,
inconmovibles seremos
aunque vengan en montón.

Con alma de Pie de Gallo,
cada cual en su función,
encauzará la corriente
por el camino hacia Dios.

Es ése nuestro destino:
hacer frente al vendaval;
para que a nuestras espaldas
la Patria florezca en paz.

(retirado do blog: Signum Magnum)
PS: Recomendo que escutem o áudio, no link original

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mães improvisadas



Mães improvisadas. São tais porque mamãe não as preparou para essa vocação. Não as educou para isso. Não lhes formou nem a vontade nem o coração e tão pouco lhes coordenou as reservas morais. Hoje são mães desorientadas, de gestos frouxos e vacilantes. Guiam-se apenas pelo instinto materno, egoísta e cego tantas vezes.

Erro é, muito comum, esse descuido das mães quanto à preparação das filhas para a maternidade vindoura. Entretanto em nossos dias mais indispensável tornou-se ela. Pois as mocinhas ouvem tanta coisa nas escolas e mais ainda enxergam nos cinemas. Fala-se-lhes de direitos, de emancipação. Coloca-se a criança quase como uma intrusa na vida da moça que se casa.

Grandeza, seriedade, deveres de maternidade - tudo isso deve ser abraçado com uma consciência esclarecida e tranqüila, ao lado de um coração generoso e resoluto.

Portanto, leitora, leva a sério a preparação de tuas filhas... À filha moça irás entregando os cuidados pelos irmãozinhos menores. Ensiná-la-ás como se lida com uma criança de colo, como se vigia e se diverte a outra que já começou a falar, etc.

Haja apenas o cuidado de não deixar, na filha moça, a impressão de que mamãe está se livrando de um trabalho pouco agradável. Nesse caso a filha o aceitará de mau humor, só porque não há remédio. A mãe esclarecida vai ensinando, vai explicando, porque, desde já, quer acostumar suas filhas aos cuidados pelos pequenos. Não há negar, a primeira professora de puericultura é sem favor a  mãe, em casa.

Aqui eu ouço uma objeção: para que preparar as filhas? Pois não tem a mulher o dom de intuição, que descobre pelo coração o que falta ao filho?

Ilusão, gentil leitora...isto requer certas noções indispensáveis, colhidas pela preparação e pelas luzes da instrução religiosa.

- "Minha filha - assim falará a mãe cristã - se Deus não te der outra vocação especial, você, por ser mulher, terá de ser um dia mãe de família, possivelmente. Vá se preparando desde já para essa missão, que é difícil, mas gloriosa também. Eu irei ajudando você com minha experiência, com muitos conselhos e meus exemplos."

Não querem as mães usar desta linguagem?

Então insinuem, inspirem tais pensamentos e procedam com as filhas como se, pelos fatos, lhes estivessem dizendo tudo isso. Elas não receberão de mau humor as ordens dadas para cuidarem dos irmãozinhos menores.

(As três chamas do lar- Pe. Geraldo Pires de Souza)
PS: Grifos meus

Influência distinta dos pais sobre os filhos


Por serem de compleição diferente, o homem e a mulher não vêem o filho com os mesmos olhos: ele o vê através de sua masculinidade; ela, através de sua feminilidade. Entretanto, essa divergência não é um mal, pois, traz como resultado não somente um conhecimento mais completo e aprofundado da criança, como também uma espécie de combinação de influências.

Permite ao homem descobrir os métodos que tornarão o educando mais forte, mais corajoso e mais empreendedor; à mulher, os que nele despertarão as delicadezas do sentimento.

Tomemos um exemplo: o filho é obrigado a um esforço penoso. A mãe é inclinada a proporcionar-lhe o auxílio de sua sensibilidade feminina; o pai, o da força que comanda. Se a mãe fosse sozinha, correria o risco de enfraquecer a vontade; se fosse só o pai, talvez quebrasse os impulsos delicados da sensibilidade. Unidos, irão obter um esforço misturado de força e de ternura.

(Pequeno Tratado de Pedagogia - Cônego Jean Viollet)
PS: Grifos meus

Amor e Submissão


Através de todos os séculos, dos passados e futuros, sempre se encontraram e sempre se encontrarão homens dispostos a exclamar, perante os Pilatos deste Mundo: “Não queremos que este Homem reine sobre nós!”.

Por detrás desta rebelião contra Deus, há duas falsas idéias: a primeira é a de que a inteligência inventa, ou cria a verdade, quando, afinal, simplesmente a descobre ou encontra... a segunda idéia falsa é a seguinte: a de que da submissão a alguém decorre a servidão para com esse alguém. Esta idéia implica a negação de todas as hierarquias, tanto em a Natureza como na Criação, tendendo a colocar todos os homens num mesmo plano de igualdade, considerando-se cada um a si próprio como um Deus.

Essa filosofia do orgulho tem para si que, ser independente, implica total insubmissão seja ao que for. A verdade, porém, é que a independência é condicionada pela dependência...

Obedecer não significa executar as ordens de um sargento instrutor. A obediência ressalta, principalmente, do amor duma ordem recebida e do amor daquele que a deu. O mérito da obediência está menos no ato em si mesmo do que, acima de tudo, no amor que o motiva; a submissão, a dedicação, e o serviço que a obediência implica, não vêm da servidão, mas, pelo contrário, dos efeitos que derivam do amor e com ele fazem íntima unidade. Obediência só é servilismo para aqueles que não compreenderam a espontaneidade do amor.

Para compreendermos a obediência, devemos considerá-la entre dois grandes fatos. O primeiro deu-se no momento em que uma mulher fez ato de submissão à vontade de Deus: “Faça-se em mim a Tua palavra”. O outro fato, quando uma mulher pedia ao homem que obedecesse a Deus: “Tudo que Ele disser vós o fareis”.

