UMA ALEGRIA ROUBADA
O ritmo acelerado da vida tirou aos homens de hoje a alegria do tempo. Fomos roubados. Ninguém é rico em tempo, ou pelo menos vive sob a angústia de não ter tempo. Nosso avós liam livros, escreviam seus diários e nós mal ouvimos uma notícia de rádio, ou lemos os títulos das notícias. Cartas são escritas em estilo telegráfico (hoje e-mail). Não se tem tempo para a família. Menos ainda para as crianças, para lhes contar histórias...
O vizinho, o próximo, o hóspede entram na falta de tempo. Piora o caso, quando até para si próprio o homem não tem tempo. Por fim, Deus não encontra tempo na vida de tantos. A própria alma, com seus problemas, não tem vaga para expor-se. O homem tem pressa demais para encontrar-se consigo mesmo.
Entretanto faria tão bem a família ter tempo para si, para os filhos, para o próximo. Imensamente bem rodariam os ponteiros das horas, encontrando a Deus. Não temos tanta coisa para agradecer, pedir, oferecer ao Senhor? À criança ensinamos agradecer um doce e nos, grandes, ficamos, desagradecidos perante dádivas riquíssimas dos céus. Falta de tempo? Ora, como é vazia a vida quando não de tem tempo para o Pai, que está nos esplendores da luz!
Vivemos na época do jato. No ar, nos mares, sobre o solo e estradas voamos, disparamos. Em poucas horas podem encontrar-se homens de longínquos continentes. Mas será de fato um encontro, como o natural enriquecimento do sentimento humano? Não. Nunca estiveram mais ausentes os povos e os indivíduos do que agora. O tempo que a máquina nos poupa, só serve para outras pressas.
Contudo, família (leitora), quem negará que tudo isso depende de casa um de nós?
E aqui explico a afirmação. O valor de nossa vida não depende, contudo, do tempo. Depende da nossa atitude interna perante o tempo. Logo também da nossa vontade, do nosso coração. Podemos dividir o tempo em outros tantos devotamentos, de acordo com o assunto que o ocupa. Para um cristão todo tempo é de Deus, cuja vontade marca horários e deveres da vocação ou da profissão. Há folgas de tempo e há avarentos dessas folgas. Nunca as conhecem para outros que necessitam de nosso tempo.
Por conseguinte, importa educar os filhos no respeito ao tempo, que tem de ser repartido com Deus, com os deveres e com o próximo. Permitir que massacrem ou profanem o tempo é erro e pecado, também social.
(Mundos entre berços, do Pe. Geraldo Pires de Souza)