terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O culto ao sagrado Coração de Jesus

O culto ao sagrado Coração de Jesus


O culto especial dos cristãos para com o sagrado Coração de Jesus é de todas as devoções a mais antiga. Antes que houvesse os santos Sacramentos e outros objetos de devoção, já a bem-aventurada Virgem Maria venerava o dulcíssimo Coração de Jesus, São José o estreitava nos braços; os pastores e os Magos, Simeão e Ana, os apóstolos e discípulos, a ele e por ele atraídos, prestavam-lhe homenagens de amor.

A devoção ao divino Coração, porém, tomou extraordinário incremento, depois que Jesus, chamando todos os homens a aprender dEle, que é "manso e humilde de coração", extraiu do tesouro do Seu Coração o dom excelente da Sagrada Eucaristia e quis, finalmente, que esse Coração, aberto na Cruz, a todos ficasse patente como asilo. Esta devoção especial, já os apóstolos a espalharam no universo, os Padres da Igreja com ternura a cultivaram e zelosamente lhe teceram encômios. Enfim, os santos de todos os séculos foram discípulos fervorosos do Coração de Jesus.

Quando chegou, porém, a plenitude dos tempos em que o Salvador determinava prodigalizar todas as riquezas do Seu Coração, "apareceu a Sua benignidade" e Ele próprio revelou ser vontade Sua estabelecer o culto especial para com o Seu sagrado Coração, atestando e prometendo derramar abundantíssimas graças sobre quantos se consagrassem de modo particular a tal culto.

O objeto desta devoção é o próprio Coração de Jesus. Como há em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana, porém uma só pessoa divina, o Coração de Jesus Cristo é o Coração da pessoa divina, o Coração do Verbo encarnado. E, como a pessoa divina tem direito a ser honrada com supremo culto, também ao sagrado Coração de Jesus devemos prestar o mesmo culto, por ser inseparável e indivisível da pessoa divina. Tal é a verdade católica que refutou todos os erros contrários.

Resume-se em três pontos o fim desta devoção:

- Correspondermos de todos os modos ao imenso amor de Jesus, simbolizado no Seu Coração que tanto fez e sofreu por nós, e nos concedeu o precioso e suavíssimo Sacramento da Eucaristia.

- Repararmos, quanto nos for possível, pelo fervor da nossa piedade, todas as injúrias que feriram e ainda hoje ferem o sagrado Coração, apresentado por Jesus como sede de todos os Seus afetos.

- Imitarmos o objeto do nosso culto, revestindo-nos dos mesmos afetos e sentimentos que animaram o Seu Coração durante a Sua vida e Paixão e ainda hoje perduram na Sua vida Sacramental e bem-aventurada.

Por sua antiguidade, objeto e múltiplo fim, é evidente ser esta devoção a mais excelente, frutuosa, sólida e consoladora. Resumindo-se a devoção em imitar o que veneramos, pois todos os demais fins se encerram e se praticam na verdadeira imitação...

(Prefácio [excertos] do livro: A Jesus os corações ou imitação do Sagrado Coração de Jesus pelo Pe. Pedro Arnoudt S.J, editora Vozes LTDA Petrópolis, ano de edição 1941)