Entre estas duas expressões, vemos: “... O Menino crescia e se fortificava cheio de sabedoria; e a graça de Deus era com Ele... E desceu com eles, e foi a Nazaré, e era-lhes submisso" (S.Lucas II-51)

Para reparar o orgulho dos homens, humilhou-se Nosso Senhor, obedecendo a seus pais. “E a eles era submetido”

...Esta humildade, abstração feita da Sua Divindade, era exatamente o contrário do que seria lícito esperar de um homem destinado a vir a ser um reformador da Humanidade. E, no entanto, que faz este carpinteiro, durante esses trinta anos de obscuridade? Fabrica o caixão do mundo pagão. Fabrica um jugo para o mundo futuro e faz uma Cruz sobre a qual será adorado.

Dá a suprema lição dessa virtude, que é fundamento de todo o Cristianismo: a humildade, a submissão e a vida discreta em que nos preparamos para o cumprimento dos nossos deveres.

Nosso Senhor passou três horas na Cruz para nos resgatar; passou três anos a ensinar-nos e trinta anos a obedecer, a fim de que o Mundo, rebelde, orgulhoso e satânicamente independente, aprenda o valor da obediência. A vida da família foi jnstituída por Deus, para, na sua vida do lar, formar o caráter do homem, porque é da infância que nascerá a maturidade do homem – para o bem ou para o mal.


Os únicos atos da infância de Cristo que nos são conhecidos são atos de submissão a Deus, Seu Pai Celeste e, também, a Maria e a José. E desta maneira nos é demonstrado o dever peculiar à infância e à juventude: o da obediência aos pais que representam Deus.

...Embora as palavras: “E a eles vivia submetido” se apliquem, principalmente, a esse período da vida de Nosso Senhor, que decorre entre o encontro no Templo e as Bodas de Caná, nem por isso deixam de se poder aplicar com toda a verdade, ao Seu procedimento nos anos seguintes. Toda a sua vida foi uma vida de submissão.

...Jesus se manteve no Seu lugar, na Sua oficina de carpinteiro, obedecendo a seus pais, aceitando as restrições da Sua posição, considerando os cuidados do dia, com uma visão toda espiritual, alimentando-se e impregnando-se das luzes da Sua fé no Padre Eterno, mantendo a Sua alma com toda a paciência, apesar do desejo ardente que O impelia para a salvação dos homens. Nele não houve sombra de impaciência ou de precipitação que pudessem prejudicar o desenvolvimento normal de uma força e poder normalmente constituídos.

...O que torna particularmente impressionante a obediência desta Criança é ser Ela o filho de Deus. Ela, o General da Humanidade, faz-se Soldado de linha. O Rei desce Seu trono e desempenha o papel do último dos Seus súbditos. Se Ele, o Filho de Deus, se submete a Sua mãe e a Seu pai adotivo, para reparação dos pecados de orgulho, como é que os filhos hão de escapar a essa doce necessidade de submissão para aqueles que são, para eles, de pleno direito, os seus superiores?

Durante todo esse tempo de obediência voluntária, Ele nos mostrou que o Quarto Mandamento constitui a base da vida familiar. Porque, afinal, se olharmos as coisas do alto, como é que o pecado original da desobediência contra Deus poderia ser aniquilado, a não ser pela obediência do próprio Deus (como homem) que fora desafiado?

A primeira revolta do Universo de paz criado por Deus foi o trovão de Lúcifer: “Não obedecerei!”.
O Paraíso Terrestre deu ressonância a esse trovão, que se perpetuou através das idades, infiltrando-se em todas as famílias onde pai, mãe e filho se encontram reunidos. Submetendo-se a Maria e José, a Divina Criança proclama que a autoridade na família e na vida pública é um poder que provém do próprio Deus.

...Ele garante, pela Sua obediência quando criança, esta verdade importantíssima: a de que os pais só exercem a sua autoridade em nome de Deus. Os pais têm, pois, um sagrado direito sobre seus filhos, porque a Deus devem esse privilégio: Toda a alma esteja sujeita aos poderes superiores, porque não há poder que não venha de Deus; e os (poderes) que existem foram instituídos por Deus” (Rom., cap. XIII, v. 1).

Se os pais abandonarem a sua autoridade legítima e a responsabilidade natural que têm de seus filhos, o Estado aproveitará da fraqueza deles. Quando a obediência consciente deixa de existir na família, será suplantada pela obediência forçada ao Estado.

É pela obediência no lar que aprendemos a obedecer publicamente, porque, em ambos os casos, a consciência submete-se a um representante da autoridade de Deus. Se é certo que o Mundo perdeu o respeito da autoridade, isso se deve ao fato de o ter perdido, primeiro, na família.

... Muitos são, hoje, os homens que tendem a inchar, sem conta, peso, nem medida, a sua personalidade. Em Nazaré, o Infinito curva-se para a Terra e – para obedecer – faz-se Menino.

(O primeiro amor do mundo – Arcebispo Fulton J. Sheen)
PS: Grifos meus

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A arte de fazer rezar


Levar a criança a Nosso Senhor é a vossa missão. Enquanto Nosso Senhor for para ela uma idéia vaga ou um ente afastado, não tereis realizado nada. Releva muito, que seja Jesus para eles o Grande Amigo divino que os conhece, que ama a cada um pessoalmente, com o qual possam falar coração a coração.

Deveis insistir muito junto deles nesta definição da oração partida de uma criança mesma: "Rezar é conversar com o bom Deus". Ora, para falar com alguém, começa-se por olhá-lo. Antes de fazer as crianças rezarem, ponde-os em presença do divino Interlocutor.

Velai também por sua composição exterior: "Atenção, nós vamos falar ao bom Deus - o bom Deus nos está olhando - juntemos as mãos - olhemos para o tabernáculo (ou crucifixo, esta imagem do Sagrado Coração)"

Se fizerdes recitar uma oração em voz alta, que a exprimam sem gritar, nem muito depressa nem muito devagar. Marque-se distintamente uma pausa brevíssima entre cada membro da frase. Exagerai mesmo no começo estas paradas e não hesiteis em fazê-los repetir a oração, caso não esteja recitada perfeitamente.

