terça-feira, 13 de novembro de 2012

Fim primordial do matrimônio

A Igreja e seus mandamentos e sacramentos
por Monsenhor Henrique Magalhães

O fim principal do matrimônio é a geração e a educação da prole.
Recordemos a lição que, a este respeito, nos deu o Santo Padre Pio XI, na sua célebre encíclica - "Casti Connubii" de 31 de Dezembro de 1930.[1]
Deus Criador, na Sua infinita bondade, quis servir-Se dos homens, como cooperadores, para propagar a vida. É o que se depreende das mesmas palavras da Bíblia Sagrada, descrevendo a maravilhosa cena da Criação dos nossos primeiros pais: "crescei e multiplicai-vos e enchei a terra".
Note-se, porém, que esta ordem divina foi dada muito antes do primeiro pecado.
Santo Agostinho, comentando - com a habitual elegância dos seus escritos - as palavras do apóstolo São Paulo a Timóteo, diz: "A opinião de São Paulo é que as núpcias devem ser contraídas por motivo da prole. Quero, continua o bispo de Hipona, quero que as moças se casem, para procriarem os filhos e serem boas mães de família".
Quem reflete seriamente sobre a dignidade humana, quem crê na vida futura e espera que Deus recompense abundantemente o bem praticado no mundo; quem não vê no homem apenas um ser que, de qualquer maneira, há de se esforçar por gozar a vida, mas um futuro cidadão da eternidade, um discípulo de Jesus Cristo que deve sofrer, como seu Mestre, para merecer; quem considera a criatura racional como composta de alma e corpo - o corpo, templo da alma, e a alma, templo de Deus; quem foi educado na verdadeira escola espiritualista católica, ou ao menos crê na imortalidade da alma - não pode deixar de ver na procriação uma bênção de Deus, em favor da humanidade; uma honra insigne para as famílias, que são chamadas a desempenhar a missão de colaboradores do mesmo Criador!
A criatura racional pela excelência da sua natureza, está acima de todos os outros seres da terra. Mais ainda: Deus quer a geração dos homens não só para que eles encham o mundo, mas para que conheçam o seu Eterno Senhor, e O amem, e pratiquem o bem, especialmente a verdadeira caridade que é puro amor e finalmente sejam, pelo mesmo Deus, recebidos em Seu Reino eterno.
Não basta, porém, colaborar na continuidade da espécie. É preciso educar a prole. E essa educação há de ter por base a Religião.
Quantas mães andam esquecidas da grave obrigação que lhes é imposta: encaminhar, desde cedo desde tenra infância, seus filhinhos para, Deus! Quadros de beleza incomparável - tão comuns antigamente é hoje escasseando: as mães, juntando as mãozinhas do seu filho, ensinando-lhe as primeiras orações, traçando com o pequenino o sinal da Cruz, que há de mostrar-lhe sempre a sua dignidade de cristão!
Se a prole, no começo, não se pode prover a si mesma do necessário para a vida física, nem para a vida intelectual - nada pode certamente quanto à vida espiritual. Da grande responsabilidade dos pais. Responsabilidade que não se pode admitir desprezada, quando se trata de cristãos e muito mais ainda de católicos.



[1] As citações estão de acordo com a Encíclica.