quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O Combate Espiritual por Dom Lorenzo Scúpoli – Capítulo IV

Por um indigno escravo de Nosso Senhor

Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo,
e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus
.”
(1 Coríntios 6:19-20)
COMO SE PODE SABER SE TEMOS DESCONFIANÇA DE SI MESMO E A CONFIANÇA EM DEUS

Parece às vezes ao servo presumido, que tem alcançada a desconfiança de si e a confiança em Deus, e em verdade não é bem assim. Apurareis esta verdade a partir do efeito que as quedas produzirão sobre vós.
Porque, se estas quedas vos inquietam e vos afligem, e se elas vos tiraram a esperança de jamais avançar na virtude, isto é um sinal de que não colocastes vossa confiança em Deus, mas em vós mesmos.
E se vossa tristeza é grande e vossa desesperança profunda, isto é uma marca de que haveis muita confiança em vós mesmos e muito pouca no Senhor. De fato,  o homem que em grande parte desconfia de si mesmo e confia em Deus, quando cai, não se espanta, nem se melancoliza, nem se aflige pois reconhece que lhe sucedeu o mal por causa da sua fraqueza e da sua pouca confiança em Deus. Ele encontra nesta queda ocasião de se desconfiar mais e mais de suas forças e contar plenamente com a ajuda do Senhor. Horrorizado com suas  faltas e paixões desregradas, e com grande, quieta e pacífica dor de ter ofendido a Deus, retoma o seu caminho com redobrada coragem e ardor na luta que ele sustentará até a morte contra os inimigos da salvação.
Quisera eu que essas coisas fossem bem consideradas por certas pessoas que, após uma queda, não podem nem querem sossegar; que aspirassem ir o mais cedo possível encontrar seu pai espiritual para que pudessem se descarregar da ansiedade e inquietação que, tão e somente, procede do seu amor próprio. Dele ouvirão que o melhor a se fazer é se aproximarem do tribunal da penitência para se purificarem de suas sujeiras, e depois irem clamar na Santa Comunhão as forças necessárias para não mais caírem no pecado.