Não façais as crianças recitar uma oração que antes não tiverdes explicado. Que não recitem também orações muito longas. Isto fatigaria e lhes tiraria o gosto da oração.

... Convêm insistir, para a formação das crianças, sobre a oração da noite que eles devem fazer de joelhos ao pé do leito de dormir. É necessário que se torne um hábito na criança, pôr-se de joelhos e rezar antes de dormir, um hábito enraizado.

A Via-Sacra pode tornar-se para as crianças de grande proveito, se for bem adaptada à sua condição:

- Não deixar as crianças imóveis em  seus lugares. Pequenos grupos podem caminhar de estação a estação.
- Anunciar claramente o título da estação. Em linguagem simples tirai alguma conclusão enérgica: "Vamos pedir a Jesus, que tanto sofreu por nós, que nos faça mais puros", ou "vamos prometer a Jesus que havemos de fazer tal esforço".
- Exigir alguns segundos de silêncio, depois fazer repetir duas ou três invocações assim: "Senhor Jesus, tornai-nos mais vigilantes e mais corajosos", ou ainda: "Jesus, que tanto nos amastes, fazei que nos amemos melhor uns aos outros".

(Educar com êxito - pe. G.Courtois)
PS: Grifos meus

Religião e caráter

Caráter varonil! A jóia mais bela e mais preciosa do mundo! Um homem que descortina claramente seu fim, que sabe vencer as tentações, que se não se desvia do caminho nem para direita nem para a esquerda, que conserva puro seu coração, que é amável e dedicado para com seu próximo, mas que permanece firme às suas convicções - eis um caráter varonil! Coisa rara, hoje em dia ...

Mas não o queres ser?
Sabes que é a verdadeira e profunda religiosidade que, sobretudo, te ajudará a consegui-lo?

O jovem religioso preza o seu valor. Saber que somos filhos de Deus é fonte de justificada ufania no conceito próprio. Prezo minha alma conservo-a insenta de culpa, adorno-a com boas obras, porque sei que ela é um bem mais precioso do que a natureza inteira.

Cuido porém, igualmente do meu corpo, não permito que se rebaixe ao serviço de hábitos pecaminosos, porque sei que é templo do Espírito Santo, ao qual devo preservar da profanação.
Elevado conceito de si próprio só o pode ter o homem religioso. Somente aquele que sabe incluinar-se diante de Deus, pode andar de cabeça erguida.

A religiosidade e a boa consciência não nos tornam orgulhosos e impertinentes, mas dão-nos firmeza inquebrantável, em face da moral inconsistente de hoje. Olha em derredor: os que se manifestam estouvadamente contra Deus e a religião, dobram-se, geralmente, submissos ante interesses materiais e fins egoísticos.

O jovem religioso não é oportunista. Nunca há de renegar covardemente seus princípios e convicções, embora esteja entre pessoas de parecer diferente. Não compartilha os conceitos dos libertinos, não adota o modo de ver dos motejadores, não duvida com os incrédulos, só "para que não sorriam compadecidos de mim". Ademais, não é escravo de caprichos...

O jovem religioso não é egoísta. Ele sabe cuidar de suas inclinações e desejos e dominá-los. Sabe que além dele há outros homens no mundo, que não é em redor dele que tudo gira, mas, que em suas ações e omissões deve tomar em consideração dos demais....Trabalha, estuda, com todas as forças busca progredir, mas somente com meios honestos. Nada de adulações e lisonjas para alcançar fins egoísticos. Não procura obter a simpatia das pessoas contra sua convicção. Ao contrário, quando for preciso, ele sabe "obedecer antes a Deus do que os homens".

O jovem religioso, não é casmurro, mal humorado, susceptível. Quem traz sua alma em paz com Deus, tem o pleno direito de ser alegre e bem disposto.

(A religião e a juventude - Mons. Tihamer Toth)
PS: Grifos meus

Una partecita de la Cruz




Una partecita de la Cruz
(Hermano Rafael)

Hoy le pedí al Señor una partecita de su Cruz... Le pedí ayudarle en su agonía, le pedí me hiciera partícipe de su sufrimiento, le pedí una partecita... (pequeña tiene que ser, pues soy débil) de su Santísima Cruz. Jesús me escuchó. Noté la Cruz sobre mis hombros..., me pesó y lloré mi abandono y soledad.

Después del desayuno paseé mi pequeño agobio por la galería de la enfermería. Una tristeza muy grande se apoderó de mí. Me vi tan enfermo, tan solo, tan débil para sufrir lo que Jesús me pide, que sentándome cansado de todo y de todos, lloré con agobio y con pena.

Grande me parecía el abandono en que me veía, material y espiritualmente. No tengo a nadie en quien hallar un alivio. Esto a veces es un consuelo muy grande, a veces es también un dolor muy profundo. Cuando estamos enfermos, sobre todo. En estos momentos en los cuales una palabra dicha al corazón, alivia tantas penas, e incluso da fuerzas para sufrir las flaquezas y miserias de la enfermedad... Sin embargo, a mi eso me falta.

Bendito sea Dios.

Muy doloroso es padecer necesidad en el cuerpo, cuando también se junta la necesidad al espíritu y además, Dios se oculta y te deja solo con la Cruz..., ¿qué extraño tiene que el alma sufra y llore?

Esta mañana no me acordaba en aquellos momentos de lo que le había pedido a Jesús en la comunión... La partecita de su Cruz.

Ahora tengo paz, adoro y bendigo a Dios que atesora para mí en el cielo esas partecitas de su Cruz, que me envía cuando El quiere. ¡Qué gran misericordia tiene conmigo! Si no sufriera, ¿para qué serviría mi vida entonces?

