quarta-feira, 24 de julho de 2013

Catecismo do Padre Spirago - Parte 19

Nota do blogue: Acompanhe essa transcrição AQUI.
A alma humana
Deus e suas criaturas (9)

Quais são as relações recíprocas entre corpo e alma humana?

O corpo e a alma humana tem as seguintes relações recíprocas: a alma vivifica e dirige o corpo; o corpo, por sua vez, serve de morada e instrumento à alma.

1) Assim como o vapor atua na maquina, do mesmo modo a alma atua no corpo. Sem a alma o corpo é um cadáver. 2) A alma dirige o corpo como o piloto dirige o navio. Infelizmente, porém, dá-se o caso de, às vezes, deixar-se a alma governar pelo corpo. 3) O corpo é a casa, a alma a inquilina. 4) O corpo é instrumento da alma, como o pincel é do pintor.

Por que a alma é imagem de Deus?

A alma humana é imagem de Deus, porque é espírito semelhante a Deus.

Assim como o globo é a imagem da terra, a alma humana é imagem de Deus. Isto é deduzido das palavras divinas: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança!”. Portanto, nossa alma tem semelhanças particulares com Deus. São as seguintes: a alma possui inteligência, livre arbítrio e domina, consequentemente, o mundo visível. Esta semelhança se chama imagem natural de Deus. Além disso, pode a alma, por uma santa vida e pela graça, se tornar a imagem sobrenatural de Deus, quando se assemelha a Deus de modo mais perfeito. A imagem natural está para a imagem sobrenatural de Deus mais ou menos como um esboço traçado a lápis para a imagem a óleo.

Por onde sabemos que a alma é imperecível?

Sabemos que a alma é imperecível pelas palavras de Jesus Cristo: “Não temam os que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma”.

A alma é imperecível, pois não pode deixar de existir. Contudo, pode morrer, isto é, pode, por um pecado mortal, perder a vida. Neste caso, acontece-lhe como a um ramo; separado do tronco morre (seca), mas continua existindo. O corpo é efêmero; a alma, porém, imortal.

A verdade da imortalidade da alma segue-se 1) das palavras de Cristo: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”, e da parábola do rico avarento. 2) As aparições de mortos, Moisés no monte Tabor e dos defuntos de Jerusalém no dia da morte de N. Senhor, por exemplo, manifestam a duração da alma além da morte. 3) Nossa razão nos afirma que há uma existência depois da morte. Haveria de ficar sem recompensa um justo que a vida inteira foi maltratado? E o malfeitor que, em vida, escapou sempre ao castigo, por exemplo, fugindo para outras terras, haveria de ficar sem a punição merecida? Impossível! 4) Por fim, todos os povos crêem na imortalidade da alma: os judeus (Jacó queria ir ter com seu filho José no reino dos mortos); os germanos (que acreditavam no Walhalla, paradeiro dos soldados mortos); os egípcios (que acreditavam na mentepsicose, transmigração das almas pelos corpos de animais); os indígenas brasileiros (que depositavam alimentos nos sambaquis dos guerreiros mortos). Todos os povos ofereciam sacrifícios pelos seus finados.