domingo, 13 de dezembro de 2009

Mãe e esposa - Estimar o seu estado


Estimar seu estado

Isso significa amar a sua vocação, amar a sua família, amar o seu lar.

- Amar a vocação, como sendo a que Deus, em seu amor, lhe destinou, de preferência a qualquer outra. Toda flor é bela quando perfeita. Deus antes considera o amor do coração que a sublimidade do estado. Quem souber servi-Lo com fidelidade amorosa, ser-lhe-á sempre agradável.

- Amar a família – A família é a herdeira natural da Sagrada Família de Nazaré. O mesmo espírito, as mesmas virtudes devem orná-la e constituir-lhe toda a alegria... Amará o esposo como o representante, como o ministro da autoridade divina. Cercá-lo-á de respeito, assistir-lhe-á com carinho e confiança.

...Amará cristãmente os filhos, isto é, amá-lo-á em Jesus Cristo, que disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os estorveis; porque deles é o reino de Deus” (Mc 10,14). Jesus quis fazer-se Menino, a fim de tornar a infância ainda mais amável, ainda mais digna dos cuidados maternos da caridade divina. O amor materno, para ser perfeito, deve ser sobrenatural, terno e generoso.

A dona de casa será para com os empregados, benevolente, vendo neles membros obedientes de Jesus Cristo, irmãos numa mesma Fé e cidadãos do Céu numa mesma esperança, almas que Deus lhe confiou, para dirigir e sustentar no caminho da salvação.

- Amar o lar – Para sentir-se feliz em casa, a mãe de família deve considerá-la qual outro Nazaré; nela se comprazer, amar-lhe a solidão e o retiro, que a preservam dos escândalos do mundo e a abrigam dos seus perigos; torná-la, por assim dizer, num cenáculo de orações e de graças.

Um dos seus primeiros cuidados será cuidar bem da casa, determinar os deveres de cada qual, zelar pela limpeza e ordem, e pela polidez cristã dos membros entre si, tornando-se ela mesma a alma e o centro de tudo. Sua casa será então qual casa de Deus, onde ela gozará das delícias da paz e da felicidade que dá a virtude.

Servir sua família

A mãe, uma vez convencida da estima e do amor que merece o estado que abraçou, deve sentir forte inclinação a servir sua família. E tal serviço será a norma de sua vida, a matéria e o centro de suas virtudes e a regra da piedade que Deus determina para sua santidade.

- Servir sua família será a norma de sua vida.

A vida da mãe de família é uma vida toda de dependência. Ela sacrifica a Deus, ao tomar estado, sua liberdade e sua vontade, enquanto sua vida passa a ser uma perpétua abnegação; feliz dela se souber tornar essa abnegação meritória e cristã, a exemplo de Jesus Cristo, modelo, em seu Sacramento de Amor, da obediência perfeita, praticada sem glória, sem condições, sem limites.

- Servir sua família será a matéria e o centro de suas virtudes.

- Matéria de suas virtudes. Deus dispôs, para cada estado, da Graça e da matéria da mais alta perfeição. É a lei divina do amor de Deus e do próximo em sua aplicação particular, é a condição absoluta da santidade e da coroa da justiça. As boas obras, enquanto contrariam os deveres de estado, estão fora do caminho, e os desejos piedosos não passam de ilusões. A mãe de família deve, pois, precaver-se contra semelhante tentação, e nunca perder de vista o fim divino que a Vontade de Deus lhe assinalou.

Maria nunca saiu dos limites da vocação simples e escondida que Deus lhe traçara. Dedicou-se exclusivamente aos deveres singelos de esposa e de mãe, aos trabalhos obscuros de sua condição humilde, às virtudes simples e modestas da vida comum. E por isso foi tão agradável a Deus, tão perfeita em seu amor. Feliz da mãe de família que sabe encontrar em seu estado a ocasião da prática de todas as virtudes, e do exercício habitual do amor divino, porque então soube encontrar o reinado de Deus na terra.

Centro de suas virtudes. O amor de Deus se exerce no amor ao próximo. Deus é o princípio e o fim da virtude, e o próximo o seu objeto. As virtudes duma mãe de família se resumem todas na prática duma caridade suave.

- Será, pois, suave em suas relações, em seus atos, tornando-se, assim, para cada qual, como que a expressão patente e sensível da Bondade de Deus, da doçura de sua paternal Providência.
- Será sempre igual, como o móvel divino que a anima: o Amor de Deus.
- Será sempre boa e condescendente, com a Bondade divina que a sustenta.
- Será sempre dedicada, sem esperar gratidão em troca, pois Deus só lhe basta.
- Será sempre mortificada e sempre calma e suave no amor de Jesus Eucaristia.


3º - Servir sua família será a regra de sua piedade.

A perfeição da santidade, sendo a santificação perfeita de sua vocação mãe de família deve visar a esse fim em todas as suas obras espirituais, qual soldado, que emprega toda a ciência, todas as armas e toda a força para o combate. Considerará, por conseguinte, a piedade como o meio sobrenatural de santificar o seu estado, subordinando aos seus deveres os exercícios exteriores. Por isso:

- Ela cuidará de regular e coordenar seus exercícios de piedade, de forma a não prejudicar os deveres essenciais. E se souber economizar o tempo e for ordenada, encontrará sempre o meio de nutrir sua piedade e ao mesmo tempo de se ocupar de tudo convenientemente.

- Saberá sempre, em caso de necessidade, ou de caridade imperiosa, deixar a Deus para o próximo, abandonar a doçura da oração e do repouso para o sacrifício do trabalho, mediante só esta palavra: Deus o quer.

(A Divina Eucaristia – Volume V - São Pedro Julião Eymard)
PS: Grifos meus