Si tantos deseos tienes de penitencia, ¿por qué lloras? Mis lágrimas, Señor, no son de rebeldía... Mis lágrimas, Señor, no las cambio por nada... Recíbelas, pues con algo te tengo que pagar. Tú también sufriste hambre, sed y desnudez. Tú también lloraste cuando te viste abandonado.

Señor... qué contento estoy de sufrir. No me cambio por nadie... Pero ¿hasta cuando, Señor?

(Retirado do blog: SIGNUM MAGNUM)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Modelo de mãe cristã - Santa Rita de Cássia


Maternidade de Santa Rita

As mais belas qualidades naturais, flores de um dia que podem aformosear uma mulher, não produzirão no homem mais do que uma impressão passageira: dominar seu coração, até assenhorear-se dele, é privilegio da esposa dotada de sólidas virtudes. Já vimos quão difícil era abrandar Fernando e mais ainda conquistar seu afeto; mas afinal, a esposa virtuosa, depois de vários anos de constante paciência, conseguiu que se fossem acalmando as ondas daquele coração tempestuoso e que reinasse a paz no lar doméstico, serenando-se por completo o seu caráter turbulento. (verificar: Modelo de esposa cristã)

A consolidar esta mudança de caráter e costumes do esposo de Rita veio o nascimento sucessivo de dois filhos, com que o Senhor favoreceu aquele casal, no qual agora reinava a paz; dando-se o caso de Fernando, fugir de casa, sempre que sentia renascer seu mau gênio, e, para não ofender a esposa, somente aí regressava depois de ter recuperado a tranqüilidade de espirito.

Não sabia Rita como agradecer ao Senhor a conversão do esposo e o fruto de benção concedido naqueles seus dois filhinhos. Dava graças a Deus por aqueles benefícios; sendo seu primeiro cuidado oferecê-los ao Senhor e fazer com que fossem logo regenerados pelo batismo. Velava constantemente a jovem mãe sobre o berço, e com os olhos marejados da lagrimas do mais profundo agradecimento rogava ao Pai das misericórdias continuasse favorecendo-a com seus dons, laminando-a na direção daqueles seres queridos de seu coração. Quantos cuidados, temores e ansiedades sofreu aquela boa mãe, pensando no futuro de seus filhos !

Com essa intuição que o Senhor tem dado à mulher, chegou Rita a descobrir nas impaciências, raivas e cumes de seus filhos, que o caráter deles havia de assemelhar-se ao do pai. Isto lhe inspirava sérias inquietações, que, por fim, chegaram a oprimir de angústia seu coração. Vendo que de dia para dia,  conforme iam crescendo, se revelava neles o temperamento irascível de Fernando.

Para corrigir, quanto possível, o caráter que começava a revelar-se por estas prematuras manifestações nas duas crianças, Rita, na oração, encomendava a Deus a sorte futura dos filhinhos com palavras repassadas de piedade cristã. Incutia em seus tenros corações o amor a Jesus e a Maria, o respeito e veneração devidos ao santo nome de Deus, a tantas outras coisas que somente é capaz de sentir e expressar o coração de mãe inflamado no amor divino.

Cumpria, pois, Rita com perfeição os deveres duma santa mãe no cuidado e vigilância para com os filhos. Entre afagos e beijos procurava incutir-lhes o amor de Deus e a prática da virtude, para que esta facilitasse à natureza o caminho do bem e a aversão do mal. Servia-se de santas indústrias para mover o coração dos filhos à prática do bem, sendo ela a primeira a lhes dar o exemplo.

Sempre carinhosa, falava-lhes com meiguice, corrigia-os e castigava com brandura para os manter na obediência e santo temor de Deus, que é o fundamento solido para a fiel observância da lei divina. Exortava-os com o exemplo; de modo que, quando chegaram a compreender as coisas, vendo os filhos o exemplo de uma mãe tão devotada à oração, tão mortificada e tão moderada nas palavras; tão caritativa como os pobres e compassiva com os necessitados; tão entretida freqüentemente em santos e devotos exercícios, procuravam não desgostá-la e imitá-la no que lhes era possível.

Assim ia cumprindo Rita os deveres da maternidade, e deste modo também devem procurar cumpri-los todas as mães.

Mas Rita não olhava só o presente fites os olhos no futuro dos filhos e também no do esposo, com que fé, e com que amor, manifestava ante Jesus crucificado suas mágoas e seus receios. Com o coração atribulado pela incerteza, quantas vezes diria, qual outra Ester ante o Rei Assuero :



"Senhor, se achei graça em vossa presença, concedei-me a vida de meu esposo e a de meus filhos por quem vos peço. Vós, que vedes meu coração e não desprezais o amor ardente de mãe, salvai-me e os salvai dos perigos que por toda parte nos cercam. Só a idéia de que se possam perder suas almas, tortura meu coração e submerge-o num mar de amargura. Vós, Senhor, sabeis quanto vos amo. Afastai de mim o amargo cálix de perdei-os para vós, e embora seja grande o desejo de conservá-los, pois por eles daria minha vida, mortos ou vivos quero que sejam sempre vossos, porque assim o serão também meus na mansão feliz, onde possamos todos gozar sempre de Vós, soberano bem e Senhor de minha alma."

...A mudança esperada não chegava: temendo perder os filhos para sempre, pelo caráter briguento e belicoso deles, com o coração penetrado da mais dilacerante dor e os olhos marejados de lágrimas, de joelhos diante de Jesus crucificado e com a abnegação mais sublime que se pôde imaginar na mãe, suplica-lhe que, ou mude a condição de seus filhos, fazendo-lhes esquecer os sentimentos de vingança, ou os leve deste mundo, antes de permitir que o ofendam.

Nesta oração Rita chegou ao cume do heroísmo, pois sendo mãe tão amorosa, o temor de perdê-los para sempre se sobrepôs a qualquer outro sentimento humano.

