segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Reflexão sobre a morte: Sto. Afonso de M. Ligório


Neste quadro da morte, caro irmão, reconhece-te a ti mesmo, e considera o que virás a ser um dia: “Recorda-te que és pó, e em pó te converterás”. Pensa que dentro de poucos anos, quiçá dentro de alguns meses ou dias, não serás mais que vermes e podridão. Este pensamento fez de Jó um grande santo: “À podridão eu disse: tu és meu pai; aos vermes: sois minha mãe e minha irmã”.

Tudo se há de acabar, e se perderes tua alma na morte, tudo estará perdido para ti. “Considera-te desde já como morto, — disse São Lourenço Justiniano — pois sabes que necessariamente hás de morrer” . Se já estivesses morto, que não desejarias ter feito por Deus? Portanto, agora que vives, pensa que algum dia cairás morto.

Disse São Boaventura que o piloto, para governar o navio, se coloca na extremidade traseira do mesmo; assim o homem, para levar a vida boa e santa, deve imaginar sempre o que será dele na hora da morte. Por isso, exclama São Bernardo: “Considera os pecados de tua mocidade e cora; considera os pecados da idade viril e chora; considera as desordens da vida presente, e estremece”, e apressa-te em remediá-la prontamente.

São Camilo de Lélis, ao aproximar-se de alguma sepultura, fazia estas reflexões: Se estes mortos voltassem ao mundo, que não fariam pela vida eterna? E eu, que disponho de tempo, que faço eu por minha alma? Este Santo pensava assim por humildade; mas tu, querido irmão, talvez com razão receies ser conderado aquela figueira sem fruto, da qual disse o Senhor: “Três anos já que venho a buscar frutas a esta figueira, e não os achei” (Lc 13,7).

Tu, que há mais de três anos estás neste mundo, quais os frutos que tens produzido? Considera — disse São Bernardo — que o Senhor não procura somente flores, mas quer frutos; isto é, não se contenta com bons propósitos e desejos, mas exige a prática de obras santas. É preciso, pois, que saibas aproveitar o tempo que Deus, em sua misericórdia, te concede, e não esperes com a prática do bem até que seja tarde, no instante solene quando te diz: Vamos, chegou o momento de deixar este mundo.
Depressa! O que está feito, está feito.

(Preparação para a morte - Santo Afonso M. de Ligório - páginas 13 e 14)

PS: Grifos meus