segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dies Irae

Dies Irae


“Dia de ira,
aquele em que o universo será reduzido a cinzas,
segundo as predições de Davi à Sybilla.

Qual não será o terror dos homens,
quando o Soberano Juiz vier perscrutar 
todas as suas ações com rigor!

O som estridente da trombeta
acordará os mortos nas profundezas das sepulturas,
reunindo-os todos diante do Trono do Senhor.

A morte e a natureza ficarão estupefatas,
quando a criatura comparecer para ser julgada
pelo Criador.

Um Livro aparecerá,
onde tudo está escrito,
tudo sobre o que há de versar o julgamento.

Quando o Juiz se assentar no Tribunal,
tudo o que estiver oculto ficará descoberto
e nenhum crime ficará impune.

Infeliz de mim! Que poderei dizer então?
Que protetor procurarei
quando somente o Juiz estará tranqüilo?!

Ó Rei, cuja majestade é tremenda,
mas que salvas gratuitamente os escolhidos,
salvai-me, ó Fonte de Piedade!

Recordai-Vos, ó Piíssimo Juiz,
de que viestes ao mundo por minha causa;
não me condeneis nesse dia.

Ó Vós, que Vos fatigastes em minha procura,
e que para me resgatardes morrestes numa Cruz,
não queirais que fiquem infrutíferos tantos esforços!

Ó Justo Juiz, que castigais com justiça,
concedei-me o perdão das minhas faltas,
antes do dia do julgamento.

Eu choro como réu,
as minhas culpas envergonham-me.
Ó Deus, que as minhas súplicas me alcancem o perdão!

Ó Vós que absolvestes a Madalena,
e ouvistes o Ladrão, 
concedei-me também a mim a esperança!

Bem sei que as minhas preces não são dignas,
mas Vós, que sois bom,
não consintais que eu arda no fogo eterno.

Colocai-me entre os cordeiros,
à Vossa direita;
separai-me dos pecadores.

Livrai-me da confusão e do suplício dos malditos condenados,
e introduzi-me junto dos benditos
de Vosso Pai.

Suplicante, prostrado ante Vós e com o coração esmagado, 
como reduzido a cinzas, eu Vos imploro, ó Senhor,
que tenhais piedade de mim no momento da morte.

Dia de lágrimas,
aquele em que o homem pecador renascerá de suas cinzas
para ser julgado!

Tende, pois, piedade dele, ó meu Deus!
Ó Piíssimo Jesus!
Ó Senhor, concedei-lhe o repouso eterno!"

(Hino Dies Irae, rezado pela Igreja nas Missas de Requiem
aqui apresentado segundo a tradução livre de Mons. Ascânio Brandão
em Tenhamos compaixão das pobres almas!, Editora Ave Maria, II Edição,
São Paulo: 1956, páginas 196-7).