Tal sacrifício, desconhecido para a maioria das mães cristãs, só tem precedentes naquelas heroinas do Cristianismo que entregavam seus filhos ao martírio, para, em troco de breves sofrimentos e momentânea separação, melhor assegurar-lhes a vida do céu e gozar depois com eles da glória eterna.

 
Oh proeza do amor materno e da caridade de Deus! Só o Cristianismo pôde contar tão estupendos milagres da graça.

O Senhor misericordioso escutou as preces de Rita, e em menos de um ano morreram-lhe os dois filhos, antes que a malícia pervertesse seu entendimento, e os desejos de vingança se arraigassem no seu coração. Apesar de ter sido a súplica de Rita feita com uma abnegação sublimelugar inspirada pelo grande amor ao soberano Senhor de todo o criado, não pôde subtrair-se à dor dilacerante que em todas as mães produz a separação pela morte dos filhos, embora breve e com a esperança de juntar-se com eles depois de algum tempo.

Coração delicado e amante como o de Rita não podia deixar de sentir toda a mágoa produzida pela perda dos dois filhos, mas ao mesmo tempo considerava como um grande favor do céu ter livrado os filhos da morte da alma.

Por outro lado, a esperança de vê-los um dia na glória e gozar de suas companhias, consolava-a e dava-lhe forças para resistir a tão grande aflição rogando ao Senhor que aceitasse aquele sacrifício, que tanta admiração e assombro havia de causar às gerações futuras, e que fora unicamente feito por seu amor.

(P. José R. Cabezas da Ordem de S. Agostinho- Vida de Santa Rita de Cássia)
PS: Grifos meus

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Grande Combate



Amar a Jesus de todo o nosso coração, permitir-Lhe, a poder de amor, estabelecer em nós, o seu Reino, isto é, fazer-nos semelhantes a Ele, eis o belo ideal da santidade.
Mas esse reino de Jesus não se estabelece assim tão facilmente...quando Jesus se apodera da alma, infundindo-lhe o santo amor, não destrói nem desarma seu adversário, o egoísmo.

Este, ao contrário, entrincheira-se na parte mais inacessível da alma, fortifica-se e resiste ao assaltante.

Antes de compreender os combates de amor, é necessário saber quais as forças de que dispõe o inimigo. O egoísmo é um inimigo poderoso. Entrou na alma com o pecado original e daí estendeu seu império sobre todas as faculdades do homem.

A vontade, devido a esse domínio, tornou-se frágil e propensa ao mal; a razão, por sua vez, velou-se, e a imaginação emancipou-se; as paixões revoltaram-se e os sentidos passaram a conspirar constantemente contra a sã razão.

Esse egoísmo teve tempo de preparar seu refúgio durante anos. Todo o tempo da infância e adolescência, até ao momento em que a alma decidiu-se a viver para Deus foi consagrado a alimentar e fortificar o amor próprio.

O egoísmo lançou, assim, raízes profundas nos hábitos e inclinações. Todas as fibras do nosso ser, todas as células do nosso organismo foram como que impregnadas por ele. Todas as idéias que nutrem a inteligência, todas as representações que povoam a imaginação, todas as palavras que caem dos lábios, tudo foi mais ou menos penetrado por esse veneno.

E como se esse mal já não fosse excessivo por si mesmo, foi ainda agravado por tudo quanto rodeia o homem. Os princípios do mundo não têm outro fundamento que o egoísmo; seus exemplos não encorajam se não o amor próprio; suas palavras não louvam senão os que se dirigem segundo suas máximas.

O sorriso, a ironia, o ultraje, a perseguição, o escândalo servem, cada um por sua vez, para enfastigar do amor de Deus as almas que querem viver piedosamente em Cristo.

Em suma, o demônio em pessoa agarra-se àqueles que querem resolutamente seguir os passos de Jesus. Sua tática consiste em alimentar continuamente o egoísmo. Raramente manifesta-se por uma intervenção direta. Ele é tão horrível que sua presença assustaria a alma, afugentando-a para sempre.

Entretanto, ele excita os apetites desordenados da carne; fomenta o orgulho, excita a paixão da glória, insinua-se ns faculdades, inclinado-as para o mal. Aproveita-se de todos os acontecimentos exteriores e de todas as disposições interiores da alma e do corpo para atingir o seu fim.

Usa do formidável poder que Deus lhe deixou, para tentar os homens; da experiência de milhares de anos, que adquiriu em seu triste mister, enfim, de todas as astúcias e de toda a violência que lhe pode inspirar o ódio a Deus e seus filhos.

Todos os esforços se dirigem para o fim; fazer germinar a semente do egoísmo, e abafar o germe do amor de Deus.

Porquanto esse amor, no começo, não é senão germe, e quão frágil!

A terra na qual Jesus depositou esse germe é uma terra ingrata, onde o joio tudo invadiu. Essa terra é a natureza humana onde as raízes cravam-se na carne e no sangue. Como poderá um amor todo espiritual criar raízes num solo tão estéril?

... Não desanimes, entretanto. Se o adversário é forte, Jesus é ainda mais potente.

Antes de tudo, lembra-te que foi Ele quem criou teu coração. Por mais aviltado que esse coração esteja, conserva uma certa nobreza, uma necessidade de profunda felicidade, de paz, de imortalidade; uma sede de amor que nenhum bem criado pode saciar. É por esse laços imperceptíveis, porém fortes, que Jesus retêm ou reconduz a si as almas.

Em seguida, Deus entrou na alma do justo com a graça santificante. A Santíssima Trindade estabeleceu nela seu trono e Jesus apossou-se de sua vida.

Uma vez que a alma se pôs resolutamente sob a direção desse Mestre todo poderoso , Ele não desvia dela o olhar: "Palpebrae ejus interrogant filios hominum" (Sl 10,5). Suas pálpebras interrogam os filhos dos homens.

Sua bondade previne a alma, acompanha-a e segue. Sua graça sustenta-a, reanima-a, fortifica-a e cura. Jesus é fiel. Por mais nigorosos que sejam os ataques infernais, Ele não permite jamais que excedam às forças da alma (I Cor 10,13).

