domingo, 4 de abril de 2010

As mãos de mamãe

As mãos de mamãe


A professora dera como tema para suas alunas o título acima. E explicou como fazê-lo, lembrando as mãos maternas que lavam, costuram, varrem. Era o fio da meada. As crianças debruçam-se sobre os cadernos e escrevem. Tudo pronto. As composições são recolhidas, corigidas.

- Fulana, diz a professora, já somou quantas mãos tem sua mãezinha? Duas para cá, duas para lá, duas aqui e duas ali. Some uma vez!

E a pequena soma em voz alta: "Mamãe tem duas mãos para papai, duas para cada uma de nós que somos oito, duas para a horta, duas para a cozinha, duas para os pobres e... duas para Deus. Tudo vinte e seis mãos!" - Não sabia a professora se o riso ou a comoção deveria tomar conta de seu semblante.

Daqui acho que mãe com vinte e seis mãos tem de ser necessariamente uma benção para os filhos. Mãos que se multiplicam de suas para vinte e seis! Nem faltaram duas para os pobres e duas, indispensáveis, para Deus.

Seria o caso de perguntar às mães que me ouvem às quantas andam a multiplicação de suas mãos. No elogio dado pelo Espírito Santo à mulher ideal, vem mencionado este: "Não comeu seu pão da ociosidade, duas mãos souberam manejar o fuso, acender as luzes, vender e comprar". Vivo repetindo que muito importam duas maternidades na família, que levam o nome de física e espiritual. E as mãos devem servir para uma e outra. Por isso devem desdobrar-se.

Infelizmente hoje há muito desequilíbrio no caso. Mães operárias quase só trabalham com as mãos nas máquinas. Outras, na fartura, deixam-nas ociosas ou lidando apenas com futilidades. Mãos multiplicadas em muitos trabalhos de fábricas, escritórios, empregos. Receio os maus efeitos de mãos que não se multiplicam para os pobres, não se juntam para Deus.

Uma criança, como essa que descreveu as "vinte e seis mãos" de sua mãe, saberá multiplicar também suas mãos futuramente. O exemplo diário ficou-lhe na alma. A originalidade de sua composição provou que as mãos maternas haviam causado impressão a seus olhos de criança.

Sobretudo ao ver que pobres e Deus eram considerados, como expressão do mandamento de amar a Deus e ao próximo. Hoje fala-se em tantos meios de educação moderna, escolas experimentais, etc. A primeira escola, sempre antiga e sempre moderna, é o lar e as lições que nele são dadas. Nada lhes supre a falta. Seu diploma de formatura é o mais indispensável e o mais promissor na vida.

(Excertos do livro: Mundo entre berços - Pe. Geraldo Pires de Souza)

PS: Grifos meus.