sábado, 31 de outubro de 2009

Festa de todos os Santos



O Templo de Agripa foi consagrado ao tempo de Augusto a todos os deuses do paganismo e por esse motivo denominado Panteão. Bonifácio IV mandou para lá transladas as ossadas dos Mártires encontradas nas catacumbas e no dia 13 de Maio de 610 dedicou esta Nova Basília ao culto dos Mártires e da Virgem Santíssima.

A festa desta dedicação foi tomando com o tempo caráter mais universal, sendo mais tarde consagrada à Virgem SS. e a todos os Santos. Existindo já, porém, a festa da comemoração de todos os Santos, celebrada primeiramente em dias diferentes nas diversas igrejas e em 835 fixada por Gregório IV no dia 01 de Novembro, Gregório VIII transferiu para esta data a dedicação do Panteão.

A festa de hoje recorda pois e celebra a vitória do Deus verdadeiro sobre as falsas divindades do paganismo. Em razão da sua procedência, a Missa vai buscar numerosos textos à liturgia dos Mártires. A Santa Igreja coloca-nos debaixo dos olhos a admirável visão do Céu, a visão dos doze mil inscritos (12 por ser número perfeito e indicar plenitude) de cada tribo de Israel e da multidão sem conta, procedente de todos os povos, línguas e tribos, todos de pé diante do Cordeiro, revestidos de branco e com palmas na mão.

Jesus Cristo, a Virgem SS., as falanges dos Espíritos bem-aventurados distruídos em nove coros, os Apóstolos, os Mártires envoltos na púrpura do sangue que verteram, os Confessores vestidos de branco, o coro casto das Virgens formam o majestoso cortejo. Compõe-se dos que na Terra andaram pelos passos de Jesus, dos pobres de espírito, dos mansos, dos aflitos, dos que sofreram fome e sede de justiça, dos misericordiosos, dos puros, dos pacientes, dos que foram perseguidos pelo nome de Jesus.

Alegrai-vos, lhe dizia o Mestre, porque a vossa recompensa será grande no Céu.

Entre estes milhares de justos que foram na Terra discípulos fiéis de Cristo encontramos muitos dos nosso parentes, amigos, filhos da nossa terra e da nossa aldeia, os quais participam já da glória do Senhor, Rei dos reis e coroa de todos os Santos. Ao assistirmos à Missa neste dia, lembremo-nos que o sacedórcio de Jesus Cristo na Terra, exercido invisivelmente nos nossos altares se identifica como o que visivelmente exerce no Céu. Os altares da Terra onde reside o Cordeiro de Deus e o altar do Céu onde o mesmo Cordeiro se ostenta de pé e em estado de vítima são um e o mesmo altar.

Toda a Missa procura despertar em nós esta presença do Céu.

(Missal quotidiano e vesperal - Dom Gaspar Lefevbre - 1951)