terça-feira, 10 de setembro de 2013

Catecismo do Padre Spirago - Parte 42

Nota do blogue: Acompanhe essa transcrição AQUI. Divulgamos todas as transcrições feitas pelo blogue http://catecismopopular.blogspot.com.br/, encerramos assim nossa divulgação com esse post.



A Esperança

Em que consiste a esperança cristã?

A esperança cristã consiste em aguardarmos confiadamente os bens que Cristo nos prometeu em paga da observância da divina vontade.

Deus prometeu ao piedoso Simeão que ele veria o Menino Jesus. Simeão esperou (anelou), sem cessar e a cada momento, a realização da promessa. A esperança é como um telescópio: aproxima coisas distantes. A esperança nasce da fé, como o tronco da raiz. Só esperamos os bens prometidos, porque estamos convictos de que Deus todo-poderoso cumpre a sua palavra. Esta convicção chama-se confiança.

Que bens Deus nos prometeu?

Deus nos prometeu a bem-aventurança eterna e tudo o que é necessário ao corpo e à alma.

Mencionam-se no Pai Nosso os bens prometidos, a saber: 1) A eterna bem-aventurança (2º petição); 2) a graça de Deus para a observância de Sua Santíssima Vontade (3º petição); 3) os bens temporais para a conservação da vida (4º petição); 5) o auxílio nas tentações (6º petição); 6) socorro nas necessidades (7º petição) e 7) o deferimento de nossas suplicas. (Amem)

Em que casos devemos confiar mais em Deus?

Devemos confiar em Deus particularmente nos seguintes casos:

1) Nas necessidades.

Cristo, no sermão da montanha, demonstra como Deus sustenta as aves, veste os lírios e a grama dos campos e continua dizendo: “Não estejais, pois, aflitos a dizer: Que comeremos, que beberemos ou com que haveremos de vestir? ... Pois o vosso Pai sabe de tudo que precisam”. Deus tem, às vezes, a particularidade de demorar. Parece dormir, como cristo na tempestade, ou procede como fez nas bodas de Caná, dizendo: “Minha hora ainda não é chegada”. Quanto mais aguda a necessidade, tanto mais próximo está o auxílio de Deus.

2) Na oração.

Cristo nos prometeu o deferimento de nossas preces, dizendo: “Tudo quanto pedires ao Pai em meu nome, ele vos dará”. “Farei tudo o que me pedirdes em meu nome”. Entretanto, quem confia em Deu, não espere logo os milagres, mas procure conseguir os seus intentos mediante suas forças naturais, porque Deus ajuda a quem faz sua parte no possível.

Que alcança quem confia em Deus?

Quem confia em Deus alcança:

1) Proteção nos perigos.

Diz a S. Escritura: “Deus salva os que nele confiam”. Veja, por exemplo, a história dos três jovens na fornalha ardente. Quem confia em Deus, está alicerçado em solo firme.

2) Coragem e energia nos empreendimentos e sofrimentos.

É o que se vê na luta de Davi com Golias, e nas vidas de Jó e Tobias. A esperança é como uma alavanca, com a qual se erguem facilmente os maiores pesos. É também como uma âncora, que assegura o navio contra o naufrágio na tempestade. Assim, a esperança na recompensa eterna que fortaleceu os santos apóstolos e que dá ânimo aos missionários. A própria esperança de bens terrenos já fortalece, como se pode observar nos agricultores e nos operários.

3) Consolo na porte.

Os santos mártires morriam com alegria. S. Lourenço chegou a ponto de gracejar, ao ser assado sobre uma grelha.

OPOSTO DE ESPERANÇA

Quem é que não possui a esperança cristã?

Não possui a esperança cristã:

1) Quem confia só em suas próprias forças ou nas criaturas.

Tal esperança não é cristã, mas meramente terrena. Essa foi a esperança de Golias. As pessoas que assim procederam serão confundidas como foram os sacerdotes de Baal no monte Carmelo, quando se fiavam absolutamente em Baal. Sua casa não repousa em rochedo mas em areia.

2) Quem entra em desespero, i. e., quem julga que Deus não lhe perdoa os pecados ou não o auxilia nas desgraças.

Assim procederam Judas depois da traição e o rei Saul na batalha, quando duramente acossados pelos inimigos. Os dois casos ressaltam como o desespero conduz ao suicídio. O desespero é uma grande ofensa a Deus, pois quem desespera descrê ou na infinita misericórdia ou na onipotência de Deus.

3) Quem temerariamente presume da misericórdia divina, i. e., quem continua a pecar julgando que Deus, na sua infinita misericórdia, não pode condenar a ninguém.

Tal homem espera de Deus mais do que Ele prometeu, pois deu prometeu a bem-aventurança e os meios de consegui-la somente a quem cumpre a sua vontade. É insensato julgar a Deus como misericordioso, esquecendo de sua justiça.

4) Quem tenta a Deus, i. e., quem temerariamente se expõe a perigos, na confiança que Deus o protegerá.

Assim como o demônio provocou Jesus a atirar-se templo abaixo, da mesma forma provoca ainda hoje. Aos que levianamente se expõem a perigos, as palavras da S. Escritura diz: “Quem ama o perigo, nele perecerá”.