Jesus é generoso. Ele alimenta a alma com sua própria substância e todos os dias, se ela assim o quer. Prepara-lhe um banho com seu sangue, onde ela pode purificar-se de suas manchas e curas suas chagas. Ele destina à sua guarda um príncipe celeste, incumbido de frustrar a astúcia de satã, e de reanimá-la, enconrajá-la e estimulá-la ao bem.

Ele a confia enfim à Mãe querida para ser amparada com sua ternura e solicitude maternais.

A presença tão meiga do divino Mestre é velada pela fé; as verdades mais encorajantes mal transparecem através de espessas nuvens; a ação da graça é tão delicada, tão sutil, que a alma apenas percebe seu sopro e nem sente suas carícias.

Não poderia Deus elevar as almas com o poder de sua graça e transportar-lhes a barca num instante até ao porto da satidade?

É óbvio que sim. Mas onde, o prazer que ele sente, ouvindo a pobre alma murmurar, apesar de tudo, um ato de confiança na sua soberana bondade, vendo nossa débil natureza, em luta contra tantos obstáculos, exposta à correntes diversas, remar, mesmo assim, com os olhos e os coração fixos Nele? Onde, então, a admiração dos anjos e santos no céu, se eles não tivessem sob os olhos o espetáculo de tanta constância de alma num corpo tão frágil, tantos esforços para o céu num ser todo inclinafo aos prazeres da terra?

Oh! não te aflijas, minha alma, não temas.

O Onipotente luta em ti e por ti. Jesus não te abandonas, e conduzir-te-á à vitória.

Tais são as condições desse combate entre o amor e o egoísmo, entre o céu e o inferno, entre Jesus, o Rei da Glória, e satã, o príncipe das trevas.

Tu, minha alma, se és a causa da luta, és também o árbitro.

... Ai de nós!

Ele criou tua vontade livre, e não a violentará.
És tu quem escolherá entre Jesus e satanás, entre o amor e o egoísmo, entre o prazer que podes proporcionar a teu bom Mestre, morto por ti, e a aflição que lhe causarás com a tua infidelidade.

A ti compete escolher se pertencerás a Jesus e até que ponto lhe pertencerás, se serás um cristão comum ou uma alma de elite, se arrastarás no mundo a corrente de teu egoísmo ou se alçarás o voo nas asas do divino amor.

Ó Jesus! mil e mil vezes sou vosso.
Auxiliai-me a pelejar nos combates do amor.

(O Divino Amigo - Pe. Schrijvers)
PS: Grifos meus

ESPECIAL - Os deveres do marido e da mulher - 6 Partes (Papa Pio XII)

Os deveres do marido e da mulher
Papa Pio XII

Parte e última
______________________________________________

6ª e última parte

Mas a cooperação do homem para a felicidade do lar não pode parar nem se restringir ao respeito e à consideração para com a consorte de uma vida: deve ir até ver, apreciar, reconhecer a obra e os esforços dela que, silenciosa e assídua, se dedica a tornar a comum moradia o mais confortável, mais agradável e mais alegre possível.

Com quanto amoroso cuidado aquela jovem tudo dispôs para festejar, tão alegremente como à circunstância convém, o aniversário do dia, em que ela, diante do altar, se uniu a ele que devia se tornar o companheiro de sua vida e de sua felicidade, e que agora está para voltar à casa do seu trabalho ou da sua oficina!

Olhai aquela mesa: flôres delicadas a embelezam e alegram. O jantar foi por ela preparado com todo cuidado; escolheu o que há de melhor, aquilo que a ele agrada mais. Mas eis que o homem, pelas longas horas do trabalho, penosas talvez, mais do que de costume, nervoso por contrariedades imprevistas, retorna, mais tarde do que de costume, sério e preocupado por outros pensamentos: as alegres e afetuosas palavras que o acolhem, caem no vazio e o deixam mudo: na mesa preparada com tanto amor parece que ele nada percebe: só olha e observa aquele prato, bem preparado para fazer-lhe prazer, que foi porém cozido um pouco demais, e disto ele se lamenta, sem pensar que a causa foi o seu atraso e a longa espera.

Come depressa, devendo, como ele diz, sair logo após o jantar. A pobre mulher tinha sonhado, para após o jantar, uma doce tarde, transcorrida junto a ele...encontra-se ela, agora, sozinha na casa deserta; precisa de toda sua fé e de toda sua coragem para reprimir o fluxo das lágrimas que lhe vêm aos olhos!

... Sem dúvida o marido poderá alegar em sua desculpa as duras canseiras de um dia de inteiro trabalho, tornado mais pesado pelo desprazer e pelo tédio. Mas crê ou pensa ele que a sua mulher jamais sinta nem prove cansaço, nem encontre aborrecimentos?

O amor verdadeiro e profundo, em um e em outra, deverá ser e mostrar-se mais forte do que o cansaço e o enfado, mais forte que as mudanças de tempo e de estação, mais forte do que o variar do humor pessoal e o advir de imprevista má sorte.

Convém dominar a si mesmo, e aos acontecimentos exteriores, sem ceder e sem colocar-se ao sabor dos mesmos. É preciso saber tirar da fonte do recíproco amor o sorriso, o agradecimento, a apreciação, as afeições e cortesias: dar alegria a quem vos dá tristeza.

Quando portanto, ó homens, vos encontrais em casa, onde a conversa e o repouso concederão renovo às vossas forças, não persistais em ver e procurar os pequenos defeitos, inevitáveis em toda a obra humana; procurai antes todo bem, muito ou pouco que for, bem que vos é oferecido como fruto de penosos esforços, de cuidadosa vigilância, de afetuosos cuidados femininos, para fazer de vossa moradia familiar, ainda que modesta, um pequeno paraíso de felicidade e de alegria.

