domingo, 16 de junho de 2013

Emprestar-se a Maria!

Nota do blogue: Agradeço ao amigo e leitor Fabrício pelo envio do texto. Deus lhe pague. 


Pe. Júlio Maria de Lombaerde

Entre amigos, que vivem juntos, formando um só coração, uma só alma, há uma coisa que mostra a afeição mútua ao mesmo tempo em que a sustenta e alimenta; é emprestar uns aos outros diversos pequenos objetos, de que se precisa, às vezes, inesperadamente, sem tê-los à mão. E o outro é feliz em emprestar este objeto. Será talvez um livro, um canivete, um instrumento qualquer. E nós, que vivemos perto da Santíssima Virgem, nessa comunhão de todo instante, não nos seria possível emprestar-lhe, às vezes, qualquer coisa?

Delicioso e doce pensamento! Vou emprestar-me a Maria Santíssima.

Ó minha Mãe, eu te empresto as minhas mãos. Digna-te servir-te delas para socorrer todos aqueles que precisarem. Com minhas mãos tu darás, tu guiarás, tu aliviarás.

Eu serei o criado, o escravo, dando, guiando, aliviando com estas mãos, que eu te emprestei.

Querida Mãe, eu te empresto minha língua, serve-te dela para consolar, aconselhar, animar e rezar. Serás tu que farás tudo isso, por minha língua; e eu ainda serei criado, agindo para Ti e sob a tua influência.

Ó Maria, eu te dou minha inteligência. Toma-a e dela te serve para instruir, iluminar; para falar de Ti e a Ti. E eu sempre pobre criado não deixarei entrar nessa inteligência nada, que não seja de Ti e para Ti.

Ó Maria, eu te dou a minha vontade. Ela é fraca, vacilante, inconstante, inclinada ao mal..., mas, pouco importa, eu te empresto esta vontade, para que tu dela aproveites para a maior glória de Deus.

Ó Maria, eu te empresto o meu coração. Tu queres ainda viver entre nós para amar, compadecer, para enxugar as lágrimas. E para assim amar, precisas de um coração, aqui na terra. Toma o meu e nele coloca a tua bondade, tua ternura, tua dedicação e que, em todas as almas, com que tratarei, possa eu derramar um pouco de tua bondade e de teu amor de Mãe.

Ó Maria, eu te empresto o meu ser inteiro, meu corpo, minha alma, minhas faculdades, meus bens espirituais e temporais. Toma tudo, tudo, e serve-te desse tudo, para prestar serviço, para socorrer, para abrigar o pobre, para acalmar as queixas da desgraça e fazer-te conhecer das crianças, às quais não se fala bastante de Ti.

Totus tuus sum ego et omnia mea tua sunt. – Eu te pertenço inteiramente com tudo que é meu.

As conclusões práticas deste empréstimo são das mais consoladoras.

Quando o mundo convidar-nos para participar de seus passageiros e vãos gozos, fiquemos fiéis ao nosso contrato com a doce Virgem e respondamo-lhe: “Não posso; não sou mais senhor de mim; emprestei-me à Mãe de Deus; é a ela, pois que se deve dirigir o convite.”

Quando o demônio nos importunar com suas tentações, digamos-lhe sem hesitação: “Vai, miserável; tens de haver-te com um mais forte do que tu. Não é a mim, mas a Virgem Imaculada, a qual uma vez primeira te esmagou a cabeça e que ainda saberá descobrir e aniquilar tuas armadilhas.”

Quando a carne corrupta e corruptora, excitar em nós suas paixões ardentes, fitemos a Virgem Pura e protestemos altamente que não queremos retomar o que lhe temos emprestado.

Quando, enfim, o desânimo infiltrar-se em nossas veias e ameaçar o vigor de nosso corpo, saibamos levantar a cabeça e o coração para lutar ainda, para sempre lutar, visto ser a Virgem que luta conosco e em nós. E a Virgem é invencível!

Porque desanimar! A vitória é, pois, certa. Pouco importa que a luta seja árdua e os inimigos experimentados.

Mundo, demônio e carne podem nos assaltar, mas só vence, quem quer ser vencido. Aqueles que oram e que se emprestam a Maria, são invencíveis, porque participam das prerrogativas da divina Mãe de Jesus.