quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Doutrina Cristã - Parte 11

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

Art. XII. - A VIDA ETERNA. AMÉM.

A vida eterna

63. - Depois do juízo universal, vem a eternidade feliz ou infeliz; aquela é a vida, esta é mais morte que vida. A primeira transcorrerá no Céu; a segunda no Inferno.

Céu

64. - O Céu é o gozo eterno de Deus, nossa felicidade, e nele o gozo de todos os bens, sem mal algum. No Céu, veremos a Deus, possuírem a Deus, gozaremos a Deus e, com Ele e n’Ele, faremos todo bem. O Céu é o prêmio, coroa e mercê que Deus concede a quem O ama e serve fielmente, assim como a quem, tendo embora pecado, se arrependeu do mal cometido, morreu em estado de graça e nesta ou na outra vida deu adequada satisfação a Deus.

Inferno

65. - O Inferno é o padecimento eterno da privação de Deus felicidade nossa; lugar do fogo, de todo o mal sem nenhum bem. Dúplice pena há no inferno: - pena de dano, isto é, privação da vista de Deus; pena dos sentidos, isto é, o tormento do fogo e de todo mal, sem espécie alguma de bem. É de fé a existência do fogo no inferno: - o mau rico pede o refrigério de um pouco de água, porque arde em chama: Jesus Cristo dirá aos condenados no Juízo universal: - "Ide, malditos, para o fogo eterno" (Mat., XXV). O inferno é o castigo que Deus dá aos que correm em culpa grave, ainda que seja num só pecado mortal. 

O Limbo

66. - Além do céu e do inferno, podemos considerar, na vida futura, um terceiro lugar - o Limbo, lugar para onde vão as crianças mortas sem batismo. Ficam privadas da vista de Deus, por estarem mortas pelo pecado original; não sofrerão, porém, a pena dos sentidos. Fruirão, antes, uma felicidade simplesmente natural, que consiste em gozos sensíveis, morais, intelectuais, bons, retos e santos; no gozo do conhecimento e amor de Deus, conhecido apenas com o lume da razão, através de suas obras, e amado como ser infinito, bom, santo, etc.

Purgatório

67. - Entre os novíssimos, não vem enumerado o Purgatório, porque não dá à alma um estado decisivo, mas passageiro; existirá só até o fim do mundo.
O Purgatório é o padecimento temporário da privação de Deus e de outras penas que tiram à alma todo resquício de pecado, para torná-la digna de ver a Deus.
A existência do Purgatório é de fé; temos a definição da Igreja, no Concílio de Trento, definição fundada na Sagrada Escritura e na Tradição autêntica. A Escritura em Marcos XII, 43-46, diz que Judas Macabro, depois de uma batalha, fez uma coleta entre os soldados e a mandou a Jerusalém, para que fosse oferecido um sacrifício pelos pecados dos mortos em combate, porque "é santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados".
Ora, isso não pode verificar-se nem no céu, onde não se entra com pecados, nem no inferno, onde não há redenção; logo, era viva, em Judas Macabeu e nos seus, a crença no Purgatório.
Todos os Santos Padres professaram a fé no Purgatório: - a prática universal dos sufrágios para os defuntos, as inscrições sepulcrais das catacumbas, as disposições da sagrada liturgia para as exéquias nos atestam a Tradição da Igreja acerca da existência do Purgatório. Até as seitas heréticas, que professam esta verdade, nos atestam que ela existia já na Igreja, antes que elas se separassem desta. A própria razão admite a existência do Purgatório: - nada, senão o que é puro, entra no Céu; para o inferno vão só as almas dos mortos em pecado mortal; logo, deve existir um lugar de purificação para as almas dignas do Céu, não condenadas ao inferno.
No Purgatório há a pena de dano, isto é, a temporária privação da vista de Deus, e a pena do sentido, consistindo em várias penas que tiram à alma qualquer resquício de pecado.
Para o Purgatório seguem as almas que morrem em pecado venial ou que têm qualquer débito de pena temporal a descontar, pelos pecados cometidos e confessados.

Amém

68. - A palavra Amém significa em verdade, assim é, assim seja: com ela confirmamos ser verdade tudo quanto professamos no Credo e a nós almejamos a remissão dos pecados, a ressurreição da carne e a vida eterna.