Não deixeis de considerar tanto o bem e amar no fundo de vosso pensamento e coração, não; fazei aparece e sentir abertamente também àquela que não poupou cuidados para vos dar tal prazer, e cuja melhor e mais doce rcompensa será aquele sorriso amável, aquela palavra graciosa, aquele olhar atento e complacente, donde ela deduzirá todo vosso reconhecimento.

(Discurso aos esposos, 8 de abril, 1942 - Pio XII, retirado do livro: Pio XII e os problemas do mundo moderno)

PS: Grifos meus

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Os deveres do marido e da mulher (Pio XII) - V Parte de VI


V Parte

As responsabilidades do homem diante da mulher e dos filhos nasce, em primeiro lugar, dos deveres para com suas vidas, pelas quais empenha sua profissão, sua arte e seu trabalho. Com o trabalho profissional deve conseguir para os seus uma casa e o alimento cotidiano, os meios necessários para um seguro sustento e um conveniente vestir.

A família deve se sentir feliz e tranqüila sob a proteção que a mão do homem lhe oferece e dá, com previdência e com operosa atividade.

... O homem casado, está ligado por vínculos morais não somente com sua família, mas também com a sociedade. São vínculos para ele de fidelidade no exercício da profissão, da arte; a fidelidade com a qual os superiores possam incondicionalmente contar; a retidão e a integridade na conduta e nas ações que lhe ganham a confiança de quantos com ele tratam: tais vínculos, não são porventura eminentes virtudes sociais?

E não constituem virtudes assim tão belas, a antemuralha da defesa da felicidade doméstica, da pacífica existência da família, cuja segurança segundo a lei de Deus, é o primeiro dever de um pai cristão?

Podemos adicionar, pois, que a honra e decoro da mulher é virtude pública e glória para o marido; o marido, por respeito a ela deve se esforçar para salientar-se entre seus iguais na própria profissão. Cada mulher, em geral, deseja poder orgulhar-se de seu companheiro de vida. Não é, portanto, louvável o marido que, por nobre sentimento e afeto para com a mulher, se esforça por fazer o que pode em sua atividade, e quanto pode, cumprir e obter algo de notável e de mais alto em sua vida?

Se o elevar-se digna e honestamente na sociedade pela profissão e trabalho próprio reverte em honra e consolação para a esposa e para os filhos, já que a glória dos filhos são os próprios pais; nem por isto o homem se esquecerá quanto contribui para a felicidade da convivência doméstica que ele, em cada circunstância, demonstre tanto no ânimo, como no trato externo e nas palavras, respeito e estima a sua mulher, mãe de seus filhos.

A mulher não é somente o sol, mas ainda o santuário da família, o refúgio do pranto dos pequeninos, a guia dos passos para os maiores, conforto de seus afãs, aquietamento de suas dúvidas, confiança para seus futuros.

Dona da doçura, ela é também a dona da casa. Não acontece jamais que, como se costuma dizer, os casais se distinguem das pessoas não casadas, pelas maneiras indiferentes, menos respeitosas, ou totalmente descorteses e deselegantes com que o homem trata a mulher.

Não; o comportamento total do marido para com a mulher jamais poderá ser desacompanhado daquele caráter de natural, nobre e digna cordialidade e cuidado, qual convém a homens de caráter íntegro, e de alma temente a Deus; há homens que com suas inteligências sabem ponderar a inestimável preciosidade que têm para a educação da prole, a virtuosa e delicada atitude recíproca entre os cônjuges.

Poderoso é o exemplo do pai para com os filhos; é para eles um vigoroso e vivente estímulo para olharem a mãe, e o próprio pai, com respeito, veneração e amor.

(Discurso aos esposos, 8 de abril, 1942 – Pio XII, retirado do livro : Pio XII e os problemas do mundo moderno - continua ...)
PS: Grifos meus

Os deveres do marido e da mulher - (Pio XII) - IV Parte de VI

IV Parte

Eis ó esposas, onde pode chegar a vossa parte de responsabilidade para a concórdia da felicidade doméstica.

Se ao marido vosso e ao trabalho dele cabe procurar e estabelecer a vida do lar, a vós e ao vosso cuidado cabe ajustar o conveniente bem-estar e providenciar a pacífica serenidade comum de vossas duas vidas. Isto é para vós não somente uma obrigação de natureza, mas também um dever religioso e uma obrigação da virtude cristã, para o vigor de cujos atos e de cujos méritos vós crescereis no amor e na graça de Deus.

 

Mas – dirá talvez alguma dentre vós – de tal modo se nos pede uma vida de sacrifícios”. Sim; a vossa é vida de sacrifícios, mas não somente de sacrifícios.

Acreditais vós, portanto, que aqui embaixo se possa gozar de uma verdadeira e sólida felicidade? Que em algum ângulo deste mundo se encontre a plena e perfeita beatitude do paraíso terrestre? E pensais talvez que vosso marido não deva também ele sacrificar-se, por vezes gravemente, para conseguir um pão honrado e seguro para a família?

Exatamente este mútuos sacrifícios, suportados juntos e em comum vantagem, dão ao amor conjugal e à felicidade da família a sua cordialidade e estabilidade, sua profundidade santa e aquela especial nobreza que se exprime no mútuo respeito dos cônjuges e os exalta no afeto e no recolhimento dos filhos.

Se o sacrifício materno é o mais agudo e doloroso, a virtude do alto os tempera.

De seu sacrifício a mulher aprende a compaixão às dores alheias. O amor para a felicidade de sua casa não a fecha em si; o amor de Deus, que a exalta no seu sacrifício acima de si, abre-lhe o coração a toda piedade e a santifica.

Mas- objetar-se-á talvez ainda – a moderna estrutura social, operária, industrial e profissional, leva em grande número a mulher, também as casadas, a sair de fora do lar, da família e a penetrar no campo do trabalho e da vida pública”.

