sábado, 15 de março de 2014

Reflexão de Columba Marmion para a Sexta-Feira Santa


Tudo é perfeito no sacrifício de Jesus; tanto o amor que O inspira, como a liberdade com a qual Ele o conclui. Perfeito também no dom oferecido: Cristo Se oferece a Si mesmo, inteiro: a alma e o corpo são moídos pelas dores; não há dor que Jesus não tenha conhecido.

Havia tomado para Si todas as iniquidades dos homens e como que as vestira, e no Jardim das Oliveiras, durante a terrível agonia, sentia pesar sobre Si toda a cólera da justiça divina. Previa que para muitos homens Seu sangue seria derramado em vão, e essa visão levava ao cúmulo o amargor de Sua santa alma.

Se lermos com atenção o Evangelho, veremos que os sofrimentos de Jesus foram dispostos de tal sorte, que todos os membros do Seu corpo sagrado foram atingidos, todas as fibras de Seu coração foram rasgadas pela ingratidão da multidão, o abandono dos Seus, as dores de Sua mãe; que a Sua santa alma sofreu todas as avanias e todas as humilhações que se possam infligir a um homem.

Mas Cristo aceitou tudo.

Bebeu o cálice até a lia, realizou até o último jota, ou seja, até o mínimo detalhe, tudo que estava predito para Ele.

Assim, quando tudo estava concluído, quando já esgotara o fundo de todas as dores e de todas as humilhações. Ele pôde proferir o seu Consummatum est. Sim, "tudo está consumado"; só Lhe resta entregar a alma ao Pai: Et inclinato capite, tradidit spiritum.

Prosternemo-nos; adoremos esse crucificado que acaba de dar o último suspiro; Ele é verdadeiramente o Filho de Deus: Deus vero de Deus vero.

Mas, "levado da terra, Ele atrai tudo para Si..."

(Le Christ vie de l'âme, p. 282ss.)