... A Providência, sempre vígil em seu governo da humanidade, inseriu no espírito da família cristã forças superiores que servem para mitigar e vencer a dureza de um tal estado social e obviar os perigos, que indubitavelmente em si escondem.

Não tendes vós talvez observado como o sacrifício de uma mãe, que, por especiais motivos, deve além de seus deveres domésticos, industriais, prover com duro trabalho cotidiano ao nutrimento da família, não somente conserva, mas alimenta e acresce nos filhos a veneração e o amor para com ela, e mais forte obtém seus reconhecimentos por suas angústias e fadigas, quando o sentimento religioso e a confiança em Deus constituem o fundamento da vida familiar?

Se tal é o caso no vosso matrimônio, com plena confiança em Deus, o qual ajuda sempre quem o teme e o serve, ajuntai, nas horas e nos dias que podeis dar inteiramente aos vossos caros, com redobrado amor, a solerte cura, não somente para assegurar à verdadeira vida da família o mínimo indispensável, mas também para deixar que de vós procedam no coração do marido e dos filhos tantos luminosos raios de sol, que confortem, fomentem e fecundem, também nas horas da separação exterior, a espiritual união do lar.

(Discurso aos esposos – 25 de fevereiro, 1944 – Pio XII, retirado: Pio XII e os problemas do mundo moderno - continua ...)
PS: Grifos meus
PS 2: A tradução do livro que tenho em mãos, donde transcrevi o texto acima, está traduzido "esposos" (no início do texto - grifei de vermelho), uma leitora do blog, me alertou sobre o texto em espanhol estar como "esposas"; depois de confirmar o erro de tradução do autor, a transcrição foi alterada). Alteração feita dia 05/01/2010

domingo, 22 de novembro de 2009

Os deveres do marido e da mulher (Pio XII) - III Parte de VI


III Parte

Sim; a esposa e mãe, é o sol da família. Sol com sua generosidade e dedicação, com sua constante prontidão, com sua delicadeza vigilante e previdente em tudo o que serve para tornar alegre a vida ao marido e aos filhos.

Em torno dela difunde-se luz e calor; e costuma-se dizer então que um matrimônio é bem-aventurado, quando cada um dos cônjuges, ao contraí-lo, mira fazer a felicidade não própria, mas da outra parte; este nobre sentimento e esta intenção, embora dizendo respeito a ambos, é porém antes de tudo virtude da mulher, que nasce com as palpitações de mãe e com o seio de coração; aquele seio que, se recebe amargura, não quer dar senão alegria; se recebe humilhações, não quer dar senão dignidade e respeito; à semelhança do sol que alegra a manhã nebulosa, com seus albores e doura os ninhos com raios de seu ocaso.

A esposa é o sol da família pela clareza de seu olhar e pela chama de sua palavra; olhar e palavra que penetram docentemente na alma, dobram-na e a enternecem e a solevam fora do tumulto das paixões, e reclamam para o homem a alegria do bem e da conversação familiar, depois de um longo dia de contínuos, por vezes penosos trabalhos profissionais ou campestres, ou de imperiosos afazeres do comércio ou da indústria.

Seu olhar, seus lábios lançam lume e têm um acento de mil fulgurações em um luzir, mil afetos em um som. São lampejos e sons que saem do coração da mãe, criam e vivificam o paraíso da infância, e sempre irradiam bondade e suavidade, ainda quando avisam e reprovam, porque os ânimos juvenis, que mais forte sentem, mais intimamente e profundamente acolhem os ditames do coração.

A esposa é o sol da família com sua cândida naturalidade, com sua digna simplicidade e com seu decoro honesto e cristão, tanto no recolhimento e na retidão do espírito, como na sutil harmonia de seu comportamento ou de seu vestido, de seu ajustamento e atitude, ao mesmo tempo reservados e afetuosos.

Sentimentos leves, delicados acenos do rosto, ingênuos silêncios e sorrisos, um condescendente movimento de cabeça, dão-lhe a graça de uma flor eleita e simples, que abre suas corolas para receber e refletir as cores do sol.

Oh! se vós soubésseis que profundos sentimentos de afeição e reconhecimento tal imagem de esposa e de mãe suscita e imprime no coração do pai e dos filhos!

Ó anjo, que guardais a casa e escutais suas preces, espargi de perfumes celestes este lar de felicidade cristã!

Mas se suceder que a família permaneça sem este sol, como será? Se a esposa continuamente e a cada circunstância..., não titubeia em fazer sentir quantos sacrifícios lhe custa a vida conjugal? Onde está sua amorosa doçura, quando com uma excessiva dureza na educação, com uma não excitabilidade e uma irritante frieza no olhar e na palavra sufoca nos filhos o sentimento e a esperança de encontrar alegria e feliz paz junto da mãe?

Quando ela não faz senão perturbar triste e amargamente, com voz áspera, com lamentos e reprovações, a confiante convivência no círculo familiar? Onde está a generosa delicadeza e o terno amor, quando ela, em troca de criar com natureza e medida simplicidade uma atmosfera de agradável tranqüilidade na casa, toma ares de irrequieta, nervosa e exigente senhora da moda?

É talvez isto difundir benévolos e vivificantes raios solares, ou é antes um esfriar, com vento glacial o jardim da família? Quem não se maravilhará então se o homem, não encontrando naquele lar o que o atraia, retenha e conforte, afaste-se o mais que puder, provocando semelhante afastamento da mulher, da mãe, quando o afastamento da mulher já não tenha preparado o afastamento do marido; um e outra indo-se assim à procura, fora - com grave perigo espiritual e com dano para a união familiar - do sossego, do repouso, do bem-estar, que lhes não concede a casa?

Em tal estado de coisas os mais desventurados a sofrer são fora de qualquer dúvida os filhos!

(Discurso aos esposos - 25 de fevereiro, 1944 - Pio XII - retirado do livro: Pio XII e os problemas do mundo moderno- continua...)
PS